A combinação de hábitos como tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas com outros fatores como distúrbio do sono pode ser a principal causa das doenças não transmissíveis.
Mais de dois terços das mortes registradas todos os anos são decorrentes de doenças cardiovasculares, cânceres, diabetes e doenças respiratórias crônicas, classificadas pela medicina como doenças não transmissíveis crônicas (DNTC). Um estudo, publicado recentemente na revista científica Plos Medicine, indica que essas mortes podem ser facilmente evitadas com um estilo de vida mais saudável. O artigo, realizado por pesquisadores australianos, revelou que hábitos como o tabagismo e o alto consumo de bebidas alcoólicas, aliados a outras más condutas (como distúrbio do sono), podem ser as principais causas das DNTC. "Este estudo reafirma a importância de estilos de vida saudáveis, principalmente para adultos por volta de 45 anos e mais velhos", explicaram os pesquisadores.
Estilo de vida - Ao longo de seis anos, a equipe observou 231.048 participantes australianos a partir dos 45 anos e apuraram os estilos de vida de cada indivíduo. Ao traçar e combinar cada tipo de hábito adotado por eles, os pesquisadores apontaram que 7,2% dos participantes eram fumantes, 19,1% consumiam mais de 14 copos de bebidas alcoólicas por semana, 22,9% não praticavam atividades físicas, 17,2% tinham uma dieta pobre, 25% permaneciam mais de 7h por dia sentado e 23,1% dormiam pouco ou muito tempo. Dos pacientes que participaram da pesquisa, 15.635 morreram antes de 15 de junho de 2014. Os maiores índices de risco foram reportados em homens, pessoas com mais de 80 anos, não casados ou que moravam sozinhos e os que tinham baixa escolaridade.
Parar de fumar
O tabagismo foi um dos hábitos mais fortemente associados à mortalidade, segundo a pesquisa. Além de diversos tipos de câncer (como o de pulmão e boca), fumar pode causar doenças respiratórias. Uma pesquisa recente, publicada na revista científica JAMA Internal Medicine, mostrou que mais da metade das pessoas consideradas saudáveis por testes de função pulmonar são diagnosticadas com problemas respiratórios quando examinadas por ferramentas mais precisas. "Os fumantes que fazem testes de função pulmonar e têm resultados considerados normais, frequentemente são diagnosticados com doenças respiratórias, incluindo os primeiros estágios da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) quando analisados por outros exames", explica Elizabeth Regan, um das autoras do estudo e professora de medicina no National Jewish Health. A DPOC é uma condição progressiva na qual as paredes das vias aéreas engrossam e se tornam cheias de cicatrizes e estreitas, causando falta de ar, tosse e catarro.
Reduzir o consumo de álcool
O hábito isolado de consumir altas doses de álcool tem relações indiretas com as doenças não transmissíveis crônicas e, se associado a outros maus hábitos, aumenta a chance de mortalidade. Entre as combinações de fatores mais “prejudiciais” à nossa saúde, revelada pelo estudo de Melody Ding, está o consumo de mais de 14 copos de bebidas alcoólicas por semana associado ao sedentarismo. O efeito mais grave do álcool no nosso organismo é a cirrose, que atinge o fígado depois de entrar na corrente sanguínea. A cirrose hepática, por sua vez, é um dos principais fatores de risco do câncer de fígado, que entra na categoria de doenças não transmissíveis crônicas.
Reduzir o tempo sentado
Ficar mais de 7 horas sentado foi o hábito mais citado pelos participantes do estudo – e também pode ser um grande fator de risco. Esse costume gera problemas circulatórios e, posteriormente, pode causar a morte por doenças cardiovasculares. A inatividade provocada pelo excesso de tempo sentado provoca mudanças prejudiciais nos músculos e aumenta o nível de gordura no sangue, o que pode levar a uma série de problemas. O impasse não pode ser resolvido apenas com exercícios: estudo desenvolvido na Universidade de Sydney mostrou que os efeitos nocivos existem mesmo para o indivíduo que costuma praticar atividades físicas regularmente. Além dos exercícios e boa alimentação, para evitar esses problemas é preciso diminuir o período no qual permanecemos sentados.
Praticar exercícios
Além de gastarem horas sentados, os recrutados para a pesquisa ainda disseram que eram sedentários. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a inatividade física é um dos grandes fatores de risco para doenças crônicas, como as apresentadas pelo estudo liderado por Ding. O sedentarismo pode ser causador de doenças cardíacas, diabetes e até mesmo câncer. De acordo com pesquisa realizada nos últimos anos, aumentar os níveis de atividade física entre a população mundial em 10% poderia evitar mais de 500.000 mortes ao ano em todo o globo.
Melhorar a dieta
Os pesquisadores australianos consideraram que uma dieta pobre tem baixo consumo de frutas e vegetais e alta ingestão de gordura saturada e sal. Estudo realizado recentemente mostrou que a dieta ocidental – rica em carne vermelha e processada, laticínios gordurosos, e grãos refinados – pode aumentar em 2,5 vezes o risco de morte em pacientes com câncer de próstata, uma das DPOC registradas no estudo de Melody Ding. Por outro lado, uma alimentação rica em vegetais, frutas, grãos integrais e óleos saudáveis possui um efeito protetor no organismo, reduzindo o risco em 36%.
Dormir bem
Pessoas que sofrem de distúrbios do sono – que passam ao menos 14% do tempo em que dormem com baixos níveis de oxigênio, provocados quando a respiração é interrompida – apresentam o dobro de risco de morte causada por câncer do que indivíduos que não sofrem do distúrbio. Pesquisas realizadas nos últimos anos também mostraram que as pessoas que dormem menos de seis horas por dia podem desenvolver maior risco de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), mesmo sem um histórico de doenças cardiovasculares.
Veja.com
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