O estudo diz que o número de químicos EDCs - químicos com efeitos
endocrinológicos, na sigla em inglês - aumentou "dramaticamente" entre 2000 e
2012, e muitos não são testados quanto a seus efeitos na saúde humana e na vida
selvagem.
Eles incluem aditivos em embalagens, brinquedos, bens de consumo
(eletrônicos, móveis, produtos de limpeza), produtos de cuidados pessoais
(xampus, cremes, sabão) e farmacêuticos.
"Humanos estão expostos a EDCs por diversas formas, incluindo ingestão de
comida, poeira, água, inalação e pela pele", aponta o relatório, feito em
parceria da Organização Mundial da Saúde e a agência da ONU para o meio ambiente
(Unep).
"Esses químicos vêm de fontes variadas, entram no meio ambiente durante a
produção, o uso ou a eliminação de químicos e produtos e provocam diferentes
(efeitos)."
O problema, diz o relatório, é que é ainda há poucos dados sobre como esses
EDCs são produzidos e onde são colocados. Também faltam estudos detalhados sobre
seus efeitos no sistema hormonal e sua relação com doenças específicas.
O que se acredita é que a exposição a muitos desses químicos pode estar
ligada a casos de câncer de mama, tireoide e próstata, deformações em bebês,
hiperatividade em crianças, diabetes, asma, obesidade, males de Alzheimer e
Parkinson, derrames e queda de fertilidade.
Crianças podem entrar em contato com EDCs no ventre da mãe ou na infância,
colocando coisas na boca.
Produtos químicos
Entre os produtos químicos que, segundo a ONU, podem alterar o sistema
hormonal estão ftalatos (usados em plásticos maleáveis e na produção de
brinquedos, perfumes e farmacêuticos, inclusive desodorantes); bisfenol A
(também chamado BPA, substância usada para endurecer plásticos e encontrada em
embalagens de bebidas e alimentos).
O relatório diz também que níveis relativamente altos de bifenil policlorado
já foram encontrados em atuns coletados na costa do Brasil; o componente é um
dos fatores de risco para câncer de mama.
Por enquanto, são poucos os países - EUA, Canadá e algumas nações europeias -
que baniram o uso de alguns EDCs, especialmente em itens usados por
crianças.
"No momento, apenas uma pequena parcela de químicos e poucos tipos de EDCs
são medidos, fazendo deles a ponta do iceberg", prossegue o estudo, agregando
que muitos produtos não declaram esses aditivos químicos em suas embalagens.
"Deve ser uma prioridade global desenvolver habilidades para medir possíveis
EDCs e desenvolver um mapa detalhado das exposições (a que estamos sujeitos)."
Vida selvagem
O relatório da ONU também levanta preocupações quanto ao impacto dos EDCs na
vida selvagem.
No Alasca (EUA), a exposição a alguns químicos pode ter contribuído para
defeitos reprodutivos, infertilidade e má-formação em algumas populações de
veados.
Grupos de lontras e leões marinhos também estão sob risco por estarem em
contato com químicos presentes em pesticidas.
"Uma vez que um EDC entra no corpo de um (animal) invertebrado, um peixe, ave
ou mamífero através da água ou da comida, o químico pode ser transportado a
diferentes tecidos, onde pode ser metabolizado, excretado ou armazenado", aponta
o estudo.
BBC
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