Equipamento: o "mini" laboratório analisa amostras de materiais associados com a vida
A Nasa revelou essa semana que seus cientistas desenvolveram um aparelho do tamanho de um laptop que poderá detectar vida extraterrestre. O dispositivo é um pequeno laboratório capaz de analisar amostras de materiais associados com a vida.
"Se este instrumento for enviado ao espaço, ele será o dispositivo mais sensível de seu tipo a deixar a Terra e o primeiro a ser capaz de avaliar aminoácidos e ácidos graxos", disse Jessica Creamer, cientista da Nasa, em um comunicado da agência espacial.
Tanto aminoácidos quanto ácidos graxos são essenciais para manter a vida como conhecemos. Enquanto o primeiro é responsável pela construção de proteínas, o segundo é o principal componente das membranas celulares.
Contudo, ambos também podem ser formados fora da natureza, ou seja, sem qualquer sinal de vida. Devido a essa complicação, o dispositivo foi criado para diferenciar entre as versões do ácido que são construídas biologicamente e as que ocorrem naturalmente.
Existem dois tipos de aminoácidos: “canhotos” e “destros” -- na Terra, a maioria dos aminoácidos são “canhotos”. Assim, “se um teste encontrar uma mistura em que existe 50% de aminoácidos canhotos e 50% de destros, podemos concluir que a amostra provavelmente não era de origem biológica”, conta Creamer.
“Porém, se encontrarmos um excesso de 'canhotos' ou 'direitos', esse seria o bilhete dourado. Essa seria a melhor evidência até agora de que existe vida em outros planetas”, finaliza a cientista.
Como o equipamento funciona
Para encontrar aminoácidos e ácidos graxos, o aparelho necessita de uma amostra líquida. No entanto, como Marte e outros planetas são extremamente áridos, essa tarefa pode se tornar um pouco complicada.
Pensando nisso, os pesquisadores da Nasa incorporam uma tecnologia ao “mini laboratório". Nele, uma amostra é colocada em um tubo com água líquida, que é aquecida acima de 100 graus Celsius para que, em seguida, saia com as moléculas orgânicas.
Após esse processo, a amostra é misturada com um corante fluorescente dentro do equipamento, que se liga com aminoácidos e ácidos graxos. Depois, ela flui para um circuito integrado no interior do dispositivo, onde essas substâncias podem ser separadas umas das outras. Nessa parte do procedimento, devido ao corante, um laser detecta se há vida na amostra.
Testes
Antes de enviar o aparelho para outros planetas, a Nasa está realizando testes com ele na Terra. No ano passado, os cientistas da agência espacial colocaram o dispositivo em um veículo para fazer testes no campo “JPL Marte”.
"Esta foi a primeira vez que mostramos que o instrumento funciona fora do ambiente de laboratório”, disse Fernanda Mora, tecnologista da Nasa, no comunicado. O próximo teste do laptop será no deserto do Atacama, no Chile.
Além de procurar por vida em outros mundos, o equipamento também tem funções que podem ajudar os habitantes da Terra. De acordo com a agência espacial, ele pode ser usado para monitoramento ambiental e para analisar se medicamentos são legítimos ou falsificados.
Exame.com
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