Zhang e Chen são um jovem casal de Xangai que alguns meses atrás alcançou o ansiado objetivo de adquirir um apartamento. É a 40 minutos de metrô do centro, mas eles terão de esperar 15 anos para quitar o financiamento, apesar de terem pagado 40% de entrada. Os dois trabalham, então desde o começo decidiram contratar uma faxineira para limpar a casa duas vezes por semana. “Até percebermos que máquinas poderiam fazer o trabalho dela de forma mais econômica”, conta ele.
Decidimos testar esse tal robô limpador de janelas, o Cop Rose. Há muitos outros parecidos, incluindo o precursor Windorobot. O Cop Rose, porém, não necessita de duas unidades unidas por um ímã, pois se trata de um aparelho com uma só peça, que faz a sucção com dois potentes ventiladores para aderir às superfícies verticais que irá limpar. Isso tem duas vantagens: ele consegue percorrer superfícies que um ímã seria incapaz de abranger por sua espessura, como a parede da cozinha, e pode operar também na horizontal, sobre o chão ou sobre mesas, e seu funcionamento é mais simples.
Sem dúvida, o aparelho faz seu trabalho. Basta acendê-lo, colocá-lo no vidro, esperar a que a sucção o segure com firmeza e apertar o botão de iniciar. Os dois esfregões circulares que cobrem os ventiladores começam a funcionar e alcançam até 99% da superfície da janela. Automaticamente, o eletrodoméstico procura o limite superior direito – de forma que chega inclusive aonde não chegaríamos –, e então tem início uma divertida coreografia descendente. O tecido apanha a sujeira, enquanto o resto das partículas de poeira é absorvido pelos ventiladores.
Porém, o Cop Rose, assim como outros modelos vendidos na Amazon a preços similares, como o Winbot W730, tem suas limitações. Em primeiro lugar, precisa estar sempre ligado à energia elétrica. Embora inclua um generoso cabo de quatro metros, é possível que haja lugares que não possa acessar, como uma janela enorme ou um local sem tomada por perto. Ele inclui, isso sim, uma bateria que permite manter a sucção durante 20 minutos em caso de interrupção da energia. Nessa situação, ele para, acende a luz vermelha de forma intermitente e emite um assobio agudo para alertar o usuário.
Por outro lado, o Cop Rose deve ser utilizado em superfícies secas. Ou seja, nada de usá-lo em plena chuva. É um fato que também limita de certa forma a capacidade limpadora do aparelho, já que se pode unicamente aspergir levemente um líquido limpa-vidros num dos dois círculos limpadores. A razão é simples: a umidade reduz a capacidade de grudar na superfície e faz com que o aparelho escorregue. No teste que realizamos com excesso de líquido, o robô não caiu, mas deixou zonas sem limpar nas quinas devido a um lento, mas inexorável, deslocamento para baixo, quando se supunha que deveria se deslocar na horizontal. Uma vez mais, o mesmo acontece com outros modelos similares.
Finalmente, nas operações por fora da fachada se recomenda enfaticamente usar o sistema de segurança incorporado, que transforma o Cop Rose numa espécie de alpinista. O aparelho inclui uma corda e um mosquetão que precisa ser ancorar num lugar firme, para evitar que ele caia na rua em caso de perda da sucção. Obviamente, trata-se de um problema que acontece em raríssimas ocasiões, geralmente por alguma imprudência do usuário. No nosso caso, não ocorreu nem sequer quando o utilizamos nos azulejos da cozinha, que não são território idôneo, por causa do acúmulo de gordura e das fendas entre cada azulejo. Nessas condições, porém, o robô deixa grande parte da superfície sem limpar.
Como acontece com os robôs aspiradores de marcas como iLife, o robô limpadores de janelas podem ser controlados à distancia, com um controle muito simples: conta com um botão de liga-desliga, flechas para movê-lo de um lado para outro e três modos de operação, que só se diferenciam pela ordem em que o aparelho se move. Em resumo, não há qualquer dificuldade em operá-lo. “É um aparelho que, numa cidade tão poluída como Xangai, acaba sendo prático, porque antes tínhamos as janelas quase opacas, e limpá-las por fora era complicado e perigoso”, observa Zhang.
Mas a proliferação desses robôs, que também começam a ser usados nas suas versões industriais para limpar os arranha-céus das cidades chinesas, fazem temer por um bom número de postos de trabalho. Chen, que é engenheiro, atesta que a tendência também se dá em grandes fábricas que apostam na automatização como vacina contra os contínuos aumentos salariais na China. “Haverá quem diga que o mesmo já aconteceu com as máquinas de lavar roupa, mas a escala e o leque de trabalhos que os robôs podem realizar agora são incomparáveis. Sua proliferação representa um desafio para a geração de emprego pouco qualificado, que na China ainda é muito necessário.
El País.com
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