Quer ver seu filho dormir bem? Que tal proibir o uso e até mesmo a presença de celulares e tablets no quarto à noite? Novos números do Sistema de Saúde do Reino Unido (NHS) mostram que os atendimentos hospitalares de crianças com menos de 14 anos com distúrbios do sono triplicaram na última década. Para muitos especialistas, a culpa é da tecnologia.
Trabalhos mostram que sete em cada dez crianças e nove em cada dez adolescentes britânicos têm pelo menos um dispositivo móvel à beira da cama. Numa conferência nacional de professores ingleses no ano passado, revelou-se que mais da metade dos alunos checa seu celular no meio da noite, depois de ter ido dormir.
Além do impacto que a radiação “azul”, emitida pelas telas dos dispositivos, tem no ciclo do sono, o próprio fator comportamental de estar “ligado”, sempre disponível, deixa os jovens em um estado de excitação quase incompatível com uma noite de sono reparador. Resultado: no dia seguinte, é difícil se manter atento e captar o conteúdo das aulas. Uma piora significativa nas notas não é incomum nesse cenário.
Segundo um trabalho de novembro de 2016 do King’s College London, publicado no periódico Jama Pediatrics, essa sensação de excitação permanente dos mais novos, mesmo que os aparelhos estejam desligados à noite, interfere no seu padrão de sono. Outra pesquisa de 2014, publicada pelo Canadian Journal of Public Health, relacionou a presença de telas de dispositivos móveis no quarto de crianças de 9 a 11 anos com privação de sono e sobrepeso.
Crianças que dormem mal cronicamente, além do impacto no desenvolvimento cognitivo, podem enfrentar uma série de problemas de saúde no futuro, como depressão, obesidade, diabetes, entre outros. A falta de sono dificulta a regulação do apetite e aumenta a vontade por alimentos mais calóricos e ricos em gordura.
É importante lembrar que até os 21 anos o cérebro segue um processo muito ativo de desenvolvimento. E boa parte desse remodelamento neuronal acontece justamente à noite, ao dormir. Sem sono, nossas conexões podem deixar a desejar em termos de atenção, comportamento e memória.
É bom lembrar que quanto mais os pais usam tecnologias dentro de casa maior o risco de os filhos repetirem o mesmo padrão de comportamento em seu quarto. Que tal dar o exemplo, reduzir o uso de telas à noite e ainda ser mais enérgico nas proibições de uso de tecnologia no quarto? Você pode até ficar com fama de chato, mas, provavelmente, eles agradecerão no futuro.
Época.com
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