sexta-feira, 12 de junho de 2015

O Pantanal e o equilíbrio ambiental que vem das Áreas Úmidas

Áreas Úmidas são ecossistemas de altíssima relevância ecológica fundamentais para a manutenção dos estoques de água do mundo, o equilíbrio climático e provedoras de serviços ambientais indispensáveis para a produção de alimentos e a sociedade em geral. Por sua importância estratégica mereciam um regime de proteção especial e deveriam ter alta prioridade política. Mas ao contrário disso, estudiosos constatam que as Áreas Úmidas estão sumindo do mapa.
São consideradas Áreas Úmidas toda a extensão de pântanos, charcos e turfas, várzeas, rios, pantanais, estuários, manguezais e até os recifes de coral. A maior planície alagável do planeta, partilhada por três países – Brasil, Paraguai e Bolívia – é o Pantanal.
 
O Pantanal Matogrossense, local onde pesquisadores estudam a ictiofauna do rio Paraguai (Foto: Projeto Bichos do Pantanal)
 
Cientistas estimam que as Áreas Úmidas ocupem cerca 20% do território nacional, sendo que 64% dessas áreas já despareceram desde 1900. Foram drenadas ou aterradas para os mais diversos fins. Pecuária não sustentável, represamentos, canalizações, monocultivo da cana-de-açúcar e da soja e a contaminação de solos e das águas devido ao uso descontrolado de agrotóxicos estão entre as principais ameaças.
O estudo de monitoramento das alterações da cobertura vegetal e uso do solo na Bacia do Alto Paraguai (BAP), localizado no bioma Pantanal, avaliou que dos 370 km² de área, foram desmatados 2.027 km² em relação a 2010. O diagnóstico foi feito pelas organizações WWF-Brasil, SOS Pantanal e pela Embrapa Pantanal, no período entre 2010 e 2012.
As análises apontam um percentual de 85,7% de cobertura vegetal na planície e de 40% no planalto, apresentando dinâmicas profundamente distintas entre estas duas regiões no que se refere ao uso e ocupação do solo, evolução socioeconômica e cultural. Porém totalmente dependentes.
Os impactos das atividades humanas nas cabeceiras dos rios que formam o Pantanal podem ser sentidas a centenas de quilômetros de sua origem, repercutindo sobre o ambiente e os modos de vida na planície inundável e nos outros países, como o Paraguai e a Bolívia que compartilham parte do Pantanal com o Brasil.
Alterações no ambiente natural pantaneiro podem colocar em risco a vida de espécies, alterar o equilíbrio ambiental e climático e afetar drasticamente populações humanas.
Para proteger o Pantanal é preciso olhar para todo o bioma e agir de modo integrado.  O primeiro desafio é proteger as Áreas Úmidas por meio de iniciativas que incentivem o manejo e o desenvolvimento de alternativas ao modelo econômico dominante na região.
Foi a partir desse apelo que representantes do WWF do Brasil, Bolívia e Paraguai chamaram a atenção de 800 delegados de 180 países para as ameaças que pairam sobre o Pantanal, durante a 12a Conferência das Partes (COP-12) da Convenção de Ramsar sobre Áreas Úmidas, realizada no início de junho em Punta del Este, no Uruguai.
A intenção de reverter o atual quadro de ameaças com uma agenda comum para uma atuação transfronteiriça no Pantanal, resultou na inclusão de um parágrafo na resolução da Conferência. Encabeçado pelo Governo da Bolívia, que convidou autoridades do Brasil e Paraguai presentes no evento, para assumir um compromisso de olhar com mais atenção a conservação e o desenvolvimento sustentável no Pantanal.
O reconhecimento dos países participantes da COP-12 sobre a importância de ações integradas lideradas pelos países que abrigam o Pantanal é um ponto de extrema importância, já que todos os signatários da convenção reconhecem a importância de um tratamento diferenciado a esses ambientes vitais à vida.
Pode parecer pouco, tendo em vista o tamanho do desafio, mas é um primeiro passo para a construção e o fortalecimento de políticas públicas efetivas e que possa marcar o início de esforços conjuntos da sociedade, iniciativa privada e do poder público para a manutenção desse importante ecossistema.
Época.com

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