segunda-feira, 31 de março de 2014

IPCC: o calvário climático nos cinco continentes e como evitá-lo

Homem observa casa destruída pela passagem da tempestade Sandy, em Queens, NY, em 31.10.2012



O aquecimento global não tem misericórdia, é preciso agir — e rápido. Esta é a conclusão da segunda parte do quinto relatório do IPCC, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que traça um cenário sombrio para o futuro da humanidade, marcado por secas, enchentes, conflitos e danos agrícolas sem precedentes.
Lançado neste domingo, em Yokohama, no Japão, o documento, que trata dos impactos e adaptações às mudanças climáticas, constata que ninguém será poupado dos efeitos das catástrofes de um mundo em aquecimento.
Considerando a alta de temperatura de 2º C a 4 ° C, até 2100, em relação aos níveis pré-industriais, o Painel calculou o risco de exposição nos cinco continentes e regiões específicas do planeta, em função das atuais políticas de adaptação à mudança climática.
O documento reúne o estado da arte das pesquisas científicas sobre clima no mundo e servirá para nortear políticas e tomadas de decisão, como a definição de um novo acordo global de redução de emissões pós-Kyoto, em 2015.
No novo relatório, os cientistas do clima não ficam apenas no alarmismo e apontam como é possível evitar o pior a partir de soluções do presente. Falta saber, qual caminho seguiremos.

África

Desafio 1:
risco de estresse hídrico, em caso de alta na temperatura de 2º C a 4 ° C.
Como evitar: uso mais inteligente dos recursos hídricos.
Desafio 2: risco de escassez de alimentos.
Como evitar: desenvolvimento de culturas tolerantes a estresses; ajuda governamental para os pequenos agricultores.
Desafio 3: risco de aumento de doenças transmitidas por mosquitos e pela água mal tratada.
Como evitar: implementação de sistemas de alerta antecipado sobre ocorrência de surtos e melhoria no saneamento básico.
Seca na Somália
Europa
Desafio 1: aumento das inundações causadas por cheias de rios e nas áreas costeiras.
Como evitar: melhorar a proteção contra as inundações, com preservação de vegetação e áreas naturais que funcionam como barreira e também lançar mão de intervenções de engenharia.
Desafio 2: estresse hídrico e aumento da seca (risco alto em caso de elevação de 2ºC na temperatura, e muito elevado, em caso de mais 4° C).
Como evitar: reduzir o desperdício de água, inclusive por meio de irrigação agrícola, com sistemas mais eficientes no consumo desse recurso.
Desafio 3: ondas de calor mais intensas e poluição do ar extremamente prejudicial à saúde (risco alto em caso de 2º C a mais, e muito alto para 4°C).
Como evitar: reduzir as emissões de poluentes e gases efeito estufa para melhorar a qualidade do ar e adaptar casas e locais de trabalho para lidar com ondas de calor, através de sistemas inteligentes.


Enchente na Europa central, em 4 de junho de 2013
Ásia

Desafio 1:
danos causados por inundações em casas e na infraestrutura urbana das cidades afetadas.
Como evitar: construções mais resistentes e planejamento da localização de novos projetos construtivos.
Desafio 2: aumento de mortes provocadas pelo calor extremo.
Como evitar: fortalecer os sistemas de saúde e melhorar o planejamento das cidades para reduzir a formação de ilhas de calor.
Desafio 3: desnutrição causada pela seca; risco médio em caso de aumento de 2ºC e alto, para 4ºC.
Como evitar: Reforçar a vigilância sobre o abastecimento de alimentos e melhorar os sistemas de prevenção de catástrofes.
Enchente na China em junho de 2011
Australásia (região que abrange a Austrália, a Nova Zelândia, a Nova Guiné e algumas ilhas menores da parte oriental da Indonésia)
Desafio 1: danos aos recifes de coral e perdas de espécies animais e de plantas.
Como evitar: reduzir as pressões sobre os ecossistemas, principalmente a poluição, melhorar a gestão do turismo na região e o controle sobre espécies invasoras.
Desafio 2: aumento de inundações em função da elevação do nível do mar, com prejuízos para a infraestrutura costeira; risco médio em caso de mais 2ºC, e muito alto em caso de 4ºC.
Como evitar: uso de terra e solo mais resistentes para reduzir a exposição a inundações e à erosão costeira.
Pôr do sol em recife de coral na ilha Wilson
América do Norte

Desafio 1: aumento de incêndios florestais, com prejuízos para os ecossistemas e cidades afetadas.
Como evitar: melhorar as medidas de prevenção de incêndios
Desafio 2: incremento de mortes por ondas de calor.
Como evitar: incentivar o uso de refrigeração residencial e construção de centros de refrigeração para os mais vulneráveis
Desafio 3: tempestade mais fortes e destrutivas, com danos para a infraestrutura urbana e propriedades particulares.
Como evitar: instalar sistemas de drenagem que permitam o escoamento da água para recarregar recursos hídricos subterrâneos, minimizando, assim, o risco de inundação.
Bombeiros combatem incêndio nos EUA
América do Sul e Central

Desafio 1:
estresse hídrico em áreas semiáridas que dependem das geleiras para seu abastecimento de água.
Como evitar: melhorar o abastecimento de água e o uso da terra.
Desafio 2: inundações em áreas urbanas por chuvas extremas.
Como evitar: melhorar a gestão de inundações urbanas, com melhorias nos sistemas de alerta de emergência e nos radares meteorológicos.
Desafio 3: redução da produção agrícola e perda de qualidade.
Como evitar: desenvolver variedades de culturas alimentícias resistentes à seca.
Moradores desabrigados pela cheia em Porto Velho
Regiões polares

Desafio 1: ameaça aos ecossistemas decorrente das mudanças de permafrost, perda de neve e gelo.
Como evitar: melhorar o monitoramento desses riscos.
Desafio 2: insegurança alimentar e a falta de água potável confiável e segura.
Como evitar: melhorar os sistemas de monitoramento e mudança para regiões menos vulneráveis.
Desafio 3: os impacto nas comunidades do Ártico.
Degelo na região do Ártico
Pequenas ilhas Desafio 1: perda de moradias, áreas de cultivo, infraestrutura e dos meios de subsistência em função da elevação do nível do mar e tempestades.
Como evitar: instalar proteções costeiras e melhorar a gestão dos recursos hídricos e do solo.
Desafio 2: perda de terras baixas nas zonas costeiras pela exposição ao aumento do nível do mar e tempestades.
Como evitar: não construir novos edifícios em áreas de risco.
Ilhas Maldivas
Exame.com

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