sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Pesquisa sugere canto da Via Láctea como melhor aposta para buscar vida fora da Terra

 
Aglomerados antigos e repletos de estrelas encontrados em um canto da Via Láctea são uma boa aposta na busca por vida extraterrestre inteligente (Seti, na sigla em inglês), de acordo com uma pesquisa apresentada no encontro da Sociedade de Astronomia americana.
Devido à abundância de estrelas, esses "aglomerados globulares" sempre foram um dos queridinhos do campo.
Mas tentativas recentes de esmiuçar o espaço em busca de planetas orbitando estrelas não tiveram sucesso em aglomerados globulares.
Agora, porém, dois astrônomos dizem que há bons motivos para continuar a busca.
Rosanne Di Stefano, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos Estados Unidos, e Alak Ray, do Instituto de Pesquisa Fundamental, na Índia, descreveram o que chamaram de "oportunidade do aglomerado globular".
Com uma idade média de 10 bilhões de anos (muito superior à do Sol, com 4 bilhões), aglomerados globulares não têm muitas estrelas jovens, ricas em elementos metálicos necessários para fazer planetas.
Mas durante participação no 227º encontro da Sociedade de Astronomia americana, Di Stefano disse que pesquisas recentes haviam descoberto exoplanetas (planetas que orbitam outras estrelas que não o Sol) - especialmente os pequenos e rochosos, parecidos à Terra - em torno de estrelas muito menos ricas em metal que nosso Sol.
E se isso aconteceu uma vez...
"Quando as pesquisas sobre vida alienígena começaram, nos anos 1950 e 1960, ainda nem sabíamos se havia exoplanetas" disse ela.
"Agora podemos usar a informação que reunimos de outras descobertas de planetas - e há mais de 2 mil planetas conhecidos hoje - para perguntar se é provável que eles estejam em aglomerados globulares."
Di Stefano usou o exemplo do PSR B1620-26 b, às vezes chamada de "Methuselah". É o único exoplaneta identificado até o momento que orbita uma estrela - ou, no caso, duas - em um aglomerado globular.
"Acho que a maior parte de nós diria que a descoberta desse planeta indica que deve haver outros planetas naquele aglomerado", disse.
Além disso, Di Stefano e Ray identificaram um "ponto ideal" nas dimensões de aglomerados globulares.
Como a maioria das estrelas são velhas, anãs vermelhas e frias, qualquer planeta habitável teria que orbitar muito perto delas para manter água líquida.
Se manter molhado, porém, não é o único desafio para um planeta em que a vida seja viável em um aglomerado globular. Uma bola com um milhão de estrelas a apenas 100 anos-luz de distância é um forte tumulto de forças gravitacionais que poderiam desintegrar o Sistema Solar.
BBC Brasil

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