sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

2016: Alerta de um ano com muita chuva no verão brasileiro e calor intenso em todo o planeta

Guia de Sobrevivência - Clima (Foto: .)
Meteorologistas e especialistas em clima afirmam que teremos um verão com fortes tempestades. E que o ano de 2016 poderá ser um dos mais quentes já registrados no planeta.
 As chuvas abundantes previstas para o verão têm relação com o fenômeno do El Niño. Ele provoca o aquecimento da superfície do Oceano Pacífico na faixa tropical e influencia a atmosfera de todo o planeta. O El Niño ocorre a cada dois ou sete anos. Esse é um dos mais fortes já registrados, diz o meteorologista Alexandre Nascimento, do Climatempo. “Em geral, esse fenômeno climático provoca chuva demais no Sul e escassez de água no Nordeste e em parte das regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste”, afirma.
O verão já mostrou sua cara em dezembro. No dia 13, a cidade de São Luiz do Paraitinga, em São Paulo, recebeu 65 milímetros de chuva em apenas uma hora. É aproximadamente um terço do que seria esperado para o mês inteiro. Apesar de trazerem risco de enchentes e desabamentos, essas chuvas têm o potencial para recuperar um pouco dos depauperados reservatórios.
Mas além do El Niño existem outros fatores que influenciam o clima em escala global e que prometem fazer de 2016 um dos anos mais quentes da história. Um dos principais fatores de longo prazo é o aquecimento global provocado pela emissão de gases como o carbônico (da queima de combustíveis fósseis e florestas). Porém, o aquecimento global não segue um ritmo constante. Ele é modulado pelo comportamento dos oceanos. “São os mares que realmente determinam o que acontece com a atmosfera”, diz Nascimento, do Climatempo. Cerca de 75% da superfície do planeta azul é mar. E a água tem grande poder calorífico. A sucessão de anos mais frios ou mais quentes é em boa parte efeito de uma alternância ainda não totalmente compreendida de fases do Oceano Pacífico. Ele alterna momentos em que retira calor da superfície e guarda nas camadas mais profundas do mar. Isso esfria o planeta todo. E outros em que joga calor na superfície, esquentando o planeta. Esse ciclo, chamado Oscilação Decadal do Pacífico (ODP), compreende períodos de vários anos. Está ligada às tendências de longo prazo do clima da Terra. Entre 1980 e 2003, a ODP aquecia o planeta. Nesses anos, batemos recordes sucessivos de temperatura na Terra. Foi a grande aceleração do aquecimento global. Entre 2003 e 2013, o Pacífico passou a absorver o excesso de calor da superfície. Nesse período, o aquecimento global se estabilizou.
Agora podemos estar entrando em uma nova fase do Oceano Pacífico. A agência de atmosfera e oceanos dos Estados Unidos, a Noaa, faz projeções do comportamento da ODP para as próximas décadas. Segundo elas, o Pacífico voltou a jogar calor na superfície, e essa fase deve durar até 2025. “Se a direção da ODP virou, o aquecimento do planeta vai se acelerar”, diz Xang-Ping Xie, climatologista da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Soma-se a isso um efeito temporário de aquecimento provocado pelo El Niño. O ano de 2014 já configurou um novo recorde histórico. Os primeiros meses de 2015 apontam que ele pode ser ainda mais quente. E 2016 também. O Met Office, instituto de previsão do tempo britânico, diz que 2016 será o ano mais quente já registrado, batendo 2015 e 2014. Segundo Ed Hawking, climatologista da Universidade de Reading, no Reino Unido, essa sequência de recordes colocaria o planeta na faixa mais pessimista das previsões de aquecimento do IPCC, painel da ONU para mudanças climáticas. Uma nova fase de aquecimento acelerado do planeta pode estar em curso e deve durar cerca de dez anos.
Época.com

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