Uma equipe internacional de astrônomos, liderada pelo português David Sobral, anunciou hoje (17) a descoberta da galáxia mais brilhante dos primórdios do Universo.
Batizada com a sigla CR7, a galáxia está em uma zona do céu chamada de Cosmos. Ela é três vezes mais brilhante do que a antiga dona do posto, a Himiko.
Só no campo da luz visível, a CR7 chega a ser cerca de um trilião de vezes mais luminosa do que o Sol. De acordo com David Sobral, a CR7 pode ter sido "a primeira janela" para as estrelas de primeira geração, que nasceram quando o Universo estava ainda dano 'os primeiros passos' e com massa de "cem a mil vezes" superior à do Sol, sendo, por isso, "extremamente quentes e luminosas, mas com um período de vida muito curto".
Para o astrônomo, que trabalha no Observatório de Leiden, na Holanda, a descoberta abre, em suma, caminho "não só para as primeiras fontes de luz do Universo, mas também para as estrelas", que, "ao formarem pela primeira vez elementos pesados", como carbono, oxigênio e nitrogênio, "quando explodiram no final das suas vidas, como supernovas, permitiram a existência de vida", incluindo humana.
O investigador esclareceu que as primeiras estrelas terão sido formadas por hidrogênio, hélio e pequenos vestígios de lítio, materiais que resultaram do Big Bang, 'fogo-de-artifício' de partículas que marca as origens do Universo, que tem perto de 14 bilhões de anos.
Outro indício que a equipe de David Sobral verificou, provando a existência da primeira geração de estrelas, a População III, é que "a zona da galáxia CR7 mais brilhante, e com as primeiras estrelas, estava fisicamente separada das zonas ligeiramente mais normais, com estrelas um pouco mais normais", como o Sol.
O brilho da CR7, assinalou, é visível tal como as pessoas estão habituadas a ver quando olham para uma estrela, sendo proveniente de "estrelas extremamente jovens e do gás que está sendo aquecido e ionizado por uma fonte [de radiação] ultravioleta [não visível aos olhos] absolutamente impressionante".
A descoberta da sua equipe, publicada na revista 'Astrophysical Journal', foi feita graças a observações obtidas com os telescópios terrestres VLT, W.M. Keck e Subaru e espacial Hubble.
Tecnicamente, a CR7, que chega a ser quase 20 vezes mais quente do que a superfície do Sol, é a abreviatura de Cosmos (zona do céu onde a galáxia foi detetada) Redshift (desvio para o vermelho) de 7. Quanto maior o desvio para o vermelho (no espetro da luz) de uma galáxia, mais distante ela está. Neste caso, desvio para o vermelho de 7 significa que a CR7 está a 12,9 mil milhões de anos-luz da Terra.
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