Começou nesta segunda-feira em Paris a COP21, conferência que reúne representantes de mais de 190 países na capital francesa até o dia 11 de dezembro para discutir metas e tentar fechar um acordo para controlar a emissão de gases causadores da mudança climáticas. Abaixo, uma sessão de perguntas e respostas sobre a conferência.
Para que serve a conferência?
Os governos do mundo já se comprometeram a reduzir atividades como a queima de combustíveis fósseis que libera gases que interferem no clima. Mas isso não resolve o problema.
A dificuldade surge quando se tenta conseguir um denominador comum que agrade a todos os 195 países sobre a melhor forma de ação para combater o aquecimento global. Desde 1992, a cada ano negociadores se reuniram para tentar fechar um plano.
A COP21 em Paris é vista como a oportunidade derradeira para fechar esse acordo. Os negociadores concordaram em 2001 que o acordo tinha que ser fechado até o final de 2015.
Muitos críticos e céticos quanto a importância de uma ação global para lidar com o clima alegam que a questão toda não deve ser tão urgente se são precisos 20 anos para se chegar a um acordo.
Mas especialistas e diplomatas explicam que o acordo está levando tanto tempo por que as decisões são tomadas por consenso, o que significa que o acordo só é fechado se todos concordam com tudo. As partes acreditam que, apesar desta enorme limitação, essa é a melhor forma de garantir um acordo justo.
De onde veio o nome?
COP 21 é a forma abreviada de 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
O título foi criado na conferência do Rio de Janeiro, a Rio 92, na qual os países se reuniram sob a supervisão da ONU para discutir providências contra a mudança climática.
Eles assinaram uma convenção que entrou em vigor em 1994 e agora foi ratificada por 195 países, incluindo os Estados Unidos.
O objetivo principal é "estabelecer que os gases causadores do efeito estufa na atmosfera permaneçam em níveis que evitem interferências antropogênicas (causadas pela ação do homem) no sistema climático".
Quem participa?
Cerca de 40 mil pessoas de todo o mundo vão participar das duas semanas de negociações.
Há muitos representantes de governos, a maioria funcionários públicos. Os grupos variam de tamanho, desde equipes com apenas duas pessoas até aqueles que vieram em grupos com centenas de representantes, como é o caso de nações mais ricas.
Há muitos lobistas e representantes de empresas, indústrias e do setor agrícola. E representantes de grupos de defesa do meio ambiente.
Vários líderes políticos passarão pela COP21 por apenas um dia para estimular seus negociadores na direção de um compromisso eficaz.
Os ministros do Meio Ambiente deste países terão participação mais ativa, muitos comparecerão no fim das reuniões para tentar fechar um acordo final.
O que eles esperam conseguir?
Pense em tudo o que cerca as pessoas: o telefone ou notebook no qual você está vendo este artigo, a comida que você consome, as roupas que usa. Quase tudo o que você vê, toca, sente ou come foi cultivado, construído, obteve algum tipo de energia ou foi transportado pela energia que vem de combustíveis fósseis.
Eles foram ótimos para o mundo: permitiram a industrialização, tiraram centenas de milhões da pobreza. Mas o dióxido de carbono liberado quando usamos estes materiais é responsável pelo efeito estufa, prendendo o calor na superfície do planeta.
Quando temperatura da Terra aumenta para cerca de dois graus acima do registrado antes da era industrial, o impacto será perigoso e imprevisível em nosso sistema climático. E já estamos a meio caminho desta marca perigosa.
Então, o objetivo da conferência de Paris é descobrir uma forma de limitar emissões de gases de efeito estufa levando em conta o crescimento econômico e permitindo algum tipo de compensação ou ajuda para os países menos desenvolvidos e aqueles mais afetados pelo aumento das temperaturas.
E isto é simples?
Provavelmente é o ideal de cooperação internacional mais ambicioso já proposto.
Quais são os principais problemas para se chegar a um acordo?
O objetivo final é um mundo no qual as temperaturas não subam muito mais do que dois graus acima do nível registrado no período entre 1850-1899.
Mas ainda há grandes divisões entre os países sobre como eles vão conseguir isto. Países em desenvolvimento dizem que querem o direito de usar combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás para ajudar suas populações a saírem da pobreza.
O argumento é que os países ricos usaram estes combustíveis sem restrições por 200 anos e agora é a vez dos outros países.
O acordo de Paris precisa encontrar uma forma de equilibrar a necessidade de cortar estes gases com o direito dos outros países de usar os combustíveis fósseis.
E também há a questão de quem paga pela transição ao uso de energias renováveis - como energia solar e eólica - nos países que não podem pagar por elas. E quem vai pagar para ajudar países pobres a se adaptarem à elevação dos níveis dos oceanos e às ondas de calor e períodos de seca cada vez mais intensos.
Outra questão: os países que sofrerão no futuro o impacto do aumento da temperatura poderão processar os países mais ricos pela emissão de gases no passado que podem ter causado o problema?
Uma das grandes questões implícitas é a de justiça. Os países mais ricos dizem que o mundo mudou desde a conferência no Rio, em 1992. Naquela época, o mundo estava dividido entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento. Mas a divisão já não é mais tão nítida e os países mais ricos querem um número maior de economias emergentes arcando com os custos crescentes da mudança climática no futuro.
Vai fazer alguma diferença?
Na década de 1980 os cientistas descobriram um buraco na camada de ozônio e um acordo internacional com todos os países do mundo, chamado Protocolo de Montreal, estabeleceu uma forma de lidar com o problema. Rapidamente o mundo parou de usar os gases que destruíam a camada de ozônio e hoje esta camada está se recuperando.
Para enfrentar a mudança climática são necessários métodos parecidos, porém em uma escala maior.
Um acordo ambicioso em Paris limitará o uso de gases de efeito estufa e colocará o mundo na rota da redução do impacto da mudança climática. Mas a realidade da política e da negociação significa que provavelmente vamos conseguir apenas um compromisso que só alcance partes dos objetivos.
A crença é de que, com o passar do tempo, os negociadores fortaleçam o acordo.
Não é uma esperança vã. É possível que a COP21 fracasse ou termine com um acordo fraco, mas, seja como for, um legado de Paris será ter colocado a sustentabilidade no centro de tudo que tentarmos fazer no futuro.
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