Pesquisadores israelenses encontram local que seria ligado a um dos reis mais sábios e ricos da História Antiga. Mas a realidade é bem diferente do texto bíblico.
"Salomão recebia 666 talentos (25 toneladas) de ouro por ano. Todos os objetos de seu palácio eram feitos de ouro puro. Era mais sábio e mais rico do que qualquer um dos reis da Terra.” A narrativa bíblica sobre o tesouro do rei Salomão provoca fascínio desde os tempos antigos. De acordo com o livro, a fortuna do monarca provinha de minas em “Ofir”. Como a localização exata nunca é expressa nas escrituras, o relato despertou a imaginação (e a cobiça) de diversos exploradores ao longo dos séculos. Neste ano, pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, descobriram numa antiga jazida do sul do país objetos com cerca de 3 mil anos que ajudam a revelar como era a vida naquelas que podem ser as verdadeiras minas do rei Salomão. O achado mostrou que as coisas por ali eram bem diferentes do que se imaginava.
Os cientistas responsáveis pelo levantamento encontraram raros materiais orgânicos, incluindo tecidos, cordas e sementes. Os têxteis datam do reinado de Salomão (c. 970-931 a.C.) e mostram que a moda da época era extraordinária para o período, sendo comparável à era romana, que alcançou seu auge mais de um milênio depois. Foram achadas partes das vestimentas de artesões qualificados, que comandavam as jazidas e estavam no alto da sociedade estratificada de então. “Alguns desses panos foram feitos com tecnologia avançada, e outros possuem corantes e designs sofisticados”, disse à ISTOÉ Erez Ben-Yosef, arqueólogo responsável pela descoberta. “São os únicos daquele tempo já achados na região.”
Param por aí, porém, os luxos extraídos das galerias. A Bíblia foca no ouro, enquanto o romance “As Minas do Rei Salomão”, de Rider Haggard, que apresentou o mito para a era moderna em 1885, fala de diamantes. Era cobre, no entanto, o que realmente se extraía dali. O metal foi uma das riquezas da época por ser usado para fabricar ferramentas e armas, vitais para as sociedades antigas. “O minério era fonte de grande poder, tanto quanto o petróleo hoje”, afirma Ben-Yosef. A pesquisa concluiu ainda que os operadores da mina não eram os hebreus do rei Salomão, mas o povo seminômade dos emitas. Os arqueólogos mostram que, ao contrário do que conta a Bíblia, eles não eram inimigos dos judeus, mas parceiros comerciais.
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