domingo, 21 de outubro de 2012

James Bond segue antecipando tecnologias que viram realidade

O engenheiro suíço Frank Rinderknecht já nem se lembra mais de quantas vezes assistiu ao filme 007 – O Espião que me Amava, de 1977. Mas de uma cena ele não se esquece: Roger Moore, o James Bond da vez, pilotando o arrojado Lotus Esprit debaixo d’água. Admirador confesso do espião criado pelo escritor britânico Ian Fleming, Rinderknecht não sossegou enquanto não criou, ele mesmo, seu próprio modelo subaquático. “Levei 30 anos imaginando como transformar aquele sonho em realidade. Demorou, mas valeu a pena”, orgulha-se o engenheiro, que apresentou o sQuba, o primeiro carro-submarino do mundo, no Salão Internacional do Automóvel de Genebra, em 2008. O modelo projetado pela empresa Rinspeed é capaz de fazer até 6 km/h a uma profundidade de 10 metros. “Seria possível construir o sQuba em série, só que precisaríamos investir muito para fazê-lo seguro e confiável e o veículo custaria caro”, pondera seu inventor.
        Se o sQuba não está à venda, outros apetrechos aparentemente mirabolantes de James Bond ganharam vida no mercado, como os óculos de raios X usados por Pierce Brosnan em O Mundo não é o Bastante, de 1999. Um modelo similar que enxerga através de roupas sintéticas, vidros escuros e envelopes de papel pode ser comprado, a US$ 149, no site da David Steele Enterprises. “Depois que vi o filme, passei meses à procura de uns óculos assim e percebi que eles não existiam. Com muita pesquisa e um pouco de sorte, desenvolvi meu protótipo e descobri que, afinal de contas, os produtores do filme não estavam assim tão loucos quanto imaginei”, brinca o empresário Don Bassler. O jetpack (aquele foguete acoplado às costas para escapar dos vilões) de 007 Contra a Chantagem Atômica (1965) e o girocóptero de Com 007 só se Vive Duas Vezes (1967) são outros exemplos de criações que já migraram para a realidade.
No ano em que a série completa meio século nas telas e ganha seu 23º filme, Operação Skyfall, com estreia prevista para 26 de outubro, o agente secreto reaparece para provar, entre outras coisas, que está sempre usufruindo da vanguarda tecnológica. “Os gadgets se tornaram sinônimo de James Bond graças ao cinema. Às vezes, eram puro exagero, como o minissubmarino em forma de jacaré de 007 contra Octopussy, mas, em outras ocasiões, antecipavam uma realidade que só estaria disponível para o público dali a décadas”, diz o jornalista Eduardo Torelli, autor do livro Sexo, Glamour & Balas (Opera Graphica), bíblia dos bondmaníacos. “A primeira vez que o cinema mostrou um pager, por exemplo, foi em Moscou contra 007, de 1963. E o próprio jet-ski de O Espião que me Amava foi tomado como piada por muitos críticos quando o filme chegou à tela, no final dos anos 1970”, exemplifica. Segundo Torelli, o uso e abuso dos gadgets por 007 não foi ideia do escritor Ian Fleming e, sim, sugestão de um leitor.
        Em 1956, o major Geoffrey Boothroyd escreveu uma carta ao autor, sugerindo que Bond trocasse a pistola Beretta por uma Walther PPK, arma que ele utiliza até hoje. Em retribuição, Fleming fez de Boothroyd um personagem: Q, o integrante do MI6 responsável por criar os artefatos de última geração que tantas vezes salvaram a vida de James Bond. Justiça seja feita, boa parte daquelas cenas sensacionais em que 007 escapa do inimigo não seria possível sem uma ajudinha hi-tech do discreto e simpático Q.
        Sumido dos dois últimos filmes (ambos estrelados por Daniel Craig, o sexto ator a dar vida e charme ao agente secreto a serviço de Sua Majestade), o personagem retorna em Operação Skyfall. A exemplo do 007, que já encarnou as mais diferentes personas, como o espirituoso (Roger Moore), o politicamente correto (Timothy Dalton) e o sisudo (Pierce Brosnan), Q também foi adaptado ao século 21. No lugar do veterano Desmond Llewelyn, morto em 1999, o jovem Ben Wishaw imprime um ar geek ao armeiro do serviço de inteligência britânico.
Na nova história, o protagonista vai desfrutar de outro Aston Martin, carrão que já é indissociável da franquia, um celular de última geração e uma pistola com leitor ótico para a palma da mão, que lhe concede direito exclusivo de disparo. “Por enquanto, esse modelo não existe. Foi desenvolvido especialmente para o cinema. Mas, no futuro, quem sabe?”, diz Karl-Heinz Luther, vice-presidente da indústria de armas alemã Carl Walther GmbH. Alguém duvida?
Galileu.com

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