O negociador climático das Filipinas que fez greve de fome na reunião do IPCC do
ano passado pediu, em artigo no jornal britânico The Guardian, que todos os
governos se juntem na luta contra o aquecimento global."Pessoas em todo o mundo
já estão sentindo as mudanças climáticas. Infelizmente, poucos governos e
grandes corporações estão levando esse assunto a sério", disse Naderev Saño,
principal delegado do país.
Na última reunião do painel, Saño foi às lágrimas ao pedir, durante a sessão
de abertura da 19ª Conferência do Clima da ONU, em Varsóvia, na Polônia, por
metas mais ambiciosas de redução das emissões de gases de efeito estufa, assim
como por financiamento climático para medidas de adaptação e de compensação para
os países que já estão sofrendo com as mudanças climáticas. Na época o país
estava se reconstruindo depois da passagem do tufão Haiyan, que matou mais de 10
mil pessoas.
No texto publicado nesta terça-feira, 25, no The Guardian, ele diz o país
está até hoje devastado depois da passagem do tufão. "Milhares de pessoas
morreram e milhões perderam suas casas e suas formas de sustento. Minha própria
família testemunhou a tempestade de perto."
Ele afirmou que uma crise alimentar se aproxima com os piores impactos das
mudanças climáticas e que eventos nas Filipinas mostram como os sistemas
alimentares estão despreparados para o desafio. "Em 2050, mais 50 milhões de
pessoas - o equivalente à população da Espanha - vão correr risco de passar fome
por causa das mudanças climáticas."
Saño pediu a cooperação de todos os países, principalmente na ajuda aos mais
pobres e mais vulneráveis, para impedir que milhões de pessoas sofram com a fome
nas próximas duas décadas por causa dos impactos do aquecimento global, "que já
estão ocorrendo".
"Precisamos também de redução urgente e ambiciosa de emissões para evitar uma
descontrolada crise alimentar global, que poderia ter graves repercussões para a
vida de nossos filhos. Nossa dependência de energia suja fica no caminho de uma
solução global para o problema das alterações climáticas e dos alimentos. Temos
que acabar com essa 'gula' de combustíveis fósseis", afirmou no artigo do The
Guardian. "Estamos em guerra contra as mudanças climáticas e contra a fome. É
uma guerra que não nos podemos dar ao luxo de perder. Mas também uma guerra que
acredito que podemos vencer juntos."
Estadão.com
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