quarta-feira, 6 de abril de 2016

Por que a China está disparando petróleo rumo ao espaço?

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Nesta quarta-feira (6), o satélite SJ-10 da China será lançado em órbita a partir da remota base espacial de Jiuquan, no deserto de Gobi. O evento seria banal se não fosse a carga bastante incomum do satélite: seis cilindros de titânio com petróleo bruto, comprimido a 500 vezes a pressão atmosférica comum.
Lançar material em órbita é caro, e nós não precisamos de petróleo no espaço exterior – a maioria dos foguetes hoje funciona com hidrogênio e oxigênio líquido. Mas a China não está interessada em criar uma frota de naves espaciais movidas a gasolina: ela quer encontrar mais petróleo na Terra.
E estranhamente, realizar testes em gravidade zero pode ser a melhor maneira de fazer isso. O Experimento do Coeficiente de Soret no Petróleo Bruto consiste em seis pequenas amostras altamente comprimidas, e vai estudar como a mistura de moléculas encontradas no petróleo se redistribui sob pressões intensas e temperaturas irregulares.
 
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O experimento Soret Coefficient in Crude Oil (ESA-A. Verga)
 
E essa informação é de grande interesse para as companhias de petróleo chinesas e europeias: elas esperam que isso nos leve a mais reservas de combustíveis fósseis aqui na Terra.
“Acredita-se que, no subterrâneo profundo, a pressão esmagadora e a temperatura alta – que aumentam quanto maior a profundidade – causam um efeito de difusão: os componentes do petróleo se deslocam devido à temperatura, basicamente desafiando a gravidade”, diz Olivier Minster, cientista da Agência Espacial Europeia e parceiro no projeto, em comunicado.
“Ao longo de eras geológicas, os depósitos mais pesados ​​acabam subindo, enquanto os mais leves afundam”, continua Minster. “O objetivo é quantificar esse efeito na ausência de gravidade. Isso tornará mais fácil criar modelos de computador de reservatórios de petróleo, que irão ajudar a orientar futuras decisões sobre a sua exploração.”
É algo curioso ver agências espaciais sendo contratadas por empresas de petróleo – PetroChina e a francesa Total – para nos ajudar a descobrir mais combustíveis fósseis.
E isso meses após o Acordo de Paris, compromisso firmado entre 195 países para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Para isso, vários governos no mundo se comprometeram a reduzir atividades como a queima de combustíveis fósseis.
No entanto, este ainda parece ser um experimento fascinante. A ESA diz que os cilindros de petróleo estão entre os itens de maior pressão já enviados para o espaço, e foram feitos para suportar mais que o dobro da pressão que aguentam normalmente.

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