Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos detectou pela primeira vez, por meio
de um telescópio no Polo Sul, as "ondas gravitacionais primordiais" que foram
geradas após a criação do universo com o Big Bang.
Essa descoberta, digna de Prêmio Nobel segundo os especialistas, foi
anunciada pelo Centro Harvard-Smithsonian para a Astrofísica de Massachusetts e
divulgada nesta segunda-feira, 17, pela revista britânica Nature.
De acordo com a informação divulgada pela publicação, a equipe dirigida por
John Kovac conseguiu perceber pela primeira vez, por meio do telescópio BICEP2,
instalado no Polo Sul em um pequeno pedaço de céu, essas ondas gravitacionais.
Elas são consideradas o Santo Graal da cosmologia por provarem diversas
teorias.
A descoberta destas pequenas ondulações de energia, que seriam imperceptíveis
para o olho humano, demonstraria a teoria do "período inflacionário" apresentada
em 1980 pelo físico teórico Alan Guth, do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts.
O chamado "período inflacionário" seria um breve lapso de tempo durante o
qual o universo multiplicou milhares de vezes seu tamanho, passando de menor que
um átomo até as dimensões de uma bola de futebol. Essa teoria dependia de achar
as ondas gravitacionais geradas ao iniciar esse período de expansão depois do
Big Bang, há 13,8 milhões de anos. Segundo a teoria, o "período inflacionário"
ou de expansão se produziu no primeiro instante de vida do universo.
Teoria da relatividade. As ondas gravitacionais, previstas
por Albert Einstein com a teoria da relatividade para explicar a gravidade, mas
de cuja existência não se tinham provas, foram descobertas pelo Telescópio BICEP
(Background Imaging of Cosmic Extragalactic Polarization), instalado no Polo
Sul. Esse telescópio estuda a radiação cósmica de fundo (CMB), os ecos que ainda
nos chegam do Big Bang.
Segundo a Nature, o BICEP2 capturou uma instantânea dessas minúsculas
ondulações no tecido do espaço-tempo produzidas pelo Big Bang na CMB.
O fato de que o "período inflacionário", um fenômeno quântico, produz ondas
gravitacionais "demonstra que a gravidade tem uma natureza quântica como outras
forças fundamentais conhecidas da natureza", destaca a publicação.
Segundo Kovac, as consequências mais importantes da descoberta das ondas
gravitacionais, que se apresentará em breve ao escrutínio da comunidade
científica, são para a teoria da inflação do Universo e para "a condição
quântica da gravidade".
Estadão.com
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