As emissões globais de dióxido de carbono (CO2) procedentes de combustíveis fósseis podem diminuir em 2015 devido ao enfraquecimento da economia na China e o aumento do uso de energias renováveis no gigante asiático, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista "Nature Climate Change".
Pesquisadores da universidade britânica de Ânglia Oriental estimam que as emissões podem cair 0,6% este ano, uma mudança de tendência em relação ao aumento próximo a 2,4% por ano que se registrou como média na última década.
"A China está fazendo enormes esforços para solucionar seu problema de poluição e seu uso de renováveis está crescendo muito rápido", declarou Corinne Le Quéré, coautora do estudo, para quem a "instabilidade econômica" e a queda do consumo de carvão no país asiático também exerceram um papel central nessa possível redução das emissões.
Le Quéré considerou que os prognósticos são encorajadores, apesar de alertar que pode tratar-se de uma "anomalia", ao invés do fim de uma tendência ao aumento das emissões que começou com a revolução industrial e só sofreu pausas em momentos como a queda da União Soviética e a crise econômica de 2008.
"O tempo dirá se esta surpreendente interrupção no aumento das emissões é transitório ou é o primeiro passo rumo à estabilização", ponderou Le Quéré.
Os resultados deste estudo são consistentes com outras análises divulgadas este ano pela Agência de Avaliação Ambiental da Holanda e pela Agência Internacional da Energia (AIE) que apontavam para uma desaceleração do crescimento das emissões em 2014.
O descenso projetado para este ano pelos pesquisadores da Ânglia Oriental se baseia nos dados disponíveis sobre consumo de energia na China e nos Estados Unidos, assim como nas previsões de crescimento econômico no resto do mundo.
Em novembro, a China modificou seus números oficiais para refletir que consumiu mais carvão do que tinha estimado até então, uma variação analisada pelo estudo britânico.
"Não temos a capacidade de comprovar os relatórios sobre energia dos países. Temos que confiar nele para saber que tipo de carvão utilizam", comentou Le Quéré.
A pesquisadora ressaltou que espera que a Cúpula do Clima realizada estes dias em Paris sirva para estabelecer mecanismos mais "rigorosos e verificáveis" para quantificar as emissões que podem afetar à mudança climática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário