sábado, 16 de julho de 2011

Gregos e macedônios brigam por Alexandre o Grande

A relação da Macedônia, um pequeno país encravado nos Bálcãs, com seus vizinhos está longe de ser considerada fácil. Búlgaros veem os macedônios como búlgaros com sotaques. A Sérvia costuma considerar o país como a Sérvia do Sul. Os gregos acusam o país de nada menos do que roubar seu nome, história e símbolos nacionais. Agora, a Macedônia reagiu.
Numa exibição precisamente calibrada de engenharia política e civil, o país ergueu uma estátua de bronze de 14,6 metros de Alexandre, o Grande, com 30 toneladas, na praça central de Skopje, a capital.
Segundo Vasiliki Neofotistos, o antropólogo da State University of Nova York, que estuda política de identidade na Macedônia, "essa é a maneira de a Macedônia afirmar sua existência nacional. Quer avançar a tese de que representa uma pedra fundamental para a civilização ocidental".
Não se trata meramente de uma questão filosófica. O vínculo com um heroi histórico ajuda a elevar a auto-estima de um povo que acredita ter sido marginalizado por séculos.
O conflito diplomático com os gregos é antigo. Quando a Macedônia declarou independência da Iugoslávia, em 1991, a Grécia imediatamente protestou quanto ao nome e à bandeira, acusando o novo país de fazer reivindicações ao território grego e de tentar separar a antiga civilização macedônia da cultura helênica. Os macedônios tinham a expectativa de se unir à Otan em 2008. Os gregos levantaram o veto por discordar do nome do novo país.
A estátua é parte de um controverso tratamento de imagem para o centro Skopje, o que inclui a construção de um arco do triunfo, quinze novos edifícios e a remodelação de prédios antigos.
A política de identidade macedônia é ainda mais complicada pelo fato de 25% da população do país ser de albaneses étnicos. Em 2001, o Exército Nacional de Libertação Albanês se envolveu numa guerra de seis meses contra as forças de segurança da Macedônia - sem obter sucesso.
O encanto da tradição macedônica tem crescido. Alexandre ajudou a apoiar a nação contra o trauma do livre mercado, conflitos políticos e independência, afirmou o arqueólogo do Ministério da Cultura Pasko Kuzman: "Alexandre conquistou o mundo. Você abriria mão de algo assim? Acho que não", encerra ele numa tentativa de xeque-mate.

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