terça-feira, 11 de junho de 2013

Qual a relação entre mudanças climáticas e tornados?

Um poderoso tornado de três quilômetros devastou o subúrbio de Moore, na cidade de Oklahoma, em 20 de maio. O fenômeno apresentava ventos de mais de 300km/h enquanto destruía casas e escolas, deixando um rastro de destruição em grande escala e matando dezenas de pessoas, incluindo muitas crianças.
Oklahoma é marco zero de tornados por razões geográficas. O estado fica localizado precisamente onde o ar quente do Golfo do México colide com o frio do oeste e do norte. Muitos cientistas se perguntam se o aumento recente das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre – e o calor extra que eles aprisionam – intensificou esse fenômeno climático em particular, e se vai continuar a potencializando outros tornados durante a temporada, prevista para durar até agosto.
O cientista climático Kevin Trenberth, do National Center for Atmospheric Research em Boulder, no Colorado, diz o que pensa sobre o papel do aquecimento global na indução de tornados mais fortes ou mais intensos. Em um artigo de 2007 para Scientific American, Trenberth previu que a mudança climática levaria a furacões mais intensos no Oceano Atlântico.
Tornados são basicamente um fenômeno climático. Eles surgem a partir de certas tempestades, normalmente tempestades supercelulares, que estão em um ambiente de cisalhamento de vento que promove rotação. Esse ambiente é mais comum na primavera, em todos os Estados Unidos, quando a rota da tempestade fica na distância certa do Golfo do México e de outras fontes de umidade.
A principal conexão com a mudança climática é através da instabilidade básica do ar baixo que cria a convecção e as tempestades. Condições mais quentes e mais úmidas são fundamentais para o ar instável. Os oceanos estão mais quentes devido à mudança climática.
O efeito da mudança climática provavelmente contribui entre 5% e 10% em termos de instabilidade e subsequente precipitação, mas ele se traduz em até 33% na potencialização de danos. (Algo altamente não-linear, para 10% é 1,1 ao cubo =1,33). Há uma cadeia de eventos. As mudanças climáticas afetam principalmente seu primeiro elo: a flutuabilidade básica do ar é aumentada. Se isso se traduz em uma tempestade supercelular ou em um tornado, depende muito do clima.
Existe um grande nível de variabilidade natural. Quando a variabilidade natural toma a mesma direção dos efeitos das mudanças climáticas, repentinamente quebramos recordes. Nós cruzamos limiares e registramos novos extremos. Um pequeno efeito pode se traduzir em um grande impacto nessas condições. É a gota d’água que faz o copo transbordar.
Como o aquecimento afeta a flutuabilidade do ar? É a combinação de temperatura e umidade. A estrutura de temperatura vertical da atmosfera é um ingrediente crítico: adicionar mais calor e umidade adiciona flutuabilidade nos níveis mais baixos. A parte da umidade aparece principalmente quando o ar começa a se condensar, emitindo calor latente no processo. Esse calor, que vem do calor original usado para evaporar a umidade, se soma à flutuabilidade.
Por que os Estados Unidos tiveram uma ausência de tornados recentemente?A mudança climática não altera (muito) o clima ou padrões climáticos. No ano passado tivemos condições anticiclônicas e uma redução no ar flutuante, e a corrente de jato foi empurrada para o norte. Quase não ocorrem tempestades nessas circunstâncias. A variabilidade anual é grande, e o fenômeno El Niño tem grande importância nesse cenário. Neste ano o El Niño e a La Niña não estão em jogo, permitindo que o clima seja mais normal e variável. O padrão não está fixo como estava nos últimos dois anos (de maneiras muito diferentes).
Sem dúvida o maior problema envolve pessoas se colocando no caminho do desastre, construindo principalmente em áreas costeiras e planícies de inundação.
O que podemos esperar no futuro uma vez que níveis cada vez mais elevados de gases de efeito estufa na atmosfera provavelmente aprisionarão ainda mais calor?O calor tem que ir para algum lugar. Esperamos mais extremos, particularmente no ciclo da água. Secas mais fortes, maiores ondas de calor, e um risco muito maior de incêndios, além de tempestades mais fortes e chuvas mais pesadas, onde a chuva já ocorre. Administrar a água será um grande desafio.
Scientific American




 

Nenhum comentário:

Postar um comentário