sexta-feira, 27 de maio de 2011

Cordilheira do Himalaia fica cada ano 4 milímetros mais alta

A neve no topo do Himalaia parece eterna e adormecida, mas não está. Ela cresce a um ritmo anual de 4 milímetros devido à pressão das placas tectônicas, o que aumenta no Nepal o temor de um terremoto.
O fenômeno escapa ao olho humano, mas data de milhões de anos. A placa indiana desliza com lentidão sob a placa eurasiática, e essa pressão levanta pouco a pouco as montanhas mais altas do planeta.
O subcontinente indiano está situado sobre a placa tectônica indo-asiática, que empurra a europeia a cada ano em direção ao norte.
Há centenas de milhões de anos, o subcontinente indiano estava situado, segundo o geólogo Sudhir Rajouria, do Departamento de Minas e Geologia do Governo do Nepal, onde está a ilha africana de Madagáscar, e desde este local iniciou sua viagem para o nordeste pelo movimento da litosfera terrestre.
Há 50 ou 55 milhões de anos, o subcontinente bateu na placa eurasiática, na qual está o Tibete. O impacto entre as duas gigantescas massas terrestres deve ter sido intenso, afinal criou a cordilheira mais alta da terra: o Himalaia, uma fileira de 2.200 km de montanhas onde estão o Everest e grande parte dos picos mais procurados pelos alpinistas.
A ação das placas pode ser sentida. A cordilheira, cresce por ano 4 milímetros para o alto, porque a placa indiana segue deslizando entre 2 e 2,5 cm anuais sob a eurasiática.
Na superfície, a queda-de-braço entre as duas placas tem consequências potencialmente aterrorizantes no Nepal, onde os especialistas preveem um "grande terremoto" e a população reage com medo a qualquer notícia de sismos em outros lugares.
Do turismo associado ao Himalaia, o Nepal obtém uma de suas principais fontes de receita, mas, ao mesmo tempo, sua situação geográfica na confluência das duas placas faz com que seja inevitável sofrer algum grande terremoto ocasionalmente.
Na última década aconteceram dois grandes terremotos associados ao movimento da placa indo-asiática: um na região indiana de Gujarat em 2001 e outro que vitimou 75 mil pessoas no território da Caxemira, repartido entre a Índia e Paquistão.
O último grande tremor no Nepal ocorreu em 1934, com 20 mil vítimas no leste do país, mas o oeste não sofreu sismos significativos nos últimos 500 anos, ressalta o diretor da NSET (Sociedade Nacional de Tecnologia de Terremotos).
Diferentes estudos identificaram no Nepal um total de 95 falhas ativas que poderiam funcionar como possíveis epicentros de terremotos e ter consequências catastróficas.
De acordo com o geólogo, o Nepal, um dos países mais pobres do mundo, precisa de uma resposta integrada para os sismos, e não tem ferramentas eficazes nem para previnir a catástrofe nem para enfrentar suas possíveis consequências.
Apesar do medo de terremotos, o Nepal também reconhece que a magia da atividade tectônica está relacionada à sua própria existência.
Na verdade, o terremoto do Japão expôs vários problemas globais que demonstram o quanto a humanidade continua vulnerável e impotente frente a "catástrofe anunciada..." apesar de todos os avanços tecnológicos...
Fonte: Folha.com

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