A figura é insuspeita: o professor emérito de psicologia social - Daryl J. Bem - da prestigiosa Universidade Cornell, em Nova York. Também já lecionou em Harward e Stanford, entre outras instituições de elite dos EUA.
No momento, os holofotes estão sobre sua cabeça por conta de um artigo no qual afirma ter demonstrado a existência da Percepção Extrassensorial (PES), isto é, da capacidade de pressentir o futuro. Ele relata nove experimentos nos quais colocou um total de 1.100 universitários a realizar tarefas para advinhar o futuro.
Em oito dessas situações, sustenta o psicólogo, os alunos se saíram um pouco melhor que o autorizado pelo acaso.
Para completar o "paper" foi aceito a publicação pelo "Journal of Personality and Social Psychology", um dos mais influentes periódicos dos EUA nessa área.
Como não poderia deixar de ser, a notícia está causando polêmica. O "The New York Times" dedicou uma página especial com nove artigos de opinião sobre a suposta descoberta. As blogosferas céticas e parapsicológica também se agitaram.
Entre os cientistas ortodoxos, as opiniões também se dividem entre dois extremos: os que acham graça e os que estão furibundos.
Alguns fazem críticas severas ao professor e, em especial, ao periódico que decidiu publicar seu artigo.
Para eles, a existência de PES é uma teoria extraordinária e, como tal, só poderia ser publicada num "journal" se fosse sustentada por evidências extraordinárias - o que não seria o caso mesmo se as conclusões fossem aceitas pacificamente.
O professor de Ciência Cognitiva da Universidade de Indiana - Douglas Hofstadter -, coloca o problema de forma veemente na página de debates do "New York Times" - "Se algo disso (PES) fosse verdade, então todas as bases da ciência contemporânea ruiriam, e nós teríamos de repensar a natureza do Universo. Por essa razão, publicar um artigo como esse é um ato muito grave", diz.
No que diz respeito à natureza do universo, ele tem razão. Se a PES é uma realidade, então o futuro afeta o presente (retrocausalidade), o que torna urgente modificar os livros de física, segundo os quais o tempo é linear.
O professor Bem, é claro que discorda e, a exemplo de homeopatas e novos gurus, recorre à mecânica quântica para explicar seus achados.
Com certeza a polêmica vai longe...
Fonte: Folha.com
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