Pesquisadores brasileiros e britânicos identificaram uma tribo amazônica, que, segundo eles, não tem noção do conceito abstrato de tempo.
Chamada de Amondawa, a tribo não tem as estruturas linguísticas que relacionam tempo e espaço - como, por exemplo, na tradicional de ideia de "no ano que vem".
O estudo feito na tribo, chamado "Língua e Cognição", mostra que, ainda que a tribo entenda que os eventos ocorrem ao longo do tempo, este não existe como um conceito separado.
A ideia é polêmica, e futuras pesquisas tentarão identificar se isso se repete em outras línguas faladas na Amazônia.
O primeiro contato dos Amondawa com o mundo externo ocorreu em 1986, e, agora, pesquisadores da Universidade Federal de Roraima começaram a analisar a ideia de tempo da forma como ela aparece no idioma falado pela tribo.
"O povo Amondawa, como qualquer outro, pode falar sobre eventos e sequências de eventos. O que não encontramos foi a noção de tempo como sendo independente dos eventos que estão ocorrendo. Eles não percebem o tempo como algo em que os eventos ocorrem", disse o professor de psicologia da língua na Universidade Portsmouth, tanto que a tribo não tem nenhuma palavra equivalente a "tempo", nem mesmo para descrever "mês" ou "ano".
As pessoas da tribo não se referem a suas idades - em vez disso, assumem diferentes nomes em diferentes estágios da vida, à medida que assumem novos status dentro de sua comunidade.
Mas talvez o mais surpreendente seja a sugestão dos pesquisadores de que não há interconexão entre os conceitos de passagem do tempo e movimento pelo espaço. Ideias como um evento que "passou" ou que "está muito à frente" de outro são comuns em muitas línguas, mas tais construções linguísticas não existem entre os Amondawa.
Acima: Divisão do dia e da noite em Amondawa
Fonte: Estadão.com
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