quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O que a Nasa tenta mudar no avião para enfrentar o aquecimento global


Ele nunca voará pelo céu azul, mas o caminhão Peterbilt empoeirado, estacionado em frente a um hangar do Centro de Pesquisa Aérea Armstrong da Nasa, pode representar o futuro da aviação com baixas taxas de carbono.
Presa a suportes de aço atrás da cabine do caminhão há uma asa de pouco mais de 9 metros, a mesma de um pequeno avião; porém, em vez de ter um ou dois motores queimando combustível fóssil, ela é equipada com 18 motores elétricos, cada um com uma pequena hélice vermelha.
O híbrido faz parte de um projeto da Nasa chamado LeapTech que visa testar uma nova abordagem de combustível aéreo: quando técnicos e engenheiros dirigem o caminhão pelo leito seco de um lago dessa base no deserto, a mais de 110 km/h, as hélices movidas a bateria giram como em uma decolagem iminente.
"Somos capazes de simular configurações de decolagem e aterrissagem completas e medir sustentação, resistência, eficiência do motor e desempenho aerodinâmico", disse Sean Clarke, engenheiro e principal pesquisador do projeto.
O conceito, chamado propulsão distribuída, é um dos vários sendo estudados neste e em outros centros de pesquisa para desenvolver tecnologias que resultem em projetos de aeronaves completamente novos e muito menos poluentes. Os aviões do futuro poderão ser alimentados por baterias ou sistemas híbridos gasolina/eletricidade, por exemplo, e ter asas mais leves que mudem rapidamente de forma a lidar melhor com as tensões provocadas por turbulências. Outros podem eliminar o modelo convencional de asas e fuselagem por um que combine os dois elementos, tudo para contribuir com a diminuição de emissões.
A aviação comercial é responsável por cerca de dois por cento do total global de dióxido de carbono liberado anualmente pela atividade humana, ou um pouco menos do que é produzido pela Alemanha. Embora fabricantes e companhias aéreas tenham melhorado a eficiência das viagens -- o Grupo de Ação de Transporte Aéreo, uma organização do setor, estima que as emissões por assento/milha tenham diminuído 70 por cento desde a década de 60, quando os jatos começaram a operar -- o enorme crescimento da indústria resultou em emissões totais mais elevadas.
E esse crescimento não dá sinais de que vá parar. A Organização Internacional da Aviação Civil (OIAC), agência das Nações Unidas que supervisiona o setor, prevê que a frota comercial mundial irá dobrar nos próximos 15 anos, chegando a cerca de 40 mil aviões. E um relatório recente da Comissão Europeia observou que, conforme os países e outras indústrias diminuem suas emissões, a aviação poderia eventualmente ser responsável por mais de um quinto do total global.
Embora o setor tenha sido deixado de fora do acordo sobre o clima adotado em Paris no mês passado -- essa omissão fez alguns ambientalistas se perguntarem se o acordo era realmente "histórico" --, reduzir as emissões continua a ser uma prioridade para a OIAC, disse um porta-voz. Entre outras iniciativas, a agência deverá aprovar normas de certificação que visam limitar as emissões de CO2 em novas aeronaves.
Logo no começo deste ano, nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental começou a regular as emissões de gases de efeito de estufa das aeronaves.

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