Uma análise de observações feitas a partir da órbita de Marte sugere que a maioria dos sedimentos presentes na montanha formada por rochas sedimentares estudada pela sonda Curiosity da NASA foram produzidos pela ação do vento e não da água. Caso a hipótese seja confirmada quando a sonda chegar à montanha, no ano que vem, ela pode minar as chances de descoberta de material orgânico no planeta.
Em agosto do ano passado, a Curiosity aterrissou no interior da cratera Gale, que tem 154 quilômetros de largura. Seu principal objetivo é chegar até a montanha formada por rocha sedimentares Aeolis Mons, chamada informalmente de Monte Sharp, que fica no centro da cratera. Alguns pesquisadores suspeitam que a origem de grande parte da montanha, que possui argila e sulfatos em sua base, esteja em sedimentos de um lago. "Caso existam sedimentos de lagos em Marte, eles estariam entre os melhores locais a serem observados", afirma Dawn Sumner, membro da missão da Curiosity na Universidade da Califórnia que defendeu o envio da sonda à Gale, em parte devido a possibilidade de a cratera ter um dia abrigado um lago.
Mas um estudo publicado no dia 26 de março por Edwin Kite, do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, e colegas descreve a formação da montanha em termos muito mais áridos. Os pesquisadores usaram imagens de alta resolução da Órbita de Reconhecimento de Marte da NASA para obter a posição das camadas que estavam expostas em vários pontos ao redor da base da montanha. Em vez de camadas horizontais, como as que se formam a partir de sedimentos de lagos, eles descobriram que elas possuíam uma inclinação externa de 3 graus. Os cálculos da equipe mostram que essa inclinação é compatível com camadas formadas pela poeira trazida pelo vento para o interior da cratera.
A confirmação dessa hipótese significa menos ambientes antigos favoráveis à existência de vida a serem estudados pela sonda. "A presença de mais água é positiva quando o cientista procura por um ambiente que favoreça a existência de vida", afirma Sumner.
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