Há oito anos, a missão espacial Cassini-Huygens chegou à órbita de Saturno e começou a desvendar os mistérios do segundo maior planeta do sistema solar e de suas luas. Um dos grandes interesses dos cientistas era entender se havia líquidos em Titã, uma das luas de Saturno e o único lugar no sistema solar com uma meteorologia ativa relativamente semelhante à da Terra – ali existe um ciclo de metano semelhante ao da água na Terra.
A conclusão foi que sim, havia metano líquido em pequenas quantidades próximo aos polos norte e sul do satélite. Agora, um estudo publicado nesta quarta-feira (13) no periódico científico Nature mostrou que provavelmente há metano líquido também perto dos trópicos.
“De imediato se notou que não há grandes regiões de líquidos (não há oceanos ou grandes mares). Só se encontrou lagos, na maioria próximos do pólo norte, mas também perto do pólo sul. Mas ninguém havia encontrado lagos em baixas latitudes (próximo do equador). Isso significa que se houvesse lagos em baixas latitudes, eles seriam pequenos, difíceis de identificar.”, explicou Paulo Penteado, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), um dos autores do estudo.
Penteado completa: “Neste trabalho, estávamos especificamente procurando por sinais de superfícies líquidas entre os espectros obtidos por um instrumento da Cassini (chamado VIMS). Como havia muitas observações a analisar, só pudemos procurar sistematicamente por lagos usando um banco de dados de observações que desenvolvemos. Isto nos permitiu procurar por observações através das características dos espectros de forma mais detalhada e complexa do que o permitido anteriormente. Encontramos uma pequena região escura, próxima do equador, que, segundo a nossa análise, parece ser um pequeno lago. E algumas outras, menos escuras, que poderiam ser lagos mais rasos, com apenas alguns centímetros de profundidade”.
Penteado completa: “Neste trabalho, estávamos especificamente procurando por sinais de superfícies líquidas entre os espectros obtidos por um instrumento da Cassini (chamado VIMS). Como havia muitas observações a analisar, só pudemos procurar sistematicamente por lagos usando um banco de dados de observações que desenvolvemos. Isto nos permitiu procurar por observações através das características dos espectros de forma mais detalhada e complexa do que o permitido anteriormente. Encontramos uma pequena região escura, próxima do equador, que, segundo a nossa análise, parece ser um pequeno lago. E algumas outras, menos escuras, que poderiam ser lagos mais rasos, com apenas alguns centímetros de profundidade”.
Os estudos, no entanto, continuam. Titã ainda é pouco conhecida pelos cientistas pois seu ciclo de estações dura 30 anos terrestres – e a Cassini está há apenas oito anos observando a lua. “Estamos ainda descobrindo como é a meteorologia de Titã, como ela varia ao longo das estações do ano e ao longo de toda a superfície de Titã. Estamos ainda determinando se há desertos, lagos, ou mesmo vulcanismo. Encontrar lagos próximo ao equador pode indicar que estes são alimentados por fontes subterrâneas, impedindo que evaporem, uma vez que chuvas parecem ser raras nesta região”, afirmou Penteado.
Entre os próximos passos da pesquisa está continuar a busca por líquidos em regiões que haja indicativos que eles possam existir. “Outro passo é tentar observar estes possíveis lagos com o RADAR da Cassini, que permitiria determinar melhor as suas características. E outro ainda é tomar novas observações, com melhor resolução e menos ruído, para melhorar a precisão da nossa análise”, completou Penteado.
IG Ciência
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