Reunidos em uma cúpula da ONU em Hyderabad, Índia, os governos concordaram em dobrar o financiamento até 2015 para que países pobres revertam a perda crescente de recursos naturais. O acordo foi concluído após longas noites de duras negociações sobre a extensão e o prazo da nova ajuda, na mesma semana em que 400 plantas e animais foram adicionados à "lista vermelha" de espécies em risco de extinção.
Os governos expressaram preocupação em um documento publicado no encerramento da reunião da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) de que "a falta de recursos financeiros suficientes" esteja comprometendo os esforços para conter o declínio das riquezas naturais de que os seres humanos dependem para se alimentar, abrigar e manter seus estilos de vida.
Eles instaram uns aos outros "a considerar todas as fontes e meios possíveis que possam ajudar a alcançar o nível de recursos necessários".
Em uma conferência realizada em Nagoia, no Japão, há dois anos, os países da ONU adotaram um plano de 20 pontos para reverter a perda da biodiversidade até 2020.
As chamadas Metas de Aichi para a Biodiversidade incluem reduzir à metade a perda de hábitat, expandir áreas terrestres e aquáticas em conservação, evitar a extinção das espécies na lista de wameaçadas e restaurar ao menos 15% dos ecossistemas degradados.
Mas o plano tem encontrado barreiras na falta de financiamento para conservação, principalmente em países pobres que lutam contra a inflação, a pobreza e o desemprego em um momento de crise financeira internacional.
Ministros e vice-ministros de 77 países negociaram a essência do financiamento em Hyderabad, sul da Índia, entre quarta e sexta-feira, no encerramento da conferência de duas semanas.
Eles acabaram concordando em dobrar os recursos vinculados à biodiversidade para países em desenvolvimento até 2015, tendo como base uma média anual de financiamento no período 2006-2010 - e manter este nível até 2020. O número tomado como base não foi revelado.
Em contrapartida, os países em desenvolvimento deverão apresentar garantias sobre a utilização dos fundos e implementar estratégias nacionais, proporcionando os meios para preservar a biodiversidade.
"É a primeira vez na história que há um acordo que fixa um objetivo financeiro internacional em favor da biodiversidade", comemorou a ministra francesa da Ecologia, Delphine Batho.
Julia Marton-Lefèvre, diretora geral da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), também saudou "progressos positivos para alcançar objetivos adotados há dois anos". "Esses esforços precisam agora de ser ampliados com urgência com financiamentos adequados de todas as fontes possíveis", ressaltou ela em um comunicado.
Para o WWF, por outro lado, o componente financeiro é "decepcionante, porque não é o suficiente para atingir os alvos ambiciosos" adotados em Nagoia.
Durante a assembleia plenária de encerramento, o Canadá destacou que não concordava com este compromisso, mas sem bloquear o processo.
Alguns meses depois da cúpula Rio+20, decepcionante para a proteção dos oceanos, a conferência permitiu progressos para a proteção das espécies marinhas em alto-mar, cada vez mais expostas aos pescadores e às companhias de petróleo.
Cerca de cinquenta zonas consideradas sensíveis no Pacífico, no Caribe e no Mediterrâneo foram definidas. Elas devem servir de base para a formação de eventuais áreas marinhas protegidas.
A próxima conferência será realizada em 2014, na Coreia do Sul.
IGCiência
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