sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Para algumas Espécies, Plástico é Fantástico

A durabilidade do plástico ajudou a torná-lo um milagroso produto popular no início do século 20. Mas, agora, a onipresença desse material pode estar destruindo ecossistemas de maneiras surpreendentes. Um novo estudo de pesquisadores do Instituto de Oceanografia Scripps, em La Jolla, na Califórnia, mostra que a concentração de plástico aumentou em 100 vezes nos últimos 40 anos no Giro Subtropical do Pacífico Norte – um enorme local de calmaria no meio da rotação horária de correntes oceânicas localizado entre a Ásia Oriental e a costa americana oeste tendo, aproximadamente, o Havaí como ponto médio. Estima-se que o tamanho da área seja de mais de 18 milhões de km².
O estudo, publicado on-line em 9 de maio na Biology Letters, também documentou pela primeira vez um aumento nas densidades de ovos de Halobates sericeus, um inseto aquático [no Brasil é conhecido como “inseto Jesus”, por estranho que possa parecer] que os deposita em objetos flutuantes. A equipe coletou e analisou dados em pedaços de plástico com menos de cinco milímetros no oceano Pacífico Norte, incluindo registros de duas viagens recentes, dados publicados de outras fontes e desenvolvidos a partir de amostras arquivadas na coleção do Scripps obtida no início dos anos 1970. A autora Miriam Goldstein, candidata a doutorado em oceanografia biológica do Scripps, aponta que um estudo de 2011 que examinou o Giro Subtropical do Atlântico Norte não encontrou aumento no plástico desde 1986.
Concentrações mais altas de destroços plásticos flutuantes oferecem mais oportunidades para o inseto pelágico depositar ovos. Esse inseto marinho passa sua vida inteira em mar aberto e toma seu lugar na cadeia alimentar consumindo zooplâncton e larvas de peixes, e sendo consumido por caranguejos, peixes e aves marinhas.
Objetos flutuantes são historicamente raros no Pacífico Norte. “Os insetos teriam sorte se encontrassem uma pena ou um pouco de madeira flutuante”, aponta Goldstein. Agora pedaços de plástico flutuante são mais comuns e oferecem uma superfície na qual eles podem depositar seus ovos amarelos e brilhantes, do tamanho de um grão de arroz.
Apesar de os pesquisadores terem encontrado um aumento no número de ovos, não acharam aumento no número de insetos. Isso pode se dever ao fato de não haver amostras suficientes do início dos anos 70 com as quais compará-los adequadamente, mas também é provável que caranguejos ou peixes possam estar comendo esses ovos, aponta Miriam.
Pesquisadores se preocupam com a possibilidade de essa proliferação plástica dar a esses insetos, micróbios, animais e plantas que crescem diretamente no plástico, uma vantagem sobre animais oceânicos que não estão associados com superfícies sólidas, como peixes, lulas, pequenos crustáceos e águas-vivas. “Ainda que esses organismos [que crescem diretamente no plástico] sejam nativos, são como ervas-daninhas”, explica Miriam, já que crescem, se reproduzem e morrem rapidamente. Em contraste, os organismos na coluna de água tendem a ser mais biodiversos. Mais da metade do oceano é parte dos giros subtropicais, e mudar a maneira como eles funcionam entupindo-os de lixo plástico poderia ter consequências imprevisíveis. “Apesar de nosso estudo só examinar um inseto em uma área do oceano, ele mostra que pedaços diminutos de plástico têm o potencial de alterar a ecologia do mar aberto”, destaca ela
ScientificAmerican

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