A Coreia do Norte concordou em suspender seu programa de testes nucleares e o enriquecimento de urânio e permitir a entrada de inspetores internacionais para verificar as atividades de seu principal reator. Pyongyang cedeu à pressão do governo dos Estados Unidos, que ofereceu 240 mil toneladas de alimentos ao país.
O acordo foi anunciado nesta quarta-feira (29) pelo Departamento de Estado americano e confirmado por um escritório da agência estatal norte-coreana KCNA. Essa é a primeira decisão do governo norte-coreano no cenário internacional desde que Kim Jong-Un assumiu o lugar do pai, o ditador Kim Jong-Il, morto em dezembro.
As negociações que levaram ao acordo ocorreram em Pequim, na semana passada. O objetivo da reunião era fazer Pyongyang voltar ao diálogo sobre o desarmamento do regime comunista. Além dos Estados Unidos, as conversas envolvem Coreia do Sul, Japão, China e Rússia. Os resultados do encontro, que inicialmente foi visto como pouco frutífero, só vieram à tona nesta quarta-feira, depois que as propostas foram levadas pelos negociadores norte-coreanos a Pyongyang e analisadas pelo governo de Kim Jong-Un.Desde a morte de Kim Jong-Il autoridades internacionais, agências de inteligência e especialistas especulam sobre como um jovem de menos de 30 anos (ele teria 28 ou 29 anos), do qual até então pouco se sabia, comandaria o país mais fechado do mundo. Dias depois da morte de Kim Jong-Il, o governo da Coreia do Norte soltou um comunicado afirmando que o regime não mudaria. O anúncio desta quarta-feira, porém, destoa da posição do país nos últimos anos (os inspetores nucleares internacionais foram expulsos em 2006). Apesar de não terem sido divulgados prazos para a suspensão do programa nuclear norte-coreano nem para a visita dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o acordo é um passo importante para a redução da tensão gerada pelas manobras militares de Pyongyang na região, que vive sob o temor de uma guerra que não acabou. "Os Estados Unidos ainda têm grandes preocupações sobre a postura da Coreia do Norte em relação a diversos assuntos, mas o anúncio de hoje reflete um importante, ainda que limitado, progresso em solucionar alguns deles", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland.A exigência da Coreia do Norte para que as 240 mil toneladas, que o governo de Barack Obama insistia que fossem entregues apenas com o selo de ajuda humanitária, fossem incluídas no acordo dá um sinal de que os norte-coreanos não vão apenas ceder sem suas condições. No âmbito interno, certamente, os alimentos chegarão como uma conquista de Kim Jong-Un para seu povo. No cenário internacional, a decisão mostra que a Coreia do Norte está de volta à mesa para negociar.
Época.com
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