quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Proteger a Amazônia ou produzir mais carne?

 Proteger a Amazônia ou produzir carne para um mundo cada vez mais carnívoro? Este é um dos grandes dilemas do Brasil, que para o engenheiro Carlos Nobre, doutor em Meteorologia e secretário para políticas e programas de pesquisa e desenvolvimento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tem solução: uma pecuária mais eficiente.
Nos últimos 3 a 4 anos, a Amazônia reduziu o desmatamento em cerca de 75% e o cerrado, em cerca de 50%. Manter essas baixas taxas é um esforço permanente.
Tem muito a ver com políticas públicas, de fiscalização e controle, mas também com o fato de que a agricultura brasileira começou a se convencer de que o caminho de qualquer agricultura no mundo – e o Brasil é uma potência agrícola – é a eficiência.
O desmatamento não tinha nada a ver com eficiência. No Brasil, a média de ocupação de cabeças de gado ainda é muito baixa. São 200 milhões de hectares com 200 milhões de cabeças de gado.
Uma cabeça de gado por hectare, quando o potencial econômico de ocupação é de 3 ou 4 por hectare numa pecuária moderna. A Embrapa (nr: Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) tem feito estudos mostrando que o Brasil poderia produzir 20% mais com 35% menos área até 2022. A palavra-chave é eficiência: a pecuária brasileira é muito pouco eficiente.
As metas são factíveis, em grande parte pela redução do desmatamento ilegal nos grandes biomas, Amazônia e cerrado (...) Como os desmatamentos diminuíram rapidamente, as estimativas de emissões em 2010 indicam uma redução de 40% com relação em 2005. O Brasil está fazendo o seu papel, mas o esforço é permanente.
Após 2020, quando teremos uma matriz de emissões muito parecida com a de países industrializados, com a maior parte das emissões de energia e agricultura e não de desmatamento, o desafio ainda é maior porque o caminho é o das energias renováveis, onde o Brasil tem enorme potencial.
A agricultura brasileira também tem enorme potencial de reduzir emissões e avançamos muito nessa área. Em 2010 foi lançado o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e os agricultores finalmente começaram, em 2012, a acessar este crédito, subsidiado para atividades agrícolas.
Todas as atividades previstas no programa ABC são de aumento da eficiência, o que eleva a produtividade e diminui as emissões. Com um programa ABC forte, as emissões da agricultura brasileira em 10 a 15 anos vão ser muito menores.
Exame.com

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