domingo, 27 de março de 2011

A odisseia dos patinhos

Quando a empresa americana de produtos infantis The First Years decidiu fabricar patos, sapos, castores e tartarugas de borracha - batizados de Friendly Flotees -, acreditava que eles mergulhariam apenas nas banheiras dos lares de famílias com crianças. Mas os brinquedos acabaram em uma odisséia. Ela começou em 1992, durante o transporte de Hong Kong para os EUA. O contêiner que abrigava os brinquedos, caiu no Oceano Pacífico, deixando à deriva 28.800 animais de borracha colorida.
Desde então, eles percorreram 80.000 km em alto-mar. E continuam até hoje sua jornada náutica. A história inspirou o livro "Moby Duck" (trocadilho do clássico Moby Dick com o termo "duck", pato na tradução do inglês), do americano Donovan Hohn. O trabalho, lançado no mês passado, faz o mais completo levantamento da história dos patinhos de borracha que percorreram mais léguas que Cristóvão Colombo.
O incidente poderia ser mais um exemplo de poluição no mar. Todos os anos cerca de 10 mil cargas levadas por navios caem no oceano, espalhando substâncias tóxicas no mar. E peças de plástico e borracha que matam golfinhos, baleias e tartarugas engasgados.
O que torna a jornada dos brinquedos importante para a ciência é o local onde caíram no mar. Na região, as correntes marítimas fazem um ciclo completo entre a costa da América e a Ásia, o Giro Subártico. Embora o giro fosse conhecido, ninguém sabia quanto tempo um objeto flutuante levaria para completá-lo. Hoje, graças aos patinhos de borracha, sabe-se: 3 anos.
Os brinquedos já fizeram a viagem oito vezes. A maior parte deles continua unida, embora alguns tenham se desgarrado para outras correntes marítimas.
Agora, 19 anos depois do extravio do contêiner, os patinhos flutuantes fascinam mais pela jornada que percorrem do que pela capacidade de fornecer  informações novas sobre o oceano, pois com o avanço da tecnologia, os centros de pesquisa estudam as correntes marítimas por meio de boias rastreadas por satélites.
Mas, se  não dispõem de diferenciais tecnológicos, os Friendly Flotees surpreendem pela durabilidade.
Fonte: Época.com 

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