quinta-feira, 27 de março de 2014

Um novo El Niño pode trazer mais recordes climáticos este ano

Imagem de satélite mostra a região do Pacífico com temperaturas mais altas no auge do El Niño de 1998 (Foto: NOAA)

Quem ficou impressionado com as últimas manifestações de impactos climáticos não viu nada. Há cada vez mais indícios de que um nova onda de eventos climáticos realmente extremos vem aí a partir do mês que vem. Tudo por causa da possível chegada de um grande El Niño, o período de aquecimento do oceano pacífico, que afeta todo o clima da Terra.
Os brasileiros continuam sofrendo os efeitos da dupla crise de água e de energia provocada por nossa incapacidade de gerir recursos abundantes e agravada pela estiagem anormal. A estiagem aparentemente não tem relação com as mudanças climáticas. Mas o calor recorde em algumas capitais pode ter sido piorado pelo aquecimento global.
No hemisfério norte, apesar de uma onda de frio concentrada em parte da América do Norte, o resto das regiões em geral viu um inverno extremamente quente. Os último trimestre foi o décimo mais quente já registrado no planeta.
Isso tudo acontece em um período de relativa calmaria no clima. Nos últimos 10 a 13 anos, as temperaturas médias da atmosfera da Terra pararam de subir. Ela chegaram a um platô elevado e estacionaram ali. Como se o aquecimento global tivesse dado uma pausa.
Segundo os cientistas, a pausa faz parte do ciclo natural do planeta. O clima da Terra tem vários ciclos de larga escala. Um deles é a alternância entre o El Niño (período em que o Pacífico fica quente) e La Niña (quando fica mais frio). Essas fases duram dois ou nove meses e se alternam em períodos de 2 a 7 anos. Pelo seu tamanho e pelo calor específico da água, o que acontece com a superfície do oceano Pacífico influencia o clima do resto do planeta.
O ciclo de aquecimento do Pacífico está ligado a outro fenômeno da Terra. São ventos que empurram o calor adicional da atmosfera para o mar. Nos últimos anos, esses ventos funcionaram a toda jogando o excesso de calor da atmosfera para o fundo dos oceanos. Com isso, as camadas mais profundas do mar continuaram esquentando, mesmo que a atmosfera não desse sinais disso. Como o mar responde por mais de 90% do clima da Terra, esse calor uma hora ou outra vai voltar para a superfície e reacelerar o aquecimento global que sentimos na pele.
Isso está para ocorrer nos próximos meses, segundo alguns observadores científicos. A comissão oficial do Peru que acompanha o El Niño disse na semana passada que espera um deles começando em abril. O Peru acompanha o fenômeno de perto porque ele afeta a indústria pesqueira do país. As chances são de 60% segundo o centro de clima da Universidade Columbia, nos EUA. Ou 75%, segundo um estudo da Universidade Justus Liebig, na Alemanha. A NOAA, agência de oceanos e atmosfera dos EUA, também prevê boas chances de um El Niño a caminho este ano. O mapa abaixo. As observações mostram que o Pacífico na altura do Equador está esquentando rapidamente. O mapa abaixo (de fevereiro) mostra onde está mais frio (em azul) e mais quente (em vermelho) do que a média.
Mapa da NOAA mostra as regiões mais quentes e mais frias do Pacífico (Foto: NOAA)

O gráfico abaixo mostra as anomalias de temperatura no Pacífico. Ele indica o quanto as temperaturas do oceano se distanciam da média do século XX. O que chama atenção dos pesquisadores é o aumento rápido de temperatura de fevereiro a março.

Gráfico da NOAA mostra a variação de temperatura no Pacífico. O calor no mar aumentou desde fevereiro (Foto: NOAA)

O último El Niño forte, de 1998, gerou um dos anos mais quente desde que começaram os registros. E recordes de eventos extremos. O El Niño relativamente fraco de 2010 somado ao aquecimento global foi o bastante para produzir o ano mais quente dos registros. Um El Niño fraco agora pode gerar mais distúrbios climáticos pelo planeta. Um El Niño forte, nem se fala.
Época.com

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