Com a aposentadoria dos ônibus espaciais e mesmo com a contribuição à ciência e tecnologia, os experimentos feitos nos ônibus vão ter fim no pouso do Atlantis. Com o auxílio de astronautas, experimentos enviados ao espaço resultaram em produtos usados diariamente na Terra.
O programa de ônibus espacial trouxe muitos benefícios ao planeta. Ele ajudou a melhorar o conhecimento sobre o universo e nossos planetas vizinhos, criou um dos mapas topográficos mais detalhados da Terra, está ajudando médicos a entender o processo de envelhecimento humano e até melhorou a qualidade do leite em pó.
Muitos creditam ao programa Apollo a criação de novas tecnologias, como o velcro, revestimentos de teflon mas essas coisas foram usadas pela Nasa, não inventadas pela agência espacial.
Ainda assim, o programa de ônibus espacial não recebe o reconhecimento devido. Existem muitos críticos ao programa, mas os cientistas que trabalham no projeto afirmam que a pesquisa dos ônibus compensou o investimento e muito.
Eles não foram construídos para a pesquisa científica. No entanto, tanto o ônibus quanto a Estação Espacial Internacional (ISS) - que não teria sido construída sem a frota -, são lugares sem precedentes para questões importantes da ciência, segundo o pesquisador Neal Lane, físico da Rice University(EUA).
Para ele, as pessoas tendem a subestimar a crescente compreensão sobre biologia humana provida pela ISS e pelos ônibus espaciais, "aprendemos muito sobre o corpo humano que não teríamos como, a não ser operando no espaço e por longos períodos".
O pesquisador diz estar bastante animado com o acelerador de partículas instalado durante a última missão do Endeavour, em maio.
Astronautas perdem força óssea, têm problemas de equilíbrio e deficiências no sistema imunológico que são semelhantes ao envelhecimento. Estudar como combater a perda óssea em astronautas com exercícios e outras atividades físicas pode ajudar quem está na Terra.
Ainda assim, o campo mais beneficiado foi a astronomia. O maior exemplo é o Telescópio Hubble, que mudou nossa visão do espaço e nossa compreensão da idade do Universo. Ele foi lançado por um ônibus espacial, consertado por um ônibus espacial e atualizado quatro vezes por seus tripulantes em caminhadas espaciais. Sem isso, a visão que temos hoje do resto do Universo é que estaria um tanto desfocada.
Os ônibus lançaram três outras Sondas importantes: "Galileo", que permitiu observar Júpiter e suas luas de perto; "Magellon", que mapeou o quente e caótico Vênus, e "Ulysses", que examinou a influência do Sol nas fronteiras do Sistema Solar.
Outro feito subestimado é o de um voo de 2000, que levou à órbita um conjunto de radares especiais que mapeou a maior parte do planeta, incluindo locais inascessíveis, anteriormente, como selvas e picos de montanhas, com as medições topográficas mais precisas até aquele momento. Isso foi muito mais importante para a aviação e planejamento militar.
Outro item pouco conhecido do ônibus espacial é o biorreator. Projetado inicialmente para a cultura de células e tecidos em experiências com gravidade zero, é usada na Terra para vários tipos de pesquisas biomédicas. Biorreatores podem fazer com que culturas biológicas cresçam simulando a gravidade zero por rotação, e com isso, cientistas conseguem direcionar o crescimento de tecidos em formatos pré-estabelecidos. Esta é ainda uma tecnologia em desenvolvimento.
Os pesquisadores estavam procurando jeitos de melhorar a comida dos astronautas e analisando algas, encontraram um nutriente visto apenas em leite humano e o desenvolveram. Agora, a substância está presente em 95% das fórmulas de leite em pó infantil.
Outro item é um material criado para trajes espaciais que controla a temperatura. Esse material que esfria o corpo está agora em meias, roupas para esporte e até mesmo em alguns ternos masculinos.
Outro item é um material criado para trajes espaciais que controla a temperatura. Esse material que esfria o corpo está agora em meias, roupas para esporte e até mesmo em alguns ternos masculinos.
O cirurgião Michael DeBakey ajudou a desenvolver uma pequena bomba cardíaca, feita para pacientes que precisam de transplantes. A engenhoca é baseada nos fluídos que se movem pelos motores principais dos ônibus espaciais. O dispositivo já foi implantado em algumas centenas de pacientes.
A agência também desenvolveu uma ferramenta para bombeiros que resgata vítimas de acidentes sem o uso de energia elétrica e um dispositivo que desativa minas terrestres com segurança.
Muitas vezes os próprios astronautas dos ônibus espaciais eram coautores dos estudos publicados por terem se familiarizado com os experimentos que precisavam conduzir.
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