terça-feira, 29 de março de 2016

"Reconstrução" de Palmyra é ilusório, segundo especialistas



"Especialista da Unesco duvida da possibilidade de se reconstruir Palmyra".

A historiadora Annie Sartre-Fauriat, membro do grupo de especialistas da Unesco para o patrimônio sírio, duvida da "capacidade de se reconstruir Palmyra", depois de ver as destruições e os saques no local e no museu, também "devastado" pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
"Todo o mundo se entusiasma porque Palmyra foi libertada, entre aspas, mas não se pode esquecer de tudo que foi destruído e da catástrofe humanitária do país. Estou perplexa com a capacidade, inclusive com a ajuda internacional, de reconstruir Palmyra", disse a historiadora especialista em Oriente Médio.
Annie integra o grupo de especialistas constituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em 2013 sobre o patrimônio sírio.

Sartre-Fauriat integra o grupo de especialistas constituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2013 sobre o patrimônio sírio.
"Quando ouço dizer que se vai reconstruir o templo de Bel, me parece ilusório. Não se pode reconstruir algo que se encontra em um estado de escombros e de pó. Construir o quê? Um templo novo? Talvez haja outras prioridades na Síria antes de reconstruir as ruínas", observa.
Além da cidadela do século XIII, arrasada durante os combates na cidade, foram destruídas duas joias de Palmira, os templos de Bel e de Baalshamin, assim como o Arco de Triunfo, algumas torres funerárias e o Leão de Al-Lat.
'Pérola do deserto' Conhecida como "a pérola do deserto", Palmira tem mais de 2.000 anos de antiguidade. É considerada Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco.
O responsável por Antiguidades e Museus da Síria disse à AFP, que serão necessários pelo menos cinco anos para reabilitar os monumentos destruídos, ou danificados em Palmira, ocupada pelos radicais, durante dez meses.
"Se tivermos a aprovação da Unesco, serão necessários cinco anos para restaurar os imóveis destruídos e danificados, declarou Maamun Abdelkarim.
"Temos pessoal qualificado, temos conhecimento e estudo, mas é necessária a aprovação da Unesco, e poderemos começar os trabalhos em um ano", acrescentou.
 

Museu saqueado
"Também será necessário que a guerra acabe e o sítio seja protegido", afirma Sartre-Fauriat.
 Segundo Sartre-Fauriat, que recebe sem parar novas fotografias e vídeos diretamente da região, "muitos vestígios têm de ser dados por perdidos".
Em um vídeo recebido, vê-se pela primeira vez o interior do museu de Palmira, transformado em tribunal. De acordo com fotografias, "os personagens das tampas dos sarcófagos foram martelados, todas as estátuas, derrubadas, decapitadas, quebradas...", lamentou a especialista.
Típicas de Palmira, as lápides "foram arrancadas de forma selvagem das paredes, provavelmente para serem vendidas pelo Daesh no mercado de arte", apontou.
 
Especialista da Unesco duvida da possibilidade de se ...


 Vista geral da antiga cidade síria de Palmira em foto do domingo (27). Estado Islâmico controlava a região e destruiu parte dos monumentos da cidade considerada patrimônio da humanidade (Foto: Maher Al Mounes / AFP)

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