quarta-feira, 15 de março de 2017

O advogado-robô que dá apoio jurídico a refugiados

Uma tecnologia criada para ajudar motoristas a apelar contra multas de trânsito está sendo usada nos EUA e no Canadá como uma ferramenta de auxílio legal para imigrantes em busca de asilo.
 
Ilustração de juiz-robô
Criado pelo britânico Joshua Browder, o serviço DoNotPay foi apelidado de "primeiro advogado-robô do mundo". Trata-se de um chatbot, um programa de computador que conduz diálogos por intermédio de texto ou comandos de voz, que usa o Facebook Messenger para coletar informações sobre um caso de multa de trânsito antes de produzir recomendações e documentos legais.
Browder, que tem apenas 20 anos e hoje vive nos EUA, onde estuda na Universidade Stanford, adaptou o software para ajudar imigrantes a preencher a documentação para pedidos de asilo e para obter ajuda dos órgãos públicos.
A inspiração veio da história familiar: sua avó paterna foi uma refugiada judia austríaca durante o Holocausto.
 
Chatbot

Consultoria jurídica

O chatbot foi desenvolvido com o auxílio de advogados.
"Uma série de perguntas determina se um refugiado é elegível para proteção legal, de acordo com a legislação internacional. Por exemplo: 'Você tem medo de se torturado em seu país?'", explica Browder ao BBC Trending.
"Uma vez que um usuário saiba que pode pedir asilo, o programa coleta centenas de informações sobre ele e automaticamente preenche um formulário de imigração. Todas as perguntas feitas pelo bot são em inglês simples, e há feedback de inteligência artificial durante a conversa."
O bot sugere maneiras para o interessado responder às perguntas de forma a aumentar as chances de ter o pedido aceito - um exemplo é a dica para descrever as violações de direitos humanos sofridas no país de origem.
Além de preencher formulários, o programa presta informações sobre documentos necessários para o processo e mesmo locais de entrega dos pedidos.
Por enquanto, o advogado-robô está disponível no Facebook Messenger, que pode ser usado também em telefones com sistema Android ou iOS, mas Browder quer expandir o serviço para mais línguas e outros aplicativos, como o WhatsApp.

Será que vai funcionar?

O DoNotPay got foi lançado em março do ano passado e, segundo seu criador, centenas de milhares de pessoas usaram o serviço para questionar multas por estacionamento proibido.
"Quando comecei a dirigir, aos 18 anos, comecei a receber um grande número de multas, e aí criei o serviço. Mas jamais imaginei que, em apenas um ano, ele seria usado para que mais de 250 mil multas fossem canceladas."
Em agosto, o programa foi expandido para ajudar pessoas a encontrar acomodação de emergência.
Mas analistas da indústria de tecnologia creem que a invenção de Browder pode não ter o mesmo sucesso entre pessoas em busca de asilo.
"O chatbot de Browder é um grande exemplo de tecnologia que pode ajudar as pessoas", diz Oliver Smith, jornalista do site especializado em notícias do segmento The Memo.
"Porém, refugiados estão entre os grupos menos conectados da sociedade. Um chatbot pode não ser a melhor maneira de ajudá-los. As pessoas que fugiram de seus países de origem frequentemente sofrem para ter acesso à internet quando estão viajando ou estão em campos de refugiados."
Segundo um estudo da ONU, que considera a conectividade "tão vital para refugiados como comida, água e abrigo", apenas 39% deles têm acesso à internet via celular.
BBC Brasil

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