segunda-feira, 31 de março de 2014
IPCC: o calvário climático nos cinco continentes e como evitá-lo
O aquecimento global não tem misericórdia, é preciso agir — e rápido. Esta é a conclusão da segunda parte do quinto relatório do IPCC, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que traça um cenário sombrio para o futuro da humanidade, marcado por secas, enchentes, conflitos e danos agrícolas sem precedentes.
Lançado neste domingo, em Yokohama, no Japão, o documento, que trata dos impactos e adaptações às mudanças climáticas, constata que ninguém será poupado dos efeitos das catástrofes de um mundo em aquecimento.
Considerando a alta de temperatura de 2º C a 4 ° C, até 2100, em relação aos níveis pré-industriais, o Painel calculou o risco de exposição nos cinco continentes e regiões específicas do planeta, em função das atuais políticas de adaptação à mudança climática.
O documento reúne o estado da arte das pesquisas científicas sobre clima no mundo e servirá para nortear políticas e tomadas de decisão, como a definição de um novo acordo global de redução de emissões pós-Kyoto, em 2015.
Ele dá continuidade à primeira parte do IPCC, divulgado em setembro de 2013, que fazia um diagnóstico físico das transformações climáticas em curso.
No novo relatório, os cientistas do clima não ficam apenas no alarmismo e apontam como é possível evitar o pior a partir de soluções do presente. Falta saber, qual caminho seguiremos.
África
Desafio 1: risco de estresse hídrico, em caso de alta na temperatura de 2º C a 4 ° C.
Desafio 1: risco de estresse hídrico, em caso de alta na temperatura de 2º C a 4 ° C.
Como evitar: uso mais inteligente dos recursos hídricos.
Desafio 2: risco de escassez de alimentos.
Como evitar: desenvolvimento de culturas tolerantes a estresses; ajuda governamental para os pequenos agricultores.
Desafio 3: risco de aumento de doenças transmitidas por mosquitos e pela água mal tratada.
Como evitar: implementação de sistemas de alerta antecipado sobre ocorrência de surtos e melhoria no saneamento básico.
Europa
Desafio 1: aumento das inundações causadas por cheias de rios e nas áreas costeiras.
Como evitar: melhorar a proteção contra as inundações, com preservação de vegetação e áreas naturais que funcionam como barreira e também lançar mão de intervenções de engenharia.
Desafio 2: estresse hídrico e aumento da seca (risco alto em caso de elevação de 2ºC na temperatura, e muito elevado, em caso de mais 4° C).
Como evitar: reduzir o desperdício de água, inclusive por meio de irrigação agrícola, com sistemas mais eficientes no consumo desse recurso.
Desafio 3: ondas de calor mais intensas e poluição do ar extremamente prejudicial à saúde (risco alto em caso de 2º C a mais, e muito alto para 4°C).
Como evitar: reduzir as emissões de poluentes e gases efeito estufa para melhorar a qualidade do ar e adaptar casas e locais de trabalho para lidar com ondas de calor, através de sistemas inteligentes.
Ásia
Desafio 1: danos causados por inundações em casas e na infraestrutura urbana das cidades afetadas.
Desafio 1: danos causados por inundações em casas e na infraestrutura urbana das cidades afetadas.
Como evitar: construções mais resistentes e planejamento da localização de novos projetos construtivos.
Desafio 2: aumento de mortes provocadas pelo calor extremo.
Como evitar: fortalecer os sistemas de saúde e melhorar o planejamento das cidades para reduzir a formação de ilhas de calor.
Desafio 3: desnutrição causada pela seca; risco médio em caso de aumento de 2ºC e alto, para 4ºC.
Como evitar: Reforçar a vigilância sobre o abastecimento de alimentos e melhorar os sistemas de prevenção de catástrofes.
Australásia (região que abrange a Austrália, a Nova Zelândia, a Nova Guiné e algumas ilhas menores da parte oriental da Indonésia)
Desafio 1: danos aos recifes de coral e perdas de espécies animais e de plantas.
Como evitar: reduzir as pressões sobre os ecossistemas, principalmente a poluição, melhorar a gestão do turismo na região e o controle sobre espécies invasoras.
Desafio 2: aumento de inundações em função da elevação do nível do mar, com prejuízos para a infraestrutura costeira; risco médio em caso de mais 2ºC, e muito alto em caso de 4ºC.
Como evitar: uso de terra e solo mais resistentes para reduzir a exposição a inundações e à erosão costeira.
América do Norte
Desafio 1: aumento de incêndios florestais, com prejuízos para os ecossistemas e cidades afetadas.
Desafio 1: aumento de incêndios florestais, com prejuízos para os ecossistemas e cidades afetadas.
Como evitar: melhorar as medidas de prevenção de incêndios
Desafio 2: incremento de mortes por ondas de calor.
Como evitar: incentivar o uso de refrigeração residencial e construção de centros de refrigeração para os mais vulneráveis
Desafio 3: tempestade mais fortes e destrutivas, com danos para a infraestrutura urbana e propriedades particulares.
Como evitar: instalar sistemas de drenagem que permitam o escoamento da água para recarregar recursos hídricos subterrâneos, minimizando, assim, o risco de inundação.
América do Sul e Central
Desafio 1: estresse hídrico em áreas semiáridas que dependem das geleiras para seu abastecimento de água.
Desafio 1: estresse hídrico em áreas semiáridas que dependem das geleiras para seu abastecimento de água.
Como evitar: melhorar o abastecimento de água e o uso da terra.
Desafio 2: inundações em áreas urbanas por chuvas extremas.
Como evitar: melhorar a gestão de inundações urbanas, com melhorias nos sistemas de alerta de emergência e nos radares meteorológicos.
Desafio 3: redução da produção agrícola e perda de qualidade.
Como evitar: desenvolver variedades de culturas alimentícias resistentes à seca.
Regiões polares
Desafio 1: ameaça aos ecossistemas decorrente das mudanças de permafrost, perda de neve e gelo.
Como evitar: melhorar o monitoramento desses riscos.
Desafio 2: insegurança alimentar e a falta de água potável confiável e segura.
Como evitar: melhorar os sistemas de monitoramento e mudança para regiões menos vulneráveis.
Desafio 3: os impacto nas comunidades do Ártico.
Pequenas ilhas Desafio 1: perda de moradias, áreas de cultivo, infraestrutura e dos meios de subsistência em função da elevação do nível do mar e tempestades.
Como evitar: instalar proteções costeiras e melhorar a gestão dos recursos hídricos e do solo.
Desafio 2: perda de terras baixas nas zonas costeiras pela exposição ao aumento do nível do mar e tempestades.
Como evitar: não construir novos edifícios em áreas de risco.
Exame.com
Tecnologia é capaz de gravar imagens de sonhos e memórias
Para que os pensamentos fossem reconstruídos através de imagens, os cientistas utilizaram aparelhos de ressonância magnética funcional, responsáveis por localizar as áreas mais utilizadas pelo cérebro durante momentos como os sonhos e a reminiscência de memórias.
As informações foram armazenadas em um computador capaz de converter as frequências em blocos 3D de pixels. Com a ajuda de uma acervo de 18 milhões de vídeos do YouTube, os pesquisadores conseguiram transformar os fragmentos cerebrais em imagens reais. Apesar dos registros não contarem com definição perfeita, parecendo borrados, é possível reconhecer rostos e expressões, como sorrisos.
“Essa é uma forma de leitura da mente”, afirmou o neurobiólogo Marvin Chun, da Universidade de Yale, no artigo publicado neste mês na revista científica NeuroImage. A pesquisa tomou corpo quando a equipe de Chun questionou se era possível reconstruir um rosto humano a partir do pensamento de uma pessoa.
Os pesquisadores desejam agora aprofundar as pesquisas para descobrir mais informações sobre a análise das atividades cerebrais e alcançar imagens virtuais mais bem definidas. Dependendo do ponto de vista, uma notícia fantástica ou aterradora para a humanidade. Veja abaixo a reprodução virtual de um pensamento analisado pelos pesquisadores da Universidade de Yale:
Pinturas antigas ocultam pistas sobre clima do passado
Um pôr-do-sol em vermelho profundo oferece mais que um incrível pano de fundo para pinturas de Velhos Mestres: ele pode dizer o quanto o ar estava sujo quando o pintor empunhou o pincel.
De acordo com um estudo publicado na terça-feira, o grau de vermelho nos céus de pinturas históricas é um representante dos níveis de poluição na atmosfera terrestre do passado. Além disso, o poente ficou gradualmente mais vermelhos nos últimos 150 anos, provavelmente refletindo a poluição criada pela humanidade.
Por-do-sol vermelho pode até produzir uma cena atraente, mas normalmente são resultado de partículas espalhando raios de sol. De acordo com pesquisadores, quanto mais profundo o vermelho da pintura, mais poluição existia no céu naquele momento. Pinturas produzidas após erupções vulcânicas, por exemplo, têm céus muito mais vermelhos.
‘A natureza fala’
“A natureza fala aos corações e almas dos artistas”, escreveu um dos pesquisadores. E a arte pode ajudar a ciência: “Pinturas podem fornecer estimativas confiáveis sobre aerosois na atmosfera em épocas anteriores a medidas instrumentais”, escreveu Christos Zerefosem um email, principal autor do estudo e professor de física atmosférica da Academia de Atena, na Grécia.
Pequenas partículas suspensas na atmosfera, chamadas de aerosois, espalham a luz do sol, e por isso pores-do-sol parecem mais vermelhos. Aerosois podem vir de fontes naturais como erupções vulcânicas, incêndios florestais ou tempestades de areia, ou de fontes produzidas pela humanidade, como a fuligem produzida por carros ou caminhões.
A pintura do artista alemão Caspar David Friedrich, de 1818, intitulada “Mulher Diante do Sol Poente” exibe a silhueta de uma mulher com os braços abertos sob um céu profundamente ocre – uma cena provável, de acordo com os pesquisadores, dada a erupção do vulcão Tambora, da Indonésia, em 1815. Essa erupção espalhou partículas pela atmosfera que produziram pores-do-sol vermelhos e alaranjados pela Europa durante três anos.
De acordo com um estudo publicado na terça-feira, o grau de vermelho nos céus de pinturas históricas é um representante dos níveis de poluição na atmosfera terrestre do passado. Além disso, o poente ficou gradualmente mais vermelhos nos últimos 150 anos, provavelmente refletindo a poluição criada pela humanidade.
Por-do-sol vermelho pode até produzir uma cena atraente, mas normalmente são resultado de partículas espalhando raios de sol. De acordo com pesquisadores, quanto mais profundo o vermelho da pintura, mais poluição existia no céu naquele momento. Pinturas produzidas após erupções vulcânicas, por exemplo, têm céus muito mais vermelhos.
‘A natureza fala’
“A natureza fala aos corações e almas dos artistas”, escreveu um dos pesquisadores. E a arte pode ajudar a ciência: “Pinturas podem fornecer estimativas confiáveis sobre aerosois na atmosfera em épocas anteriores a medidas instrumentais”, escreveu Christos Zerefosem um email, principal autor do estudo e professor de física atmosférica da Academia de Atena, na Grécia.
Pequenas partículas suspensas na atmosfera, chamadas de aerosois, espalham a luz do sol, e por isso pores-do-sol parecem mais vermelhos. Aerosois podem vir de fontes naturais como erupções vulcânicas, incêndios florestais ou tempestades de areia, ou de fontes produzidas pela humanidade, como a fuligem produzida por carros ou caminhões.
A pintura do artista alemão Caspar David Friedrich, de 1818, intitulada “Mulher Diante do Sol Poente” exibe a silhueta de uma mulher com os braços abertos sob um céu profundamente ocre – uma cena provável, de acordo com os pesquisadores, dada a erupção do vulcão Tambora, da Indonésia, em 1815. Essa erupção espalhou partículas pela atmosfera que produziram pores-do-sol vermelhos e alaranjados pela Europa durante três anos.
Quente e frio
Os efeitos de aerosois sobre o clima da Terra são complicados. Eles podem ter um grande impacto sobre o clima quando espalham a luz, resfriando o planeta no caso da erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991.
Ou eles podem absorver calor e, especialmente com a fuligem produzida pela fumaça de diesel e carvão, acelerar o derretimento de neve e gelo.
Ocasos mais vermelhos
No estudo, publicado no periódico Atmospheric Chemistry and Physics, pesquisadores da Grécia e da Alemanha analisaram 124 ocasos pintados por artistas europeus entre 1500 e 2000. Durante esse período, mais de 50 grandes erupções vulcânicas ocorreram pelo planeta. Zerefos e colegas descobriram que tons avermelhados em pores-do-sol atingiam seu auge durante períodos de atividade vulcânica.
Eles também descobriram que representações de ocasos se tornaram mais vermelhas a partir da Revolução Industrial, mesmo durante períodos sem atividade vulcânica. Artistas, sugerem eles, inconscientemente capturaram aumentos na poluição durante 150 anos.
“Aerosois influenciaram os registros de temperatura da Terra. Ao correlacionar cores em pinturas com a profundidade ótica de aerosois, esse estudo ajuda a validar reconstruções históricas de temperatura”, declarou A.R. Ravishankara, professor de química e de ciência atmosférica da Colorado State University, que não se envolveu no estudo.
Patronos das artes
Para corroborar suas descobertas, os pesquisadores contrataram um artista para pintar uma série de ocasos da ilha grega de Hidra durante e após uma tempestade que atingiu o Deserto do Saara em 2010. A tempestade levantou partículas de poeira até a atmosfera e as carregou para o Mediterrâneo. Eles descobriram que mais poluição na atmosfera correspondia a cores mais quentes nas pinturas do artista.
Os efeitos de aerosois sobre o clima da Terra são complicados. Eles podem ter um grande impacto sobre o clima quando espalham a luz, resfriando o planeta no caso da erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991.
Ou eles podem absorver calor e, especialmente com a fuligem produzida pela fumaça de diesel e carvão, acelerar o derretimento de neve e gelo.
Ocasos mais vermelhos
No estudo, publicado no periódico Atmospheric Chemistry and Physics, pesquisadores da Grécia e da Alemanha analisaram 124 ocasos pintados por artistas europeus entre 1500 e 2000. Durante esse período, mais de 50 grandes erupções vulcânicas ocorreram pelo planeta. Zerefos e colegas descobriram que tons avermelhados em pores-do-sol atingiam seu auge durante períodos de atividade vulcânica.
Eles também descobriram que representações de ocasos se tornaram mais vermelhas a partir da Revolução Industrial, mesmo durante períodos sem atividade vulcânica. Artistas, sugerem eles, inconscientemente capturaram aumentos na poluição durante 150 anos.
“Aerosois influenciaram os registros de temperatura da Terra. Ao correlacionar cores em pinturas com a profundidade ótica de aerosois, esse estudo ajuda a validar reconstruções históricas de temperatura”, declarou A.R. Ravishankara, professor de química e de ciência atmosférica da Colorado State University, que não se envolveu no estudo.
Patronos das artes
Para corroborar suas descobertas, os pesquisadores contrataram um artista para pintar uma série de ocasos da ilha grega de Hidra durante e após uma tempestade que atingiu o Deserto do Saara em 2010. A tempestade levantou partículas de poeira até a atmosfera e as carregou para o Mediterrâneo. Eles descobriram que mais poluição na atmosfera correspondia a cores mais quentes nas pinturas do artista.
“Artistas do passado criaram um registro involuntário da mudança climática. Isso começou a mudar por volta de meados do século 20, quando artistas começaram a representar a explosão da pegada ecológica da humanidade "deliberadamente”, declara William L. Fox, diretor do Centro de Arte e Meio-Ambiente, do Museu de Arte de Nevada.
Ainda que ocasos brilhantes possam ser um possível “lado positivo” da poluição, os danos claramente superam os benefícios, adicionou Ravishankara. “Você quer cores mais vibrantes ou um ar melhor para respirar?”
Ainda que ocasos brilhantes possam ser um possível “lado positivo” da poluição, os danos claramente superam os benefícios, adicionou Ravishankara. “Você quer cores mais vibrantes ou um ar melhor para respirar?”
Exemplos de pinturas que sugerem a existência de partículas na atmosfera retratada pelo pintor:
Mulher diante do Sol Nascente (Mulher diante do Sol Poente), de Caspar David Friedrich/Wikimedia Commons
Céu Vermelho e Lua Crescente, de Joseph Mallord William Turner/ Museu Tate
Paisagem no Orne/ Edgar Degas
Cavalos de Corrida / Edgar Degas
As margens do Spree perto de Stralau/ Karl Friedrich Schinkel
O Grito/Edvard Munch
Céu Vermelho e Lua Crescente, de Joseph Mallord William Turner/ Museu Tate
Paisagem no Orne/ Edgar Degas
Cavalos de Corrida / Edgar Degas
As margens do Spree perto de Stralau/ Karl Friedrich Schinkel
O Grito/Edvard Munch
"Cavalos de corrida" - Edgar Degas
"Mulher diante do sol nascente" - Caspar David Friedrich
"O Grito" - Edvard Munch
"Paisagem sobre o Orne", 1884, Edgar Degas
Scientific American.com
domingo, 30 de março de 2014
IPCC: mundo está pouco preparado para impactos das mudanças climáticas
Mudança climática não é um problema para o fim do século. Já está acontecendo agora, causando impactos ao ambiente e aos seres humanos em todos os continentes e através dos oceanos. Para o futuro, vai amplificar os riscos relacionados ao clima já existentes e criar novos riscos para os sistemas naturais e humanos. E, por enquanto, o mundo está muito pouco preparado para lidar com essa situação.
Em poucas palavras, esse é o quadro pintado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) na segunda parte do seu quinto relatório, divulgado neste domingo, 30, à noite (horário de Brasília) em Yokohama, no Japão.
A mensagem está presente no "Sumário para Formuladores de Políticas", uma introdução não-técnica do documento de mais de 2 mil páginas e 30 capítulos, que trata dos impactos, adaptação e vulnerabilidade às mudanças climáticas.
Junto com a constatação de que o mundo já está pagando a conta pelas emissões desenfreadas de gases de efeito estufa a partir da Revolução Industrial, o relatório aponta que ainda há oportunidades para lidar com os riscos. Na maior parte dos casos, medidas sérias de adaptação, aliadas com outras para reduzir as emissões do planeta, podem fazer com que riscos que seriam de alto nível se nada for feito, caiam para um risco médio ou baixo.
No entanto, quanto mais tempo se levar para fazer isso, a dificuldade vai aumentar, assim como os custos. "Magnitudes crescentes de aquecimento aumentam a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis", afirma o sumário. E com o tempo vai se chegar a um limite em que talvez não haja mais o que fazer."A mensagem mais importante deste relatório é que gestão da mudança climática é um desafio de gerenciamento de riscos. Vemos uma ampla gama de possíveis resultados - alguns deles muito sérios. E também vemos as mudanças climáticas interagindo com outros fatores, muitas vezes agindo como um multiplicador dessas ameaças", disse ao Estado o pesquisador norte-americano Chris Field, co-chair do Grupo de Trabalho 2, do IPCC, que elaborou o documento.
"O problema real não é se teremos 2 °C ou 3 °C de aquecimento, mas se, uma seca, por exemplo, vai aumentar a propensão a incêndios que uma vez que começam acabam se estendendo por milhares de quilômetros quadrados. Enquadramos o desafio das alterações climáticas de uma forma a permitir que as pessoas entendam que é uma questão de gerenciamento de risco e de aplicar as ferramentas que já temos para fazer esta gestão de uma forma mais inteligente", complementa.
Field lembra que a adaptação não é uma tarefa exótica, que nenhum governo nunca tentou. O relatório ressalta várias experiências que estão sendo feitas ao longo do mundo, mas ainda em uma escala muito pequena, que precisa se expandir.
"Acho que está claro que em todo o mundo ainda não estamos preparado para o riscos que estamos enfrentando agora. Muito do desafio de lidar com a mudança climática é que as pessoas tendem a pensar que é necessário um passo gigante, que vamos fazer uma coisa e estaremos todos preparados, mas uma coisa que vem do relatório é que para lidar com a mudança do clima talvez sejam necessários 500 pequenos passos."
Dimensão humana. Os impactos já observados afetam a agricultura, a disponibilidade de água, a saúde humana, os ecossistemas no continente e nos oceanos e alguns modos de vida. Em geral, os problemas têm ocorrido em todo o mundo, sejam países ricos ou pobres, mas o grau de vulnerabilidade varia, normalmente sendo maior entre os mais marginalizados.
Ao longo do século 21, as mudanças climáticas podem "desacelerar o crescimento econômico, fazer com que a redução da pobreza seja mais difícil, erodir ainda mais a segurança alimentar, e prolongar as existentes e criar novas armadilhas da pobreza, particularmente nas áreas urbanas e pontos onde há muita fome".
Este relatório, ao contrário dos anteriores do IPCC, teve um foco maior na "dimensão humana", explica Field. "Mais atenção sobre como as pessoas serão afetadas pode ajudar a garantir que elas saiam de uma condição de fome ou violência e tenham vidas mais confortáveis", diz.
A iniciativa foi bem recebida por ONGs ambientalistas que acompanharam os trabalhos na semana que passou. "Pela primeira vez o IPCC tem um capítulo inteiro sobre segurança humana, que fala sobre conflitos violentos, migração. As mudanças climáticas não são só um problema para ursos polares, recifes de corais e a floresta tropical, mas é sobre nós", afirma Kaisa Kosonen, do Greenpeace.
O relatório também traz de modo mais aprofundado a questão da segurança alimentar, que ajuda a compor esse quadro mais humano. No relatório de 2007, o IPCC colocava, por exemplo, a possibilidade de que em algumas regiões mais altas e mais frias poderiam se beneficiar se tornando mais aptas para a agricultura - o que talvez pudesse compensar as perdas em outras regiões.
Agora o texto é claro em mostrar que o que já temos visto são somente os impactos negativos. E aponta também para a relação mais abrangente do problema, relacionado com o aumento de preços dos alimentos. "O documento reconhece que um clima mais extremo significa também que enfrentaremos os preços dos alimentos mais extremos", comenta Tim Gore, da ONG Oxfam. "A nova história dos impactos climáticos nos alimentos é que não é apenas sobre os pequenos produtores nos países pobres, mas como os grandes produtores exportam e os altos preços vão afetar milhões de pessoas nas áreas rurais e urbanas", complementa.
O futuro da água brasileira será decidido nos tribunais?
O Brasil detém pouco mais de um décimo das reservas de água potável do mundo, no entanto, o país já registra um conflito por água a cada quatro dias, segundo o mais recente relatório da Comissão Pastoral da Terra, órgão ligado à Igreja Católica, obtido com exclusividade pela BBC Brasil. Em 2013, foram registradas 93 disputas locais em 19 Estados, 17% a mais do que no ano anterior. Mas esses conflitos não estão se tornando apenas mais frequentes. Também vêm assumindo dimensões inéditas.
Há pouco mais de uma semana, os governos de São Paulo e Rio de Janeiro vivem um embate. A razão é o projeto de São Paulo de captar água do Rio Paraíba do Sul e levá-la ao sistema Cantareira, grupo de reservatórios que abastece 15 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo e no interior do Estado. O problema é que este rio já abastece outras 15 milhões de pessoas no Grande Rio e no interior paulista. O governo fluminense é contra a proposta. Desde então, Rio e São Paulo trocam farpas e ameaças de processo publicamente.
Não se tinha notícia - até agora - de um conflito desta proporção, envolvendo os dois Estados mais ricos da federação e que coloca em jogo o abastecimento de 15% da população do país. 'É o conflito mais sério que já tivemos', diz Sandra Kishi, procuradora regional da República e coordenadora do grupo de trabalho de águas do Ministério Público Federal (MPF).
Prejuízos O Rio alega que será prejudicado porque hoje não tem outra fonte de abastecimento. São Paulo retruca que a ligação não trará prejuízos ao Rio, porque só captaria 5% do volume fornecido atualmente ao Estado fluminense e que a medida será vantajosa para ambos os Estados porque, quando chover demais no reservatório que atende São Paulo, será possível guardar o excesso de água no reservatório que atende o Rio (e vice-versa), criando um sistema de estoque para quando chover pouco.
São Paulo ainda alerta que o Rio não pode interferir na questão porque a ligação estaria dentro dos limites paulistas. 'Providenciaremos os documentos necessários para a permissão', diz o secretário estadual de saneamento e recursos hídricos de São Paulo, Edson Giriboni, à BBC Brasil. 'Sempre podemos recorrer à Justiça se necessário. Se vamos ou não fazer isso, depende deles'.
Se a permissão for concedida a São Paulo, ela poderá ser questionada no Supremo Tribunal Federal, instância onde são resolvidas as contendas entre Estados. 'Não se pode dizer que vai fazer o quiser porque o rio é fluminense ou paulista. O curso da água não respeita fronteiras', afirma Kishi, do MPF. 'Essa decisão caberá ao comitê que administra a bacia do Paraíba do Sul.'
Fim da ilusão
Haver disputas por água no Brasil é uma situação que, a princípio, parece contraditória. O país detém 12% da água potável do mundo e sempre foi apontado como uma das regiões do planeta onde haverá menos riscos de falta de água neste século.
Haver disputas por água no Brasil é uma situação que, a princípio, parece contraditória. O país detém 12% da água potável do mundo e sempre foi apontado como uma das regiões do planeta onde haverá menos riscos de falta de água neste século.
Mas a estiagem entre dezembro e fevereiro passados, a pior em oito décadas, mostrou que essa abundância é uma ilusão. Há muita água, mas ela está mal distribuída. Cerca de 80% fica na região amazônica, onde vive 5% da população. Os outros 95% dos brasileiros precisam dividir os 20% que restam.
Esse problema se agrava porque grande parte das fontes de água nas regiões mais populosas do país está poluída demais. Um levantamento da ONG SOS Mata Atlântica mostra que 40% de 96 rios, córregos ou lagos das regiões Sul e Sudeste apresentam qualidade ruim ou péssima. Quanto mais próximo dos centros urbanos, pior sua situação.
'A ideia de abundância nos mimou', diz Rômulo Sampaio, do centro de meio ambiente da escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio. 'Os políticos não investiram o suficiente porque pensaram que não seria necessário e ainda maltratamos os recursos que temos.'
Conflito de interesses
Isso obriga cidades a ir buscar água cada vez mais longe. Em algum momento, seus interesses entram em conflito. É o que ocorre entre Rio e São Paulo e entre outros Estados brasileiros (veja box ao lado).
Isso obriga cidades a ir buscar água cada vez mais longe. Em algum momento, seus interesses entram em conflito. É o que ocorre entre Rio e São Paulo e entre outros Estados brasileiros (veja box ao lado).
Com a estiagem, o nível do sistema Cantareira chegou a 14%, o menor nível desde sua criação. A fragilidade do sistema que abastece metade da população da Grande São Paulo ficou evidente e fez o governo paulista querer por em prática o projeto do Paraíba do Sul, que estava em estudo havia seis anos.
'Solucionar a questão hídrica é o maior desafio do Direito ambiental hoje', afirma Sampaio. 'Temos boas regras para lidar com isso, criadas nos anos 1990. Agora elas serão testadas.'
De quem é a água? A Política Nacional de Recursos Hídricos foi criada em 1997 e, desde então, é o principal norte da gestão da água no país. Nela, foram estabelecidos princípios importantes, como a prioridade do abastecimento humano e de animais e o incentivo ao uso eficiente da água. Mas a lei não diz quem tem mais direitos sobre determinada fonte hídrica.
O advogado Paulo Affonso Leme Machado, ex-consultor da ONU e um dos mais respeitados especialistas em Direito ambiental no país, defende uma interpretação conjunta de três artigos da política que daria prioridade ao uso das águas de uma bacia aos habitantes dos municípios que existem nela.
'Isso não está expresso na lei, mas pode ser inferida porque ela estabelece a bacia hidrográfica como unidade mais importante do sistema hídrico, cria o controle do uso e afirma que tudo que é arrecadado com suas águas deve ser reinvestido, em primeiro lugar, na própria bacia', diz Machado.
A partir dessa interpretação, defendida também por outros juristas consultados pela BBC Brasil, São Paulo não teria o direito de usar recursos de uma bacia fora de seus limites geográficos em prejuízo de outras cidades que estão nesta bacia. 'Fazer isso é mais que injustiça, é anarquia', diz Machado.
Teste nos tribunais
Esta interpretação ainda não foi testada nos tribunais, o que pode ocorrer em breve não só por causa da disputa entre Rio e São Paulo, mas também por outro conflito envolvendo a Grande São Paulo.
Esta interpretação ainda não foi testada nos tribunais, o que pode ocorrer em breve não só por causa da disputa entre Rio e São Paulo, mas também por outro conflito envolvendo a Grande São Paulo.
A permissão de uso do Cantareira expirará em agosto e está sendo rediscutida. Além da região metropolitana da capital paulista, este sistema abastece 76 cidades no interior do Estado, que pedem mais água além do limite atual para a região, de 3 mil litros por segundo.
No entanto, o Cantareira já opera no limite estabelecido por regras ambientais. Para o interior ter mais água, seria preciso reduzir o volume de 24,8 mil litros por segundo fornecido à Grande São Paulo, que por sua vez também pleiteia um limite maior. Não será possível atender às duas regiões sem causar danos ao sistema.
As cidades do interior alegam que, na nova permissão de uso do Cantareira, é preciso haver uma distribuição mais equilibrada da água, princípio previsto em convenções internacionais sobre o tema. As cidades do interior afirmam que, se isso não for feito, sua economia não poderá mais crescer, porque novas indústrias que dependem de água não conseguirão licenças ambientais.
Estas cidades ainda questionam por que não foi cumprida a condição prevista na permissão de uso do Cantareira concedida há dez anos de fazer investimentos para reduzir a dependência da Grande São Paulo em relação a este sistema. 'Pedimos explicações ao governo estadual para resolver isso na esfera administrativa, mas iremos à Justiça se as respostas não forem satisfatórias', diz a promotora Alexandra Faccioli, do Ministério Público Estadual.
Novos conflitos à vista
O debate sobre o uso da água é mais relevante diante da previsão de que os conflitos hídricos serão mais comuns daqui em diante. Segundo o Pacific Institute (IP), um dos principais institutos de pesquisa sobre o tema do mundo, o número de disputas hídricas violentas no mundo quadruplicou na última década e o risco de novos conflitos só crescerá com a maior competição pelo recurso, o atual gerenciamento ruim das fontes hídricas e os impactos das mudanças climáticas.
O debate sobre o uso da água é mais relevante diante da previsão de que os conflitos hídricos serão mais comuns daqui em diante. Segundo o Pacific Institute (IP), um dos principais institutos de pesquisa sobre o tema do mundo, o número de disputas hídricas violentas no mundo quadruplicou na última década e o risco de novos conflitos só crescerá com a maior competição pelo recurso, o atual gerenciamento ruim das fontes hídricas e os impactos das mudanças climáticas.
Antônio Carlos Zuffo, especialista em planejamento hídrico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ainda alerta que a oscilação histórica do clima acentuará a falta d'água. O pesquisador explica que entre 1970 e 2012 houve chuvas até 30% acima da média histórica. 'Agora estamos entrando num período de algumas décadas de chuvas abaixo da média', afirma Zuffo. 'A disputa por água se intensificará.'
Os órgãos federais se dizem preocupados com esse acirramento dos conflitos e trabalham para mediá-los antes que se agravem a ponto de a única solução ser a via judicial. No caso específico entre Rio e São Paulo, isso significa fazer com que os dois Estados cheguem a um entendimento baseado em estudos sobre o aproveitamento das águas do Paraíba do Sul.
'Nosso papel é estimular um debate técnico e evitar a politização dessa questão, para que esse tipo de problema não caia na Justiça', afirma Rodrigo Flecha, superintendente de regulação da Agência Nacional de Águas (ANA).
Para o secretário nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Ney Maranhão, os dois Estados precisam chegar a um consenso quanto a uma gestão compartilhada destes recursos hídricos.
'Rio e São Paulo precisam sentar à mesa e elaborar um sistema que seja confortável para os dois lados', afirma Maranhão. 'Uma discussão dessa natureza não pode ser discuta emocionalmente.
G1
Antártica: geleiras derretem 77% mais rápido que há 40 anos
As geleiras da Antártica estão derretendo 77% mais rápido do que há 40 anos, segundo informações publicadas pelo Daily Mail.
Segundo a publicação, seis geleiras foram responsáveis por 10% da elevação do nível do mar do mundo entre 2005 e 2010, aponta relatório realizado pela Universidade da Califórnia.
Os pesquisadores estudaram rachaduras nas geleiras para calcular a descarga de gelo.
A aceleração do fluxo da geleira também está sendo auxiliado por águas mais quentes do oceano, o que pode significar que as plataformas de gelo são menos resistentes às correntes marítimas, de acordo com o jornal.
Cometa desviado por disco de matéria escura pode ter matado dinossauros
Uma nova teoria sugere uma inusitada conexão entre a extinção dos dinossauros e a distribuição da misteriosa matéria escura, que compõe 85% da massa do Universo mas não interage com a matéria comum que nos cerca.
Físicos da Universidade Harvard, em Cambridge (EUA), sugerem que o evento responsável por aniquilar aqueles animais gigantes pode ter sido um cometa cuja órbita foi desviada pela matéria escura. Mas como?
A colisão que marcou o fim dos dinossauros ocorreu há 65 milhões de anos. Esse impacto, que deixou sinais de uma enorme cratera no México, não foi o único da época. Segundo os físicos, é possível que uma chuva de cometas - uns maiores, outros menores - tenha ocorrido então. E pode ser que isso esteja castigando a Terra a cada 35 milhões de anos.
O fenômeno se explica porque o Sistema Solar se move em uma trajetória ondulada ao longo da Via Láctea e pode estar atravessando um disco de matéria escura concentrada no plano de nossa galáxia. A cada travessia, cometas posicionados na nuvem de Oort - a última zona orbital do Sistema Solar, além de Plutão - seriam lançados na direção de planetas mais próximos ao Sol, como a Terra.
Segundo os físicos, eles estão mostrando como submetê-la a ciência real, que poderá mostrar se ela está ou não certa.
Em estudo já aceito para publicação na revista "Phisyscal Review Letters", os autores dizem que
a evidência estatística para a teoria não chega a ser acachapante, mas ainda assim é sedutora.
Registroas de crateras com mais de 20 km de diâmetro mostram que impactos de grandes objetos até podem ter uma distribuição temporal aleatória. A teoria que prevê chuva periódica de cometas, porém, tem chance três vezes maior de explicar o histórico geológico de crateras.
Um dos problemas com a teoria é que ninguém sabe se o tal disco de matéria escura de fato existe. Astrônomos estão seguros de que há um bocado de matéria escura na galáxia, mas não sabem muito como ela se distribui. Estruturas cósmicas em forma de disco costumam se formar quando os corpos que a compõem perdem parte da energia. Essa "dissipação de energia" é um conhecido fenômeno da matéria comum. Elétrons acelerados emitem uma forma de radiação, por exemplo, dissipando energia.
Independente da natureza do tipo de entidade que o compõem, o disco de matéria escura, caso exista, terá sua presença detectada pelo telescópio espacial Gaia, que passará os próximos cinco anos mapeando a Via Láctea.
"Ao medir a velocidade e a posição das estrelas, o Gaia vai nos mostrar o potencial gravitacional delas, e isso dirá se a distribuição delas é consistente com um disco escuro", afirmam os físicos.
Brasil vive um conflito por água a cada quatro dias
As disputas por recursos hídricos no Brasil atingiram um novo recorde histórico em 2013, segundo dados preliminares do levantamento anual feito pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), obtidos com exclusividade pela BBC Brasil.
Foram identificados 93 conflitos por água em 19 Estados, o maior desde 2002, quando eles passaram a ser monitorados pelo órgão, que é ligado à Igreja Católica. Isso representa um conflito hídrico a cada quatro dias.
No ano passado, houve um aumento de 17% no número de disputas em relação a 2012. Foi o segundo ano seguido de intensificação dos conflitos. Em 2012, houve 79 conflitos, um aumento de 16% em relação a 2011.
Apropriação
No ano passado, a Bahia foi o Estado que mais teve disputas deste tipo, num total de 21. Em segundo lugar, ficou o Rio de Janeiro, com sete disputas.
No ano passado, a Bahia foi o Estado que mais teve disputas deste tipo, num total de 21. Em segundo lugar, ficou o Rio de Janeiro, com sete disputas.
O Nordeste foi a região mais conflitante, com 37 casos registrados, seguido pelo Norte do país, com 27 casos.
De acordo com a CPT, muitas destas disputas ocorrem para evitar a apropriação de recursos hídricos por empresas, como mineradoras e fazendas, ou para impedir a construção de barragens ou açudes.
"Além da investida na Amazônia, com a construção de duas grandes hidrelétricas, de Belo Monte e Tapajós, o cerrado e a Mata Atlântica também têm sofrido com mais conflitos por causa de disputas de territórios entre comunidades pobres e grandes empresas de mineração e agricultores", afirma Isolete Wichinieski, coordenadora nacional do CPT.
Preservação
Muitas das disputas também ocorrem por ações de resistência, em geral coletivas, para garantir a preservação da fonte de água.
Muitas das disputas também ocorrem por ações de resistência, em geral coletivas, para garantir a preservação da fonte de água.
"Hoje existe uma maior preocupação em preservar o meio ambiente, o que também gera mais embates", afirma Wichinieski.
O relatório completo sobre conflitos hídricos será divulgado pelo CPT no próximo mês.
quinta-feira, 27 de março de 2014
Clima extremo na costa leste dos EUA
Certo, não é o infame vórtice polar, mas habitantes da costa da Nova Inglaterra estão prestes a ser atingidos por uma “bomba Nor’easter”. E ela foi armada há sete dias por um “Bloqueio de Rex”[ Esse bloqueio foi batizado de Rex block em homenagem ao cientista que o descobriu, no caso, Daniel Rex]. Não estou inventando.
No último fim de semana, meteorologistas estavam maravilhados, de olhos arregalados, com uma possível tempestade inédita provocada pela colisão de dois sistemas climáticos que poderia castigar todo o nordeste dos Estados Unidos com temperaturas extremamente baixas e metros de neve. A colisão começou a ocorrer no Oceano Atlântico em 25 de março, poupando grande parte do país, mas mesmo assim atingirá Cape Cod, Boston, o leste do Maine, e também o leste do Canadá.
Então, será que os meteorologistas estavam usando palavras inventadas? Esse é um problema recente, com serviços meteorológicos dando nomes a qualquer nevasca e dia ventoso. Mas não, ‘Rex’ e ‘bomba’ são termos meteorológicos legítimos.
Uma “bomba” ocorre quando a pressão atmosférica em um sistema climático cai mais de 24 milibares em 24 horas. Para fins de comparação, a pressão típica da costa nordeste pode ficar por volta de 1.012 milibares, mas não é preciso uma queda muito grande para intensificar uma tempestade. As pressões mais baixas dos maiores furacões da Terra, como o Sandy, chegam à casa de 940 milibares. Assim, uma queda de 24 milibares é muito grande, e quando isso acontece em menos de 24 horas, meteorologistas ficam empolgados – porque o evento é raro.
Nesse caso, a tempestade estava se preparando para ser uma Nor’easter – um centro de baixa pressão no litoral nordeste que gira em sentido anti-horário, enviando ventos para o continente a partir do Atlântico. Então essa dupla dinâmica foi batizada de “bomba Nor’easter”. A previsão era que a pressão chegasse a 980 ou até 960 milibares. Mesmo que não fique tão baixa, a queda é pronunciada e limitada, o que provoca ventos fortes, talvez com mais de 90km/h para o Cape e o Maine.
No último fim de semana, meteorologistas estavam maravilhados, de olhos arregalados, com uma possível tempestade inédita provocada pela colisão de dois sistemas climáticos que poderia castigar todo o nordeste dos Estados Unidos com temperaturas extremamente baixas e metros de neve. A colisão começou a ocorrer no Oceano Atlântico em 25 de março, poupando grande parte do país, mas mesmo assim atingirá Cape Cod, Boston, o leste do Maine, e também o leste do Canadá.
Então, será que os meteorologistas estavam usando palavras inventadas? Esse é um problema recente, com serviços meteorológicos dando nomes a qualquer nevasca e dia ventoso. Mas não, ‘Rex’ e ‘bomba’ são termos meteorológicos legítimos.
Uma “bomba” ocorre quando a pressão atmosférica em um sistema climático cai mais de 24 milibares em 24 horas. Para fins de comparação, a pressão típica da costa nordeste pode ficar por volta de 1.012 milibares, mas não é preciso uma queda muito grande para intensificar uma tempestade. As pressões mais baixas dos maiores furacões da Terra, como o Sandy, chegam à casa de 940 milibares. Assim, uma queda de 24 milibares é muito grande, e quando isso acontece em menos de 24 horas, meteorologistas ficam empolgados – porque o evento é raro.
Nesse caso, a tempestade estava se preparando para ser uma Nor’easter – um centro de baixa pressão no litoral nordeste que gira em sentido anti-horário, enviando ventos para o continente a partir do Atlântico. Então essa dupla dinâmica foi batizada de “bomba Nor’easter”. A previsão era que a pressão chegasse a 980 ou até 960 milibares. Mesmo que não fique tão baixa, a queda é pronunciada e limitada, o que provoca ventos fortes, talvez com mais de 90km/h para o Cape e o Maine.
Por que tudo isso aconteceu? A umidade foi para o norte em um sistema do Golfo do México, mas o frio foi criado pelo bloqueio de Rex. Esse termo descreve um imenso centro de pressão que pode ficar preso no mesmo lugar. Nesse caso, o lugar foi sobre o Alaska e a Costa Oeste, o que forçou a corrente de jato a ir do Ártico para o centro-leste dos Estados Unidos. Quando esse sistema colidiu com a umidade do sistema do Golfo, os dois se combinaram e começaram a girar, reduzindo a pressão interna e elevando a umidade, transformando-a em neve.
Essa última bomba é apenas mais um exemplo da corrente de jato agindo de maneira estranha conforme nosso clima muda. E como aponta Holthaus, ainda que o nordeste esteja frio, o resto do planeta não está. De acordo com ele, espera-se que as temperaturas médias globais fiquem mais altas que o normal nas próximas semanas.
Originalmente publicada na Scientific American em 25 de março de 2014
Essa última bomba é apenas mais um exemplo da corrente de jato agindo de maneira estranha conforme nosso clima muda. E como aponta Holthaus, ainda que o nordeste esteja frio, o resto do planeta não está. De acordo com ele, espera-se que as temperaturas médias globais fiquem mais altas que o normal nas próximas semanas.
Originalmente publicada na Scientific American em 25 de março de 2014
Estudo liderado por brasileiro descobre anéis ao redor de asteroide
Um estudo liderado por um pesquisador brasileiro descobriu a existência de anéis ao redor do asteroide Chariklo, que orbita o Sol entre Júpiter e Netuno. A descoberta foi publicada na edição desta quarta-feira (26) da revista "Nature".
Para chegar à conclusão, foram necessárias observações a partir de 13 telescópios diferentes localizados em sete pontos da América do Sul. Um dos instrumentos que mais contribuiu para a descoberta foi o telescópio dinamarquês localizado no Observatório de La Silla do Observatório Europeu do Sul (ESO). As observações foram feitas no dia 3 de junho de 2013, exatamente quando o objeto passaria em frente à estrela UCAC4 248-108672.
Foi possível detectar a presença dos anéis por meio da análise do fenômeno de ocultação, que se refere à queda momentânea do brilho de um astro no momento em que outro objeto passa em frente a ele, como no eclipse da Lua ou do Sol.
Ao passar em frente à estrela, o Chariklo provocou não apenas uma acentuada queda de brilho no momento em que a ocultou, mas outras pequenas quedas de brilho, uma antes e outra depois da ocultação principal (veja vídeo acima). Foram essas pequenas quedas de brilho que identificaram a presença dos anéis.
Segundo os pesquisadores, essa é a primeira vez que anéis são detectados ao redor de objetos menores do Sistema Solar. Até hoje, só se tinha conhecimento da presença de anéis ao redor de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno em nossa galáxia.
O Chariklo pertence à categoria dos centauros, que são pequenos objetos que orbitam ao redor do Sol atravessando as órbitas dos planetas. Com diâmetro de 250 quilômetros, ele é o maior centauro conhecido e demora 63 anos para completar uma volta no Sol. Ao redor dele foram detectados dois anéis, um com sete quilômetros de largura e outro com três quilômetros.
Para os pesquisadores, a descoberta dos anéis foi uma surpresa. "De repente, a gente viu que houve uma ocultação muito rápida e breve, antes e depois, simetricamente ao evento principal. Estávamos esperando somente a ocultação do ponto principal e não imaginávamos que pudesse haver anéis em torno de objetos menores como o Chariklo" disse o autor principal do estudo, Felipe Braga-Ribas, do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.
De acordo com o pesquisador, os anéis são provavelmente compostos por gelo e água. Ele acrescenta que as descobertas a respeito desses anéis podem se estender para os outros sistemas de anéis existentes no Sistema Solar. "Estudar como funciona a dinâmica, os mecanismos que gerem a órbita, a formação, o confinamento e a estabilidade dos anéis de Chariklo vai ajudar a entender os mecanismos que agem sobre os anéis dos planetas gigantes."
Segundo outro pesquisador envolvido na pesquisa, Roberto Vieira Martins, também do Observatório Nacional, o projeto que levou à descoberta dos anéis do Chariklos envolve a observação de muitos outros objetos por meio do fenômeno da ocultação. Segundo ele, a análise de como esses objetos se formaram e evoluíram pode dar pistas sobre a formação do Sistema Solar.
G1
Um novo El Niño pode trazer mais recordes climáticos este ano
Quem ficou impressionado com as últimas manifestações de impactos climáticos não viu nada. Há cada vez mais indícios de que um nova onda de eventos climáticos realmente extremos vem aí a partir do mês que vem. Tudo por causa da possível chegada de um grande El Niño, o período de aquecimento do oceano pacífico, que afeta todo o clima da Terra.
Os brasileiros continuam sofrendo os efeitos da dupla crise de água e de energia provocada por nossa incapacidade de gerir recursos abundantes e agravada pela estiagem anormal. A estiagem aparentemente não tem relação com as mudanças climáticas. Mas o calor recorde em algumas capitais pode ter sido piorado pelo aquecimento global.
No hemisfério norte, apesar de uma onda de frio concentrada em parte da América do Norte, o resto das regiões em geral viu um inverno extremamente quente. Os último trimestre foi o décimo mais quente já registrado no planeta.
Isso tudo acontece em um período de relativa calmaria no clima. Nos últimos 10 a 13 anos, as temperaturas médias da atmosfera da Terra pararam de subir. Ela chegaram a um platô elevado e estacionaram ali. Como se o aquecimento global tivesse dado uma pausa.
Segundo os cientistas, a pausa faz parte do ciclo natural do planeta. O clima da Terra tem vários ciclos de larga escala. Um deles é a alternância entre o El Niño (período em que o Pacífico fica quente) e La Niña (quando fica mais frio). Essas fases duram dois ou nove meses e se alternam em períodos de 2 a 7 anos. Pelo seu tamanho e pelo calor específico da água, o que acontece com a superfície do oceano Pacífico influencia o clima do resto do planeta.
O ciclo de aquecimento do Pacífico está ligado a outro fenômeno da Terra. São ventos que empurram o calor adicional da atmosfera para o mar. Nos últimos anos, esses ventos funcionaram a toda jogando o excesso de calor da atmosfera para o fundo dos oceanos. Com isso, as camadas mais profundas do mar continuaram esquentando, mesmo que a atmosfera não desse sinais disso. Como o mar responde por mais de 90% do clima da Terra, esse calor uma hora ou outra vai voltar para a superfície e reacelerar o aquecimento global que sentimos na pele.
Isso está para ocorrer nos próximos meses, segundo alguns observadores científicos. A comissão oficial do Peru que acompanha o El Niño disse na semana passada que espera um deles começando em abril. O Peru acompanha o fenômeno de perto porque ele afeta a indústria pesqueira do país. As chances são de 60% segundo o centro de clima da Universidade Columbia, nos EUA. Ou 75%, segundo um estudo da Universidade Justus Liebig, na Alemanha. A NOAA, agência de oceanos e atmosfera dos EUA, também prevê boas chances de um El Niño a caminho este ano. O mapa abaixo. As observações mostram que o Pacífico na altura do Equador está esquentando rapidamente. O mapa abaixo (de fevereiro) mostra onde está mais frio (em azul) e mais quente (em vermelho) do que a média.
O gráfico abaixo mostra as anomalias de temperatura no Pacífico. Ele indica o quanto as temperaturas do oceano se distanciam da média do século XX. O que chama atenção dos pesquisadores é o aumento rápido de temperatura de fevereiro a março.
O último El Niño forte, de 1998, gerou um dos anos mais quente desde que começaram os registros. E recordes de eventos extremos. O El Niño relativamente fraco de 2010 somado ao aquecimento global foi o bastante para produzir o ano mais quente dos registros. Um El Niño fraco agora pode gerar mais distúrbios climáticos pelo planeta. Um El Niño forte, nem se fala.
Época.com
quarta-feira, 26 de março de 2014
Há locais na Terra onde não existe vida?
Quem visita o Deserto do Atacama, no norte do Chile, tem a impressão que nada
poderia sobreviver nesse ambiente de rochas e areia.
Trata-se do lugar mais seco e um dos mais inóspitos do planeta. Algumas regiões
podem ficar até 50 anos sem receber uma gota de chuva.
Mas o que também poderia ser a região mais sem vida do mundo pode ainda
abrigar microorganismos chamados endólitos, que se escondem nos poros das
rochas, onde há água suficiente para a sobrevivência deles.
"(Os microorganismos endólitos) se alimentam dos subprodutos de seu
metabolismo", afirmou Jocelyne DiRuggiero, microbióloga da Universidade Johns
Hopkins, nos Estados Unidos. "E todos se encontram nas rochas, é muito
fascinante."
Para os cientistas, os endólitos são a prova da capacidade incrível de que
micróbios têm de encontrar formas de sobreviver. Em quatro milhões de anos de
evolução, os microorganizmos tiveram tempo suficiente para se adaptar aos
extremos da Terra.
Mesmo assim, ainda fica a pergunta: será que existem lugares no nosso planeta
em que nenhuma estrutura viva possa sobreviver?
A BBC preparou uma lista de condições extremas do nosso planeta, explicando
os limites que elas impõem à existência de organismos.
Calor
Nos locais mais quentes, o recorde de tolerância atualmente é de um grupo de
organismos chamados de metanógenos hipertermófilos, que se desenvolvem em volta
das fontes de águas quentes, ou hidrotermais, no fundo do mar.
Alguns destes organismos podem crescer em temperaturas de até 122ºC.
E a maioria dos pesquisadores afirma que, em teoria, o limite de temperatura
para que exista vida é de 150ºC. A esta temperatura, segundo os cientistas, as
proteínas se desfazem.
Isto significa que os microorganismos podem se desenvolver em volta destas
fontes hidrotermais, mas não diretamente em seu interior, onde as temperaturas
podem alcançar até 464ºC.
O mesmo acontece com o interior de um vulcão ativo em terra.
"Realmente, acredito que a temperatura é o parâmetro mais hostil", disse
Helena Santos, fisiologista microbiana da Universidade Nova de Lisboa e
presidente da Sociedade Internacional de Extremófilos.
"Quando as coisas ficam muito quentes (a vida) é impossível, já que tudo é
destruído", disse.
Pressão
Por outro lado, aparentemente as altas pressões oferecem menos problemas para
a existência da vida.
Com isto, pode-se concluir que é o calor, e não a profundidade, que
provavelmente, limita a que distância abaixo da superfície da Terra onde se
prode ter vida.
A temperatura de 6000ºC, do centro da Terra, impede toda forma de vida,
apesar de a profundidade a que se encontra essa temperatura ainda esteja sendo
investigada.
Cientistas descobriram que um microorganismo chamado Desulforudis
audaxviator a cerca de 3,2 quilômetros de distância da superfície da Terra, em uma mina de ouro da África do Sul.
Este microorganismo provavelmente não teve contato com a superfície durante
milhões de anos e sobrevive extraindo nutrientes das rochas que passam por
desintegração radiativa.
Frio
A vida também pode existir em outro parâmetro extremo, o frio.
As bactérias do gênero Psychrobater podem viver normalmente abaixo
dos -10ºC na Sibéria e na Antártida.
Há pouco tempo foram encontradas células vivas em um lago subglacial abaixo
do gelo da Antártida. O lago hipersalino Deep Lake abriga espécies halófitas
únicas, que sobrevivem a -20ºC.
Para sobreviver nestes ambientes, os microorganismos têm características como
membranas e estruturas proteicas adaptadas e moléculas anticongelantes dentro de
suas células.
Levando-se em conta que a Terra já ficou coberta de gelo várias vezes desde
que o surgimento da vida no planeta, "um lago coberto de gelo na Antártida não
parece tão extremo", disse Jill Mikucki, microbióloga da Universidade do Tennessee, Estados Unidos.
Radiação
A radiação também não impede a proliferação de microorganismos. Desde que
eles não estiverem expostos diretamente a uma explosão atômica, eles podem se
desenvolver. E isto já aconteceu em recipientes que guardavam resíduos
radioativos ou perto do epicentro do desastre de Chernobyl, na Rússia.
O Deinococcus radiodurans, um dos organismos mais resistentes à
radiação, já sobreviveu a viagens no espaço e pode suportar doses de até 15 mil
grays (a medida padrão para medir radiação absorvida).
Humanos morrem com apenas 5 grays.
Outros organismos podem sobreviver em ambientes onde estão presentes
elementos ou compostos químicos tóxicos, como o mercúrio e outros metais pesados
e cianetos.
Nas águas termais de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, por exemplo,
vários microorganismos metabolizam o enxofre ou o monóxido de carbono.
"É difícil encontrar uma substância química que possa matar todo tipo de
vida", disse Frank Robb, microbiólogo da Universidade de Maryland, nos Estados
Unidos.
BBC
Esta aeronave poderia encontrar o avião da Malaysia Airlines
Este é o StratoBus, uma mistura de drone com satélite de observação. Ele está sendo desenvolvido por empresas francesas e deve ser a próxima tecnologia de vigilância (seja militar ou de outro tipo).
O StratoBus deve voar a uma altitude de 20 quilômetros. Isso significa ficar nas primeiras camadas da estratosfera, já acima do campo de tráfego de aviões e jatos.
O corpo da aeronave será feito usando fibra de carbono, o que fará com que seu peso seja reduzido em comparação ao uso de outros materiais. De acordo com o projeto, ela terá de 70 a 100 metros de comprimento e um diâmetro entre 20 e 30 metros e será capaz de levar cargas de até 200 quilos.
O desenvolvedor principal do projeto é a empresa Thales Alenia Space. De acordo com eles, na altitude planejada, o StartoBus será capaz de realizar vigilância de fronteiras, observações em continentes e oceanos (como a busca por navios piratas). Por estar mais próximo da Terra do que satélites, ele será de capaz de captar imagens com melhor resolução e mais zoom. Uma tecnologia deste tipo poderia ser usada em buscas de acidentes de avião, como o Boeing 777 da Malaysia Airlines.
Ele será capaz de realizar missões de longa duração de voo, chegando a até um ano na estratosfera. Devido à proximidade, será possível utilizar o StratoBus para sistemas de comunicação, se necessário.
Além da construção em fibra de carbono, a aeronave será revestida com uma camada de painéis solares. Eles poderão rotar pelo drone-satélite para melhorar a captação da energia solar.
O desenvolvimento, além da Thales, conta com outras empresas: Airbus Defence and Space, Zodiac Marine e CEA-Liten. De acordo com projeções, o primeiro protótipo estará pronto dentro de cinco anos.
Exame.com
'Em 2050, mais 50 milhões vão passar fome por causa das mudanças climáticas'
O negociador climático das Filipinas que fez greve de fome na reunião do IPCC do
ano passado pediu, em artigo no jornal britânico The Guardian, que todos os
governos se juntem na luta contra o aquecimento global."Pessoas em todo o mundo
já estão sentindo as mudanças climáticas. Infelizmente, poucos governos e
grandes corporações estão levando esse assunto a sério", disse Naderev Saño,
principal delegado do país.
Na última reunião do painel, Saño foi às lágrimas ao pedir, durante a sessão
de abertura da 19ª Conferência do Clima da ONU, em Varsóvia, na Polônia, por
metas mais ambiciosas de redução das emissões de gases de efeito estufa, assim
como por financiamento climático para medidas de adaptação e de compensação para
os países que já estão sofrendo com as mudanças climáticas. Na época o país
estava se reconstruindo depois da passagem do tufão Haiyan, que matou mais de 10
mil pessoas.
No texto publicado nesta terça-feira, 25, no The Guardian, ele diz o país
está até hoje devastado depois da passagem do tufão. "Milhares de pessoas
morreram e milhões perderam suas casas e suas formas de sustento. Minha própria
família testemunhou a tempestade de perto."
Ele afirmou que uma crise alimentar se aproxima com os piores impactos das
mudanças climáticas e que eventos nas Filipinas mostram como os sistemas
alimentares estão despreparados para o desafio. "Em 2050, mais 50 milhões de
pessoas - o equivalente à população da Espanha - vão correr risco de passar fome
por causa das mudanças climáticas."
Saño pediu a cooperação de todos os países, principalmente na ajuda aos mais
pobres e mais vulneráveis, para impedir que milhões de pessoas sofram com a fome
nas próximas duas décadas por causa dos impactos do aquecimento global, "que já
estão ocorrendo".
"Precisamos também de redução urgente e ambiciosa de emissões para evitar uma
descontrolada crise alimentar global, que poderia ter graves repercussões para a
vida de nossos filhos. Nossa dependência de energia suja fica no caminho de uma
solução global para o problema das alterações climáticas e dos alimentos. Temos
que acabar com essa 'gula' de combustíveis fósseis", afirmou no artigo do The
Guardian. "Estamos em guerra contra as mudanças climáticas e contra a fome. É
uma guerra que não nos podemos dar ao luxo de perder. Mas também uma guerra que
acredito que podemos vencer juntos."
Estadão.com
Por que nossa mente "dá branco"?
Por segundos parece que a mente apagou tudo: do que íamos pegar na geladeira à resposta da prova. O problema não está na memória, mas na falta de atenção. “É um mecanismo essencial na ativação das memórias de curto prazo e operacional, que armazenam temporariamente dados necessários para o cérebro comandar ações rápidas, como digitar no celular um número que logo vai ser esquecido”, explica Tarso Adoni, médico do Núcleo de Neurociências do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ocorre que o lobo frontal, responsável pela atenção e memórias transitórias, tem capacidade limitada de armazenamento. Só fica ali — com chances de seguir para a memória permanente conforme a relevância e utilidade — o que a atenção selecionou. O que passou batido será apagado em seguida caso não cheguem novas pistas relacionadas. Isso explica a razão de a ideia “esquecida” ser “lembrada” ao voltarmos onde estávamos antes do branco.
Esse tipo de apagão é diferente dos causados pelo álcool, que afeta memórias consolidadas, ou pela ansiedade. Neste caso, o cérebro entende o nervosismo como ameaça e se concentra em combatê-lo. Se os “brancos” afetarem a qualidade de vida, melhor procurar um médico.
Galileu.com
Painel sobre clima alivia previsões para a Amazônia
Há pelo menos uma boa notícia, se é que se pode dizer assim, no novo relatório do IPCC (o painel científico da ONU sobre mudanças climáticas): a Amazônia não corre mais o risco de virar uma savana até o fim do século.
Essa era uma das principais previsões feitas no relatório anterior, de 2007, do IPCC. Na época, modelos climáticos apontavam que o aumento da temperatura e as mudanças climáticas levariam a uma nova configuração da vegetação em busca de um reequilíbrio com o clima diferente. Assim, em vez de permanecer como uma floresta densa chuvosa, a Amazônia responderia apresentando um menor porte, menor diversidade, menor biomassa — mais semelhança com o Cerrado.
Sete anos depois, e com mais estudos disponíveis, o cenário ficou menos pessimista. É o que se pode concluir de uma versão preliminar do relatório completo do grupo de trabalho 2 do IPCC (que fala sobre impactos, vulnerabilidade e adaptação), que vazou na internet nos últimos dias. O material será chancelado no fim da semana em sessão plenária do IPCC em Yokohama.
No capítulo que fala sobre ecossistemas terrestres — e que teve como um dos autores o americano Daniel Nepstad, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, que há 30 anos estuda a floresta — o IPCC afirma que o novo conhecimento sobre a dinâmica da floresta melhorou e a probabilidade de ela sofrer essa transformação é bem menor.
O cenário anterior foi duramente criticado meses após o lançamento do relatório, em 2007. Ele tinha como base uma modelagem climática feita pelo Hadley Center, da Inglaterra, que projetava um aumento de um ciclo vicioso: o desmatamento alimentaria uma seca, que interagiria com as mudanças climáticas e o aumento da presença de gás carbônico na atmosfera, levando ao colapso de metade da floresta até o fim do século 21.O modelo, porém, nunca acertou direito o regime atual de chuvas da floresta — sempre estimava para baixo. Falava em uma média de 1.400 a 1.500 milímetros, quando a medida ficava em mais de 1.700 mm. Esse erro na modelagem acabou levando a resultados mais catastróficos.
Ameaça do fogo — Além de os modelos terem melhorado, vários estudos experimentais conduzidos na própria floresta ao longo da última década mostraram um cenário um pouco diferente. A floresta continua sendo ameaçada por períodos de seca intensa, mas seu grande inimigo talvez seja o fogo. "A melhor notícia trazida pelos últimos estudos é que, mesmo com a mudança climática, o homem pode mitigar seus efeitos ao controlar o uso do fogo na agricultura", comenta o pesquisador Britaldo Soares-Filho, da UFMG.
O fogo ainda é um recurso bastante usado por agricultores para limpar o terreno. Mas em um momento de seca ele pode se espalhar, com potencial realmente danoso para a floresta. "Sem o combate, há o risco de perder a floresta, com mudança do clima ou não. É o grande gatilho para empobrecer a floresta", diz Britaldo Soares-Filho. "Ainda é possível evitar que o fogo entre na floresta. Por outro lado, o Brasil está conseguindo reduzir o desmatamento. Se essa conquista se consolidar e evitarmos o fogo, dá para manejar o que a mudança climática tem de pior a jogar no Brasil."
Na versão liberada na internet, os cientistas reconhecem que o desmatamento na Amazônia está em queda, mas lembram que o do Cerrado continua crescendo. "A expansão da agricultura em algumas regiões, associada a um aumento da precipitação, tem afetado ecossistemas frágeis, como as fronteiras da Floresta Amazônica e dos Andes Tropicais."
Veja.com
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