Quando se fala em tecnologia de prevenção de desastres, o Brasil está atrasado em relação aos países desenvolvidos, que contam com sistemas eficientes para prever furacões ou conter os danos de grandes terremotos. Por aqui, eventos extremos como esses são raros, mas as fortes chuvas de determinadas épocas do ano continuam provocando tragédias. A maior da história do país ocorreu na região serrana do Rio, em janeiro passado, quando mais de 900 pessoas morreram. O desastre fez com que o governo prometesse agir para tentar acabar com o caos. Hoje, um ano depois, o trabalho começou, mas ainda está longe de terminar.
A partir de 2011, o Brasil começou a investir em um sistema de prevenção e alertas à população, o que não existia até então. Em meados de janeiro de 2011, o governo federal anunciou a criação do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), para começar a funcionar já no período de chuvas de 2012. A estrutura do centro foi criada em junho, e em dezembro o centro entrou em operação 24 horas por dia.
O pequeno número de municípios sob observação por enquanto é explicado pela falta de recursos aplicados no início do projeto. Segundo Nobre, foi preciso fazer uma escolha. "Em vez de esperar comprar todo o equipamento, nós resolvemos iniciar as atividades com o material existente e, a partir daí, melhorar. Se já temos informações sobre algumas áreas de risco, começamos por elas", diz.
O trabalho do Cemaden é usar tecnologia para emitir alertas dos locais onde podem ocorrer problemas. Pluviômetros, imagens de satélites, radares meteorológicos e outros equipamentos são utilzados para gerar informação sobre áreas de risco de enchentes ou deslizamentos. Segundo Nobre, as cidades que mais sofreram com as chuvas nesse começo de 2012, como as da grande Belo Horizonte e da região serrana do Rio, já estão recebendo alertas para atuar na prevenção de tragédias fatais.
O maior desastre natural da história do Brasil serviu para mobilizar setores do poder público, que passaram a pensar em prevenção de desastres naturais. Ainda assim, as mortes em Minas Gerais e no Rio de Janeiro nas primeiras semanas de 2012 mostraram quão longe o país ainda está de chegar ao nível dos países desenvolvidos. A ocupação irregular do solo, a falta de fiscalização por parte dos governos municipais, a preparação precária ou inexistente da população para eventos extremos e a fragilidade da defesa civil são fatores que ainda precisam de investimentos e ações duradouras. Só assim o Brasil será capaz de reduzir as tragédias que se repetem ano após ano.
Época.com
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