A Academia Brasileira de Letras (ABL) se posicionou contra o parecer emitido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que classificou de "racista", a obra de Monteiro Lobato. Os acadêmicos, em plenária realizada na quinta-feira, repudiaram a decisão e disseram que apelarão ao Ministério da Educação, para que a proibição da obra não entre em vigor.
O parecer foi aprovado por unanimidade pela Câmara de Educação Básica do CNE a partir de denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Publicado em 1933, o livro de Monteiro Lobato, um dos maiores nomes da literatura infantil brasileira, narra as aventuras da turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo em busca de uma onça pintada.
Segundo o CNE, os traços racistas da obra estariam na forma como o autor se refere à personagem Tia Anastácia, que é negra, e a alguns animais, como o urubu e macaco.
Segundo a nota emitida pela ABL -, "cabe aos professores os alunos no desenvolvimento de uma leitura crítica. Um bom leitor sabe que tia Anastácia encarna a divindade criadora dentro do Sítio. Se há quem refira a ela como ex-escrava e negra, é porque essa era a cor dela e essa era a realidade dos afro-descendentes no Brasil dessa época. Não é um insulto, é a triste constatação de uma vergonhosa realidade histórica".
A ABL sugeriu ainda que, ao invés de proibir as crianças de saber disso, "seria melhor que os responsáveis pela educação estimulassem uma leitura crítica por parte dos alunos.
Raros autores estimulam tanto os leitores a pensar por conta própria quanto Monteiro Lobato, inclusive para discordar dele. Dispensá-lo sumariamente é um desperdício".
Fonte: R. Veja
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