quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Chuva de lixo espacial é algo mais frequente do que se pensa

 
Mais de 600 mil objetos de menos de dez centímetros e cerca de 20 mil de maior tamanho que orbitam no espaço são restos de satélites e foguetes e colocam em risco as missões espaciais e que a cada semana caem sobre a Terra, embora em 99,9% dos casos se desintegrem ao entrar na atmosfera.
Precisamente é raro o que ocorreu recentemente em Alicante e Múrcia (sudeste da Espanha), onde foram encontrados restos de ferro-velho espacial procedentes de algum satélite ou foguete.
O último deles apareceu há poucos dias em um campo agrícola de Elda (Alicante). Era uma peça metálica de quatro metros de comprimento parcialmente calcinada.
O objeto, estudado por especialistas em navegação aérea, tinha as bordas metálicas deterioradas pelo impacto contra o solo e foi achado perto de Mula e Calasparra, em Múrcia, onde nos últimos dez dias também foram encontrados mais restos de sucata espacial.
Mas até que ponto é normal esta chuva de lixo espacial? E, principalmente, ela é perigosa?
Em declarações à Agência Efe, o diretor-geral da Elecnor Deimos, Miguel Belló, explicou que atualmente há cerca de 17 mil objetos de mais de dez centímetros orbitando a Terra.
Antes ou depois, todos eles atravessarão a atmosfera terrestre porque "o que entra em órbita baixa, é freado pela atmosfera até que cai. De fato, todas as semanas caem objetos, mas quase todos se desintegram, salvo os que são feitos com material refratário, nuclear ou os grandes acoplamentos".
O acompanhamento que é feito de todos estes objetos é intenso. "Sabemos mais ou menos onde e quando vão cair, mas nunca é alertado por ninguém porque em 99,9% dos casos eles se desintegram. De fato, o que ocorreu em Múrcia é raro. O normal é que as peças de lixo se desintegrem ao entrar em contato com a atmosfera", declarou o responsável desta empresa.
Elecnor Deimos faz parte do Space Survillance Tracking (SST), um programa desenvolvido para localizar e supervisionar a trajetória dos resíduos espaciais e alertar os operadores de satélites e as administrações públicas dos riscos de uma possível colisão, assim como das chamadas 'reentradas não controladas'.
Sistemas como este fazem possível que nunca tenha ocorrido nenhum acidente ou ferido desde que há satélites em órbita.
De fato, "há mais probabilidades de que você ser atingido por um raio do que sofrer um acidente causado por lixo espacial", garantiu Belló.
Os que, ao contrário, correm riscos são os astronautas e as missões porque "a 25 mil km/h, uma partícula de pintura pode matar porque perfura o traje", embora o maior perigo ocorra nos satélites.
"Nós temos dois operando: o Deimos I e Deimos II, temos que manobrá-los a cada certo tempo para evitar que se choquem com lixo espacial" e sejam perdidas as missões espaciais por esta causa".
No entanto, insistiu Belló, "o risco de colisão com a Terra é muito baixo. Só há dois antecedentes na história que puderam criar problemas, a queda nos anos 1970 de parte de um foguete Cosmos, carregado com energia nuclear, e outro nos Andes, embora em ambos casos tenham caído em áreas despovoadas", lembrou.
De fato, "temos a nosso favor que 3/4 da Terra é água e que só 1% dos continentes está povoado, o que significa que há uma grande probabilidade de não ocorrer nada", garantiu Belló.

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