A empresa de zoológicos aquáticos SeaWorld anunciou na segunda-feira que deixará de fazer os espetáculos com orcas em seu parque de San Diego, Califórnia (EUA). Esses espetáculos circenses são a principal atração comercial do SeaWorld, mas nos últimos dois anos se transformaram em uma mancha que preocupava os investidores. O documentário Blackfish – Fúria Animal, lançado em 2013, provocou uma onda de críticas ao SeaWorld pelo tratamento dado às orcas, que teve consequências na cotação da empresa na bolsa.
Blackfish, coproduzido pela rede de comunicação CNN, conta a história de uma orca que matou sua treinadora em 2010 no parque SeaWorld de Orlando, Flórida. O documentário investiga a história do animal e descobre que esteve envolvido em mais duas mortes. Também revela as trágicas condições de cativeiro da orca ao longo de sua vida. Inclui testemunhos de ex- funcionários do SeaWorld e conclui que este tipo de baleia sofre graves danos psicológicos em cativeiro. A empresa, que sempre contestou as acusações de maus tratos aos animais, afirma que o documentário é sensacionalista e destaca a vocação pedagógica de seus parques e seus investimentos milionários em programas de conservação.
onda de críticas contra o cativeiro das orcas, entretanto, não parou que crescer nos últimos dois anos. Em 2014, a equipe do filme Jackass modificou um cartaz do SeaWorld em uma estrada de San Diego ao que acrescentou a expressão “é muito ruim”. A mensagem #Seaworldsucks invadiu as redes. Em dezembro de 2014, o presidente executivo da empresa foi demitido depois de um ano terrível em que as ações desvalorizaram mais de 50% na bolsa. Em setembro desse ano, foi apresentada uma demanda coletiva contra a empresa por não ter informado, ao ir para a bolsa, que maltratava os animais. O enorme dano à imagem do SeaWorld é considerado a principal razão da redução de visitantes e receita no último ano.
A decisão de suspender os espetáculos circenses com orcas foi comunicada pelo presidente executivo, Joel Manby, em um encontro com investidores. O parque promete uma “experiência orca” diferente para 2017. O SeaWorld tem 11 parques aquáticos nos Estados Unidos que receberam 23 milhões de visitantes em 2013. A empresa tem quatro orcas no zoológico Loro Parque, em Tenerife, Espanha. Na conferência não ficou claro se esses espetáculos cessarão também em outros parques ou só em San Diego.
Nós começamos por escutar nossos visitantes e nossos espetáculos evoluem de acordo com o que ouvimos, e até agora foi isso que ouvimos na Califórnia, querem experiências que sejam mais naturais”, disse Manby, citado pelo jornal local San Diego Union Tribune.
Em outubro passado, o SeaWorld pediu permissão à Comissão Costeira da Califórnia para realizar um investimento de 100 milhões de dólares (380 milhões de reais) a fim de ampliar as piscinas onde guarda suas orcas. A Comissão pôs como condição que a empresa deixe de criar orcas em cativeiro. O SeaWorld considerou que as condições ultrapassam as competências do estado e prometeu combater a decisão nos tribunais. A sessão pública da Comissão Costeira recebeu tanta gente que teve de mudar de auditório para acomodar 650 pessoas, o que dá ideia da enorme atenção com que se escrutina qualquer passo da empresa desde o efeito Blackfish.
El PAÍS
Nenhum comentário:
Postar um comentário