segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Grande barreira de corais perdeu metade da cobertura em 27 anos

Um estudo feito na Grande Barreira de Corais, na Austrália, indica que ela perdeu metade de sua cobertura nos últimos 27 anos. Os maiores danos foram causados por tempestades (48%), uma espécie de estrela-do-mar (42%) e o branqueamento dos corais (10%). Os dados foram divulgados na tarde desta segunda-feira em artigo na revista especializada PNAS.
"Não conseguimos parar as tempestades, mas talvez possamos parar as estrelas-do-mar. Se conseguirmos, então os recifes terão mais oportunidades para se adaptar aos desafios do aumento das temperaturas do mar e à acidificação dos oceanos", diz John Gunn, CEO do Instituto Australiano de Ciência Marinha (AIMS, na sigla em inglês), que fez o estudo.
O estudo se baseia em dados de um programa de monitoramento que começou em 1985 com 100 recifes e, em 1993, passou a observar mais 47. "Se isso continuar, a cobertura contínua de coral pode ser reduzida novamente pela metade em 2022", diz Peter Doherty, pesquisador do AIMS e um dos criadores do programa.
Segundo Doherty, a perda de coral é irregular. Enquanto no norte da Grande Barreira a cobertura se manteve relativamente estável, no sul a perda foi grande, "principalmente na última década, quando tempestades devastaram muitos corais."
Além dos ciclones tropicais, a barreira sofre com a explosão populacional de uma espécie de estrela-do-mar que come o coral. "Nossos dados mostram que a cobertura pode se recuperar após esses distúrbios, mas isso levaria de 10 a 20 anos. Atualmente, o intervalo entre esses distúrbios é curto demais para uma recuperação e isso está causando perdas em longo período", diz Hugh Sweatman, um dos autores do estudo.
Gunn lembra que o aquecimento dos oceanos é a principal causa do branqueamento dos corais (a morte dos organismos simbiontes que vivem nesses seres vivos), o que também preocupa os pesquisadores. Mas a maior preocupação no momento é a estrela-do-mar. Segundo o CEO, sem a espécie, o coral consegue recuperar sua cobertura 0,89% por ano. Mesmo com ciclones e o branqueamento, ele teria uma recuperação - mesmo que lenta.
O instituto foca agora em entender os ciclos da espécie para poder prever as explosões populacionais da estrela-do-mar e reduzí-las.
Jornal do Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário