Conhecido também como dendê, o óleo de palma é um dos óleos vegetais
mais consumidos no mundo, com as mais diversas aplicações na indústria,
desde frituras industriais, chocolates, massas, margarinas, cremes vegetais,
biscoitos, sorvetes e cosméticos até detergentes, sabões e sabonetes.
Ele faz parte da nossa vida mesmo que a gente não saiba, já
que frequentemente é colocado nos rótulos como óleo vegetal, tornando
difícil a sua identificação nos produtos direcionados ao consumidor
final.
Uma de suas principais características é a
alta produtividade. Um hectare da palmeira do dendê produz, em
média, 5 toneladas de óleo – no caso da soja, esse número é de meia tonelada.
Isso explica por que ele tem sido também cada vez mais utilizado na
produção de biodiesel. A produtividade do dendezeiro permite a
utilização, em igual produção, de seis a nove vezes menos terras do que as
outras oleaginosas, segundo o site Biodieselbr.
O problemaO cenário parece promissor. Se o óleo é tão
produtivo, onde está o problema?
O plantio da palma é considerado um dos maiores responsáveis por
desmatamentos destrutivos dos tempos atuais. O custo, no final das
contas, é muito alto. O ônus principal, claro, vai para os países que mais
produzem, Indonésia e Malásia, e sacrificam suas florestas
primárias e riquezas de biodiversidade em nome da renda adquirida com a
exportação do produto para grandes corporações mundiais.
Dados de um artigo do site Ecologist, traduzido pelo site Nosso Futuro Comum, mostram que a demanda
por óleo de palma dobrou na última década e deve dobrar novamente até
2020. Hoje, os dois países asiáticos respondem, juntos, por mais da
metade do total de óleo no mundo. Tanta produção tende ao esgotamento. Estudos dão conta de que a Indonésia e a Malásia não terão
mais terras cultiváveis daqui a dez anos.
Nestes países, as áreas de floresta são os últimos habitats remanescentes de
animais ameaçados, como o tigre da Sumatra, o rinoceronte asiático e o
orangotango.
Em 2010, o
Greenpeace iniciou uma campanha mundial para protestar contra grandes corporações que
compram óleo de palma de produtores que desmatam. A crítica é aos produtos da
linha Dove, da Unilever:
Após repercussão da campanha, as empresas se compremeteram a excluir da sua
lista de fornecedores companhias que possuam ou gerenciem “plantações ou
fazendas de alto risco ligadas ao desmatamento”.
Além de todos os problema decorrentes do desmatamento, muitas florestas estão
localizadas sobre turfas – sumidouros de carbono natural que contém grandes
reservas de gases de efeito estufa. “Os produtores de palma, pela queimada que
fazem das copas da floresta e pela drenagem da turfa, inadvertidamente liberam
este carbono estocado para a atmosfera”, explica o artigo do Ecologist.
“Esquemas de certificação sustentável foram criados, mas os ecologistas cada vez
mais questionam se realmente esta alternativa funciona”.
No BrasilPor aqui, o Governo
Federal criou, em 2010, o Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma no Brasil,
baseado nas diretrizes de preservação de vegetação nativa, produção integrada à
agricultura familiar e com ênfase em áreas degradadas da Amazônia Legal e na
reconversão de áreas utilizadas para cana de açúcar.
O Zoneamento Agroecológico da Palma delimitou apenas áreas aptas em regiões
que sofreram ação humana. Com a proibição do desmatamento de área de vegetação
nativa para plantio em todo território nacional, o total de áreas aptas caiu de
232,8 milhões para 31, 8 milhões de hectares – em 96,3% do território nacional
não é permitido plantar palma.
Mesmo com o programa, o plantio sustentável de
palma pode gerar desmatamento indireto, como explica o Greenpeace. Isso porque o gradativo aumento da
produção pode empurrar setores como gado e alimentos para cima de áreas cobertas
com floresta.
Superinteressante.com
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