Um aparelho de teletransporte, uma injeção indolor, um sensor que, passado sobre o corpo, diagnostica várias doenças. Equipamentos capazes de realizar essas proezas já estão por aí, mas continuam parecendo obra de ficção. Há mais de quatro décadas, eram inimagináveis, exceto para os criadores e roteiristas do seriado de tevê “Jornada nas Estrelas” (Star Trek). O programa original, exibido entre 1966 e 1969, contava as aventuras pelo espaço do Capitão James T. Kirk e sua tripulação dentro da nave Enterprise, no ainda longínquo século XXIII.
TELETRANSPORTE
Em “Jornada nas Estrelas”, o “transportador” movia pessoas de um
local para outro em segundos. Na vida real, uma equipe de cientistas europeus
teletransportou partículas a uma distância de 143 km usando lasers
Em “Jornada nas Estrelas”, o “transportador” movia pessoas de um
local para outro em segundos. Na vida real, uma equipe de cientistas europeus
teletransportou partículas a uma distância de 143 km usando lasers
A saga intergaláctica continua tão forte no imaginário coletivo que, mesmo tendo a série original acabado há mais de 40 anos, continua gerando eventos temáticos. O mais recente foi o Destination Star Trek, uma convenção encerrada no domingo 21 em Londres. Nela, atores conversaram com os fãs e foram exibidos figurinos, peças dos cenários e objetos futuristas para a época. Um dos motivos para o sucesso duradouro é que as tramas exibidas na telinha eram convincentes, mesmo sendo fantasiosas. “A série nunca subestimou seus espectadores. Não apenas a ciência mostrada era explicada, como a história tinha uma continuidade, visual e conceitual”, diz Larry Nemecek, ator, autor de livros e consultor de documentários sobre a série. Também trabalhou como roteirista de um dos episódios de “Jornada nas Estrelas – Voyager”, a quarta encarnação da série original.
“Na minha opinião, a série respeitava a ciência real. Astronomia, planetas, estrelas e a extensão da nossa galáxia foram tratados de forma única”, diz David Batchelor, fã da franquia e tecnólogo aeroespacial no Centro de Voos Espaciais Goddard, da Nasa. “Ela inspirou cientistas e engenheiros que eu conheço hoje a seguir essa carreira. Graças à série, outros estudantes foram influenciados a entrar para áreas como a medicina ou a Ciência da computação", afirma.
“Na minha opinião, a série respeitava a ciência real. Astronomia, planetas, estrelas e a extensão da nossa galáxia foram tratados de forma única”, diz David Batchelor, fã da franquia e tecnólogo aeroespacial no Centro de Voos Espaciais Goddard, da Nasa. “Ela inspirou cientistas e engenheiros que eu conheço hoje a seguir essa carreira. Graças à série, outros estudantes foram influenciados a entrar para áreas como a medicina ou a Ciência da computação", afirma.
Ao respeitar conceitos científicos, o criador da série, Gene Roddenberry, e seus roteiristas acabaram prevendo muitas tecnologias que só iriam se tornar reais anos ou décadas mais tarde. “É difícil encontrar um dispositivo ou tecnologia imaginados em “Jornada nas Estrelas” que não tenha sido reproduzido pela ciência ou que pesquisadores não tenham pelo menos tentado imitar”, diz Nemecek.
O “comunicador” nada mais é do que o nosso celular. O PADD, dispositivo sensível ao toque, pode ser comparado aos tablets atuais. Os “phasers”, armas que emitiam feixes de energia, lembram os tasers, que imobilizam o alvo ao disparar uma descarga elétrica. Tomografia computadorizada, scanners e ressonância magnética são parentes dos equipamentos médicos à disposição de Kirk, Spock e demais tripulantes.
O “comunicador” nada mais é do que o nosso celular. O PADD, dispositivo sensível ao toque, pode ser comparado aos tablets atuais. Os “phasers”, armas que emitiam feixes de energia, lembram os tasers, que imobilizam o alvo ao disparar uma descarga elétrica. Tomografia computadorizada, scanners e ressonância magnética são parentes dos equipamentos médicos à disposição de Kirk, Spock e demais tripulantes.
Até coisas mais banais hoje, como análises de banco de dados, pareciam futurísticas na série. “No episódio ‘Semente do Espaço’, um criminoso é identificado por registros em um computador. Essas cenas certamente inspiraram departamentos policiais a pressionar por equipamentos mais modernos, que fazem isso hoje”, opina David Batchelor. “Roddenberry foi policial antes de trabalhar na tevê, então talvez essa fosse uma de suas fantasias”, diz.
Tecnologias mais avançadas, como dispositivos de invisibilidade, teletransporte e “dobras espaciais” – meio de propulsão de naves mais rápido do que a luz –, encontram um paralelo com a ciência real, ainda que em estágios preliminares de pesquisa. A série também deu suas “viajadas” e cometeu equívocos. “Em ‘O Inimigo Interior’, o Capitão Kirk é duplicado ao passar pela máquina de teletransporte, dividindo-se entre um gêmeo ‘bom’ e o outro ‘ruim’. Isso não é nada realista”, afirma Batchelor.
Mas, no geral, os roteiristas conseguiram não só inventar criaturas cheias de personalidade, com suas fraquezas e pontos fortes, como também imaginar um universo convincente. “Gene Roddenberry queria que os espectadores acreditassem em seus personagens e naquele cenário futurístico”, diz Nemecek. Acabou indo além. Passadas mais de quatro décadas, a série continua inspirando cientistas no mundo todo, pois a jornada tem de continuar.
IstoÉ.com
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