Navios de cruzeiro como o Costa Concordia, que transportava 4,2 mil pessoas e naufragou na costa italiana na sexta-feira, estão se tornando cada vez maiores e mais populares. E isso, segundo especialistas franceses, dificulta as operações de resgate em caso de acidente.
Retirar milhares de passageiros e tripulantes de um navio exige uma logística com centenas de helicópteros – uma ajuda que nenhum país hoje tem condições de disponibilizar em um curto prazo de tempo
"É uma loucura ter navios desse tamanho. Imagine um acidente como o do Costa Concordia em uma ilha distante, onde não há nada nas proximidades. É impossível salvar milhares de pessoas", disse Jacques Loiseau, presidente da Associação Francesa de Capitães de Navios.
"Desde 2006, a Organização Marítima Mundial nos pede para estudar a questão do gigantismo dos navios, sejam cargueiros ou de transporte de passageiros. Hoje, salvar uma grande embarcação representa um desafio real", diz o capitão Marc Gander, da Marinha francesa.
TransatlânticosO Instituto Francês do Mar, uma associação que reúne profissionais do setor marítimo, já alertava, desde 2009, para os problemas decorrentes do aumento crescente do tamanho dos navios de cruzeiro e dos cargueiros.
"No caso dos transatlânticos com milhares de passageiros, é impossível determinar e instaurar previamente os meios necessários para o resgate, ainda mais se as condições meteorológicas forem desfavoráveis", diz o estudo divulgado na época.
"Existe uma dificuldade operacional para retirar rapidamente as pessoas e levá-las à terra firme", disse Eudes Riblier, presidente do instituto.
Ele ressalta que os problemas aumentam se o acidente ocorrer em alto mar, diferentemente do que ocorreu com o Costa Concordia.
Há navios de cruzeiro ainda maiores do que o Costa Concordia. O 'Oasis of the Seas', da companhia Royal Caribbean, pode transportar cerca de 8,5 mil pessoas (quase 6,3 mil passageiros e uma tripulação de 2,2 mil pessoas).
Esse navio possui 16 andares e 360 metros de comprimento. Ele é mais longo do que a Torre Eiffel, que possui 324 metros de altura.
Riblier, do Instituto Francês do Mar, ressalta, no entanto, que os grandes navios têm menor risco de acidentes e podem, em razão de seu tamanho, resistir melhor a colisões contra rochedos.
"A catástrofe do Costa Concordia não está ligada ao gigantismo do navio e ocorreu devido à imprudência do capitão. Um navio de menor porte teria afundado muito mais rápido mesmo com um rombo de apenas 70 centímetros no casco e não teria sido possível efetuar o resgate”, afirma.
Mas mesmo se nesse caso o tamanho do navio representou "uma vantagem", diz Riblier, ele afirma que o acidente do Costa Concordia irá relançar discussões sobre o gigantismo dos navios de cruzeiro.
"A questão é saber se devemos melhorar a segurança desses navios ou proibi-los."BBC.com
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