O carnaval, do latim carnis levale, retirar a carne, ou seja, eliminar a carne da mesa, acontece antes da Quaresma, o período que vai da Quarta-feira de Cinzas até o domingo de Páscoa, época de jejum e abstinência. O francês medieval designava o período dos três últimos dias antes da Quaresma com o termo carême-prenant, sinônimo de pessoa que vestia de modo extravagante, parecendo estar fantasiada. Mais tarde, a expressão passou a ser aplicada à Terça-Feira Gorda, o último dia de folguedos iniciados na Epifania. Posteriormente a festa do carnaval foi incorporada pelo cristianismo, que, para assimilá-la, atribuiu-lhe características próprias, regionalmente. Em linhas gerais, a festa já existia na Antiguidade clássica.
Na Babilônia, mais de mil anos antes de nossa era, a festa estival das Saceias se caracterizava por uma inversão da hierarquia. Durante cinco dias, o serviçal tinha o mesmo estatuto que o senhor. Um prisioneiro assumia o lugar do rei. Usando as insígnias do poder, ele comia à mesa real e se deitava com suas esposas. Na quinta noite, o falso rei era chicoteado, e depois enforcado ou empalado. Outras comemorações em que alguém tomava o papel do soberano tinham a função de protegê-lo, e, assim, proteger a sociedade. Diante de uma ameaça, o monarca cedia seu título e atributos a um “substituto real”. Quando a paz era restabelecida, o falso rei era morto, e o verdadeiro recuperava o trono.
Outro rito, que durava cerca de 11 dias, acontecia no Ano-Novo babilônio, que coincidia com o equinócio de primavera no Hemisfério Norte (21 de março). Os festejos eram realizados no templo de Marduk, a mais importante divindade babilônia. Ao fi m de quatro dias, o rei, despojado de suas insígnias de grande sacerdote, era humilhado, surrado e, diante da estátua sagrada, prostrava-se e declarava não ter abusado de seu poder. Em seguida, era novamente sagrado rei; garantindo a regeneração do reino. Essa inversão de papéis a cada ano, com objetivo de relançar o justo ordenamento do mundo, lembra uma das funções essenciais do carnaval. Alguns antropólogos veem nesse antigo rito mesopotâmico, que teria sido transmitido pelos persas ao Ocidente, uma de suas principais fontes.
Na Babilônia, mais de mil anos antes de nossa era, a festa estival das Saceias se caracterizava por uma inversão da hierarquia. Durante cinco dias, o serviçal tinha o mesmo estatuto que o senhor. Um prisioneiro assumia o lugar do rei. Usando as insígnias do poder, ele comia à mesa real e se deitava com suas esposas. Na quinta noite, o falso rei era chicoteado, e depois enforcado ou empalado. Outras comemorações em que alguém tomava o papel do soberano tinham a função de protegê-lo, e, assim, proteger a sociedade. Diante de uma ameaça, o monarca cedia seu título e atributos a um “substituto real”. Quando a paz era restabelecida, o falso rei era morto, e o verdadeiro recuperava o trono.
Outro rito, que durava cerca de 11 dias, acontecia no Ano-Novo babilônio, que coincidia com o equinócio de primavera no Hemisfério Norte (21 de março). Os festejos eram realizados no templo de Marduk, a mais importante divindade babilônia. Ao fi m de quatro dias, o rei, despojado de suas insígnias de grande sacerdote, era humilhado, surrado e, diante da estátua sagrada, prostrava-se e declarava não ter abusado de seu poder. Em seguida, era novamente sagrado rei; garantindo a regeneração do reino. Essa inversão de papéis a cada ano, com objetivo de relançar o justo ordenamento do mundo, lembra uma das funções essenciais do carnaval. Alguns antropólogos veem nesse antigo rito mesopotâmico, que teria sido transmitido pelos persas ao Ocidente, uma de suas principais fontes.
Celebrado pelos judeus, o Purim – palavra de origem acadiana que significa “sorteio” – parece ser herdeiro da festa mesopotâmica. Ele é co-memorado antes da Páscoa judaica, que corresponde à salvação, pela rainha Ester, dos judeus exilados na Babilônia. Na Assíria, acontecia em 5 de março a festa de Ísis, a mais popular divindade egípcia. Mascarados, seus adoradores caminhavam em procissão à frente da carroça que transpor-tava a barca oferecida à deusa, protetora dos navegantes. Em Roma, as saturnais, dedicadas ao deus da semeadura e da colheita, Saturno, eram celebradas no solstício de inverno e duravam uma semana. Elas se caracterizavam também pela suspensão das obrigações e barreiras sociais. Essa festa deu origem a inúmeros festins nos quais os senhores punham sobre a cabeça o gorro de escravos e os serviam. Por sorteio, era escolhido um pseudorrei, que podia exigir e dizer o que quisesse, durante aqueles cinco dias em que tudo era permitido. Outra cerimônia ainda, a das lupercais, acontecia em 15 de fevereiro, o mês dos espíritos e das purificações.
A partir século II, os chamados Pais da Igreja consideravam essas festas como manifestações de Satanás. Afinal, qualquer um que invertesse a ordem das relações sociais ou dos sexos penetrava no reino do demônio; e o ser humano, criado à imagem de Deus, cometia assim um grave pecado, ao modificar sua aparência. Contudo, o cristianismo, que começava a se impor, tirou proveito de alguns desses festejos mascarados, incorporando-os e adaptando--os ao calendário da Igreja. As tradicionais calendas romanas de janeiro, que comemoravam o Ano-Novo, foram estendidas a todo o império cristão, e sua duração passou a ser de três dias.
A Igreja instituiu que no dia 31 de dezembro a festa começasse por lautas refeições em família: a abundância e a variedade dos alimentos eram símbolo de prosperidade para todo o ano que começava. O 1º de janeiro, dia dos votos e prendas privadas e públicas, passou a ter o selo da troca de presentes, banquetes e danças que entravam noite adentro. No dia 2, ficava-se em casa, para se recuperar dos excessos. No dia 3, a festa recomeçava e atingia seu ápice, com a distribuição de moedas à multidão, espetáculos de circo e desfiles de mascarados. O ritual pagão do Ano-Novo foi incorporado ao novo calendário cristão, que no século VI teve fixado o nascimento de Cristo no dia 25 de dezembro e a visita dos reis magos em 6 de janeiro.
História Viva
A partir século II, os chamados Pais da Igreja consideravam essas festas como manifestações de Satanás. Afinal, qualquer um que invertesse a ordem das relações sociais ou dos sexos penetrava no reino do demônio; e o ser humano, criado à imagem de Deus, cometia assim um grave pecado, ao modificar sua aparência. Contudo, o cristianismo, que começava a se impor, tirou proveito de alguns desses festejos mascarados, incorporando-os e adaptando--os ao calendário da Igreja. As tradicionais calendas romanas de janeiro, que comemoravam o Ano-Novo, foram estendidas a todo o império cristão, e sua duração passou a ser de três dias.
A Igreja instituiu que no dia 31 de dezembro a festa começasse por lautas refeições em família: a abundância e a variedade dos alimentos eram símbolo de prosperidade para todo o ano que começava. O 1º de janeiro, dia dos votos e prendas privadas e públicas, passou a ter o selo da troca de presentes, banquetes e danças que entravam noite adentro. No dia 2, ficava-se em casa, para se recuperar dos excessos. No dia 3, a festa recomeçava e atingia seu ápice, com a distribuição de moedas à multidão, espetáculos de circo e desfiles de mascarados. O ritual pagão do Ano-Novo foi incorporado ao novo calendário cristão, que no século VI teve fixado o nascimento de Cristo no dia 25 de dezembro e a visita dos reis magos em 6 de janeiro.
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