No dia 15 de fevereiro deste ano, um grande meteorito se desintegrou no céu sobre os Montes Urais, na Rússia. A onda de choque feriu cerca de mil pessoas e causou 30 milhões de dólares de prejuízo. Uma nova pesquisa aceita para publicação na revista Geophysical Research Letters descreve o impacto com o maior grau de detalhes até agora. Segundo os dados coletados pelos pesquisadores, a onda de choque provocada pelo meteorito viajou o equivalente a duas voltas no planeta e a quantidade de energia liberada foi a maior medida desde o meteorito que caiu em Tunguska, também na Rússia, em 1908.
A onda de choque foi registrada por equipamentos da Organização do Tratado de Proibição Completa de Ensaios Nucleares, espalhados pelo mundo para detectar testes clandestinos de bombas nucleares. Os equipamentos registram a passagem de ondas de choque por meio da detecção de infrassons, sons de baixa frequência — com menos de 10 hertz — que não podem ser ouvidos pelos seres humanos.
Segundo o estudo, as ondas infrassônicas provocadas pelo meteorito foram gravadas em 20 estações de monitoramento da organização e foram as mais fortes já registradas pelo sistema. O impacto teria causado ondas de choque que percorreram até 85.000 quilômetros, o suficiente para dar duas voltas na Terra.
Os pesquisadores estimam que a explosão liberou uma energia equivalente a 460 quilotons — cerca de 20 vezes mais que a bomba nuclear jogada pelos americanos em Nagasaki, no Japão, na Guerra Mundial II. Por sorte, a explosão aconteceu muito acima da Terra, a uma altitude de 30 a 50 quilômetros. Segundo a pesquisa, essa é o segundo maior impacto de meteorito já registrado, só perdendo para o que caiu em Tunguska, que foi dez vezes mais potente e destruiu 8 milhões de árvores em uma área de 1.200 quilômetros quadrados de floresta.
Qual era o tamanho do meteorito?
Estima-se que o meteorito possuía 15 metros de diâmetro ao entrar na atmosfera da Terra (um terço do tamanho do asteroide DA14 que passou pela Terra nesta sexta-feira) e pesava cerca de 7.000 toneladas. Ele estaria se movendo a 18 quilômetros por segundo, o que equivale a 65.000 quilômetros por hora.
Qual foi a potência da explosão?
A explosão teria atingido uma força de 300 a 600 quilotons. A bomba nuclear que atingiu a cidade japonesa de Hiroshima, por exemplo, tinha potência de aproximadamente 16 quilotons.
Por que as agências espaciais conseguiram prever a chegada do asteroide 2012 DA14, mas não do meteorito russo?
O asteroide 2012 DA14, com 45 metros de diâmetro, é um dos menores objetos cósmicos que podem ser detectados por especialistas. Apesar de não ser impossível detectar um objeto de apenas 15 metros de diâmetro, é algo muito raro, especialmente se o ângulo em que ele se aproxima da Terra não for o ideal – por exemplo, quando ele está contra o Sol. Em 2008, um objeto de cerca de 2 metros de diâmetro foi observado horas antes de atingir a Terra.
Por que o meteoro provocou uma luminosidade tão intensa?
O meteoro deixa atrás de si um rastro de ar ionizado, que provoca a luminosidade. De acordo com a NASA, o meteoro em questão foi mais brilhante do que o Sol. De forma geral, ele não causa danos às pessoas devido à mesma defesa natural que nos impede de olhar diretamente para o Sol.
Por que tantas pessoas ficaram feridas?
As pessoas foram feridas principalmente pelos estilhaços de vidro e outros detritos causados pela onda de choque da desintegração desse meteorito. Objetos celestes se deslocam pelo espaço a uma velocidade muito elevada e, ao encontrar a atmosfera terrestre, que é mais densa do que o espaço, ele é freado e a energia que produz se transforma em calor, o que faz com que ele queime. Quando a superfície do meteoro começa a se aquecer, o ar ao redor dele esquenta também. Por ser aquecido rapidamente, o ar expande de forma muito rápida, criando a chamada onda de choque, que é capaz de quebrar os vidros ao colidir com eles, devido à pressão que exerce.
Qual a probabilidade de um objeto do tamanho deste meteorito atingir a terra novamente?
Especialistas estimam que a queda de um meteorito ocorre anualmente, mas normalmente esse fenômeno passa despercebido porque costuma ocorrer no deserto ou outras áreas não povoadas. Para objetos de 15 metros, a estimativa é que eles atinjam a Terra em intervalos de 50 anos.
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