terça-feira, 16 de abril de 2013

"Hobbits" da Ilha de Flores teriam encolhido para sobreviver

Segundo cientistas japoneses, que fizeram um "scanner" tridimensional do crânio de um indivíduo, o Homem de Flores seria um puro produto da evolução local.
Talvez tenha sido porque suas atividades não floresceram em sua ilha da Indonésia, há mais de 12 mil anos, que os chamados "hobbits" de Flores viraram anões, reduzindo o perfil de suas ambições para sobreviver melhor em um ambiente de recursos limitados, afirma um estudo que será publicado esta quarta-feira.
Com cerca de 1 metro de altura e 25 quilos de peso, o "Homo floresiensis", que viveu na ilha de Flores era, ainda, dotado de uma cabeça incomumente pequena em comparação com o corpo, contendo um cérebro de tamanho similar ao de um chimpanzé.
Apelidados de "Hobbits", em alusão aos pequeninos personagens da saga "O Senhor dos Anéis", de J.R.R Tolkien, sua origem e anatomia são o cerne de uma viva controvérsia desde a descoberta de fósseis de alguns deles em 2003.
Espécie à parte ou descendente de outros hominídeos?
Segundo cientistas japoneses, que fizeram um "scanner" tridimensional do crânio de um indivíduo, o Homem de Flores seria um puro produto da evolução local, um descendente perdido do "Homo erectus", que teria progressivamente encolhido através das gerações para adaptar suas necessidades a recursos pouco abundantes.
Este fenômeno de "nanismo insular" já é bem conhecido entre os animais. Os hipopótamos pigmeus que viveram antigamente em Madagascar apresentavam também um cérebro 30% menor em proporção ao seu tamanho.
E graças a vestígios encontrados em uma caverna, sabe-se que o Homem de Flores caçava e comia elefantes pigmeus que certamente passaram pelo mesmo fenômeno evolutivo.
"É possível que um "Homo erectus" de Java tenha migrado para uma ilha isolada e evoluído como "Homo floresiensis" em razão de um nanismo insular marcado", avaliou Yousuke Kaifu, do Museu Nacional da Natureza e da Ciência de Tóquio, que publica seus trabalhos na revista britânica Proceedings of the Royal Society B.
O volume reduzido do cérebro dos "homens pequeninos", 426 centímetros cúbicos, segundo a modelagem realizada por cientistas japoneses contra 860 centímetros cúbicos do "Homo Erectus" e cerca de 1.300 cm³ do homem moderno, seria unicamente vinculado a uma adaptação adquirida ao longo de milênios.
Os cientistas deram, ainda, outras explicações para seu nanismo exacerbado e sua cabeça pequena (microcefalia).
A primeira é que estes "hobbits" descenderiam de um hominídeo mais primitivo que o "Homo erectus", o "Homo habilis", que possuía um cérebro reduzido. Mas nada jamais comprovou que este primata africano tenha posto os pés na Ásia.
A microcefalia do Homem de Flores poderia também ser resultado de uma doença neurológica, o cretinismo, provocada pela falta de tiroxina (hormônio produzido pela tireoide), uma enfermidade que poderia ter sido causada por uma carência ligada a uma dieta alimentar muito pobre em iodo.
Anões talvez, mas não cretinos a ponto de não saber caçar, produzir fogo e usar utensílios de pedra para destrinchar suas presas, contra-argumentam os críticos desta teoria.
Exame.com

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