A camada de gelo do continente antártico pode ser uma fonte importante, embora esquecida, de metano, um gás efeito estufa com potencial de aquecimento global 21 vezes maior do que o do CO2. É o que sugere um relatório publicado na revista Nature por uma equipe internacional de cientistas.
O estudo demonstra que, ao longo de milhares de anos, a matéria orgânica que se acumulou em bacias sedimentares abaixo da camada de gelo da Antártica pode ter sido convertida em metano pelo processo de decomposição anaeróbica, realizado por microorganimos capazes de viver sem oxigênio. E alerta: o derretimento do gelo pode liberar milhões de toneladas desse gás na atmosfera e agravar o aquecimento global.
"É fácil esquecer que há 35 milhões de anos, quando o atual período de glaciação da Antártica começou, este continente era repleto de vida", disse o co-autor da análise, Slawek Tulaczyk, professor de ciências da Universidade da Califórnia, nos EUA. "Alguns dos materiais orgânicos ficaram aprisionados em sedimentos, e nosso modelo mostra que ao longo do tempo micróbios podem ter transformado o carbono da matéria orgânica em metano".
O estudo estima que metade da camada de gelo da Antártica Ocidental, com cerca de 1 milhão de Km², e um quarto do manto da Antártica Oriental (2,5 milhões de km²) estão localizados sobre bacias sedimentares que somam 21 bilhões de toneladas de carbono orgânico.
A equipe de cientistas das universidades de Bristol, no Reino Unido, de Utrecht, na Holanda, da Califórnia, nos EUA, e de Alberta, no Canadá, usou modelos e cálculos matemáticos para simular o acúmulo de metano nas bacias sedimentares da Antártica. Segundo eles, o manto de gelo Antártico pode constituir um componente previamente negligenciado do inventário de metano global.
Exame.com
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