quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Satélite europeu decola abrindo caminho para futura detecção de ondas gravitacionais

Lançamento do satélite LISA Pathfinder
 
O satélite LISA Pathfinder foi lançado nesta quinta-feira (3), em uma missão pioneira da Agência Espacial Europeia (ESA) que irá testar um instrumento necessário para o desenvolvimento de um futuro detector de ondas gravitacionais. O foguete Vega decolou da base espacial de Kourou, na Guiana Francesa, levando a bordo o satélite, que segue agora em direção ao Sol, onde "estacionará" a 1,5 milhão de quilômetros da Terra.
"Recebemos com sucesso o primeiro sinal do LISA Pathfinder. Estamos extremamente contentes", afirmou o diretor de voo do centro de operações da ESA, Andreas Rudolph, após o lançamento.
A missão teve um dia de atraso por causa de um problema técnico - a ideia é que o satélite decolasse em 2 de dezembro, o aniversário de 100 anos da Teoria Geral da Relatividade, concebida por Albert Einstein.
Os próximos dez dias serão essenciais para a nave continuar se afastando de forma progressiva da Terra. Durante este período estão previstas diversas manobras críticas que envolverão 50 cientistas trabalhando por turnos dia e noite. Até 11 de dezembro, os módulos de propulsão do satélite serão ligados seis vezes, fazendo com que sua órbita elíptica se torne cada vez mais ampla.
No fim de janeiro, a nave deve chegar ao Ponto Lagrange 1, um local considerado ideal para os experimentos do LISA Pathfinder, pois é onde as forças de gravidade da Terra e do Sol se contrabalançam, anulando as interferências.
O diretor de Ciência e Exploração Robótica da ESA, Álvaro Giménez, destacou que então começará "o desafio para os cientistas", pois esta "nave muito especial está tentando algo que nunca antes foi testado".
Ondas gravitacionais - O satélite contém um único instrumento, que foi desenhado para manter isolados de todas as forças e influências externas dois blocos de quase 2 quilos feitos de uma liga de ouro e platina, chamados "testes de massa". Separados um do outro por uma distância de 38 centímetros, eles serão liberados para flutuar dentro do satélite enquanto um sistema de lasers, construído pela Universidade de Glasgow, na Escócia, irá medir todos os movimentos dos blocos com uma precisão de até 1 picômetro (a trilionésima parte de um metro, uma distância menor que o diâmetro de um átomo). Sem influência exterior, esses blocos devem se comportar em perfeita sincronia - é isso que o instrumento irá medir.
Esse será o primeiro passo de um projeto ainda maior. Se a tecnologia for demonstrada precisa e confiável, a ESA pretende iniciar até 2034 um programa que buscará captar diretamente as ondas gravitacionais.
Essas ondas, previstas em 1916 pela Teoria da Relatividade de Albert Einstein, são minúsculas distorções no campo gravitacional do Universo, que seriam produzidas por eventos muito violentos como a explosão de uma supernova, a fusão de dois buracos negros ou o Big Bang. Por isso, a detecção desse fenômeno traria chaves importantes sobre algumas das incógnitas fundamentais do cosmos, como a origem do Universo. Por serem tão sutis, essas ondulações necessitam de equipamentos extremamente precisos para serem detectadas, como o contido na missão LISA Pathfinder.
Até o momento a comunidade científica nunca conseguiu captar diretamente estas ondas.
Veja.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário