A Apple, a maior empresa de capital aberto do mundo, sofreu a primeira queda no lucro e no faturamento em mais de uma década. A companhia sediada em Cupertino lucrou 10,5 bilhões de dólares (cerca de 37 bilhões de reais) nos primeiros três meses de 2016, 23% menos do que há um ano. O faturamento caiu 13%, para 50,6 bilhões. As vendas do iPhone, seu principal produto, caíram pela primeira vez desde que foi lançado, há nove anos. Esse desempenho também foi influenciado pela desaceleração econômica da China.
Os resultados correspondem ao segundo trimestre do exercício fiscal. A última vez que sua atividade sofreu contração foi no primeiro trimestre de 2003, quando ou faturamento dependia do PowerMac e no metrô de Nova York se viam cada vez mais jovens ouvindo música no iPod. Uma queda nas vendas de dois dígitos não acontecia desde 2001. As ações da Apple caíram 8% depois da divulgação dos resultados e fez evaporar 46 bilhões de capitalização.
A Apple registrou, há um ano, 58 bilhões de dólares de faturamento, o que lhe permitiu atingir um lucro de 13,6 bilhões. Tim Cook, o CEO, havia antecipado, em janeiro, que as vendas do iPhone cairiam pela primeira vez desde que o produto foi lançado, no verão de 2007. “O resultado é condizente com nossas expectativas”, afirmou. Para onde for o telefone irá a empresa, porque dois terços das vendas são gerados pelo seu principal produto.
No último trimestre, 51,1 milhões de unidades do iPhone foram vendidas, o que representa uma queda de 16% em relação ao segundo trimestre do exercício de 2015. No primeiro as vendas estagnaram, depois de terem crescido a uma taxa superior a 50%. Isso não se deve apenas ao fato de que a Apple teve um melhor desempenho um ano atrás graças ao novo iPhone de tamanho grande. A situação econômica também é mais complexa no início de 2016. “O mercado de telefones celulares não está crescendo”, admitiu Cook.
Além disso, o padrão se repete em cada ciclo. A maioria dos usuários de iPhone prefere aguentar até a próxima grande mudança antes de substituir o aparelho. Por isso, os analistas esperam que o futuro iPhone 7 consiga reavivar o entusiasmo dos consumidores fiéis à Apple na temporada de compras natalinas. No entanto, isso significa que haverá novas quedas nas vendas no trimestre atual. Cook se disse, contudo, “otimista”. “É uma situação temporária”, prognosticou.
Ponto de inflexão
Os analistas da Raymond James, que há tempos antecipam que o crescimento da Apple chegaria a um ponto de inflexão, estimam que 212 milhões de unidades do iPhone serão vendidas no exercício de 2016. Será a primeira queda anual desde que o aparelho chegou ao mercado. No ano passado foram vendidas 231 milhões de unidades. Isso afetará os fabricantes de componentes como a Qualcomm e a Jabil Circuit.
A Apple continua apostando fortemente na China, mas o mercado começa a ficar saturado de telefones celulares como nos Estados Unidos e na Europa, o que dificulta o crescimento da empresa norte-americana. As vendas nessa região somaram 12,49 bilhões de dólares, 26% a mais do que um ano atrás. É o segundo maior mercado depois das Américas, onde faturou 19,1 bilhões, 10% a menos.
Enquanto isso, o tablet iPad teve nove trimestres consecutivos de quedas nas vendas ao baixar em um ano de 12,6 milhões de unidades para 10,3 milhões. E isso apesar de ter lançado um novo modelo para profissionais, para competir com o Surface Pro, da Microsoft. O Apple Watch também decepciona. As vendas de computadores Mac foram de quatro milhões de unidades, uma queda de 12%.
Necessidade de diversificar
Cook também disse, há três meses, que a Apple tem de adaptar seu modelo de negócio para poder tirar proveito do mais de 1 bilhão de dispositivos que funcionam com seu sistema operacional e oferecer-lhes serviços para assim diversificar sua base de receitas, tais como Apple Pay, iCloud e Apple Music. Esse setor cresceu 20% no ano e dobrará nos próximos cinco.
O desempenho em Bolsa das ações da Apple reflete essa situação. É o pior valor do Dow Jones no último ano, ao cair 18%, enquanto o índice permaneceu relativamente estável. As ações subiram cerca de 5% desde a última vez que apresentou resultados, em comparação com a valorização de 12% das empresas que compõem o índice de Wall Street. Estão no negativo de 1% em 2016. O mínimo mais recente é de 92 dólares por ação.
El País.com
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