Dentre as diversas discussões paralelas ao Acordo de Paris, uma merece destaque. A Adaptação baseada em Ecossistemas (AbE), que leva em consideração o equilíbrio dos ambientes naturais como ferramenta para minimizar os efeitos das alterações do clima. É interessante perceber como este tema vem ganhando espaço nas COPs, pois há poucos anos, ele não era nem mencionado.
No pavilhão da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), quatro painéis trataram do tema com exemplos de diferentes países como El Salvador, Costa Rica, Japão, Peru e África do Sul. A ministra de El Salvador, Lina Pohl, por exemplo, comentou que o país está criando uma base de dados com projetos de Abe de toda a América Central com foco na análise da efetividade das ações implementadas.
Ela afirmou também que nos últimos sete anos o Produto Interno Bruto (PIB) do país vem sendo reduzido em cerca de 4% ao ano, sendo que os eventos climáticos extremos – como chuvas torrenciais e secas intermináveis – foram elencados como os principais responsáveis.
No Brasil, o tema também tem ganhado relevância. Neste ano foi produzido pela Fundação Grupo Boticário o estudo ‘Adaptação Baseada em Ecossistemas: oportunidades para políticas públicas ‘Adaptação Baseada em Ecossistemas: oportunidades para políticas públicas em mudanças climáticas’, que contabilizou experiências de AbE em todo o mundo e foram identificados cerca de cem estudos de caso.
Um desses exemplos é o projeto de recuperação da mata ciliar do Rio Cachoeira no Município de Itabuna, litoral sul da Bahia. A recuperação dessa vegetação nativa é uma importante medida de controle frente a inundações, e tem papel fundamental no restabelecimento da provisão dos serviços ambientais (como produção de água, regulação do clima e fertilização do solo), reduzindo a erosão e o assoreamento. Por isso, ações de AbE são estratégicas e extremamente necessárias a este pequeno e vulnerável país (e tantos outros), pois eles aumentam a resiliência das comunidades mais sensíveis.
O painel de encerramento, composto por diversos representantes de países latino-americanos, indicou os principais desafios para que estratégias de Abe ganhem escala. Dentre vários, destacamos a necessidade de disseminação do conceito; a importância de se disseminar a ideia de que adaptação não é apenas um tema ambiental, mas relacionado a desenvolvimento e a obrigatoriedade de envolver as pessoas e comunidades vulneráveis desde o início.
Época.com
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